então espere por mim no céu 》hopekook

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   Jungkook achava que todas as pessoas destinadas a se apaixonar estavam também destinadas a ficarem juntas. Era um pensamento tão ingênuo, delicado por natureza, mas presente em suas convicções como o magma movendo o manto terrestre sob nossos pés a todo momento. Por essa razão, apesar de conseguir entender os porquês, é difícil aceitar que ele e Hoseok não conseguem dar certo.

   O que formam casais perfeitos? Atenção, confiança, amor, paciência? Certamente há algo de extra nessa equação, porque em matéria de clichês os dois conferem como ninguém. Não é o suficiente.

   — Hyung, sabia que existem toneladas de ouro no Universo? — Jungkook quer saber de repente, a voz macia como o véu da noite estrelada. Hoseok, que está deitado ao seu lado com os olhos fechados e sobrancelhas franzidas, solta um murmúrio em sinal de atenção — É muito difícil fazer ouro, precisa de muita energia para formar os núcleos com a quantidade de átomos certa, mas tem por toda parte. Até no Sol.

   O Universo em questão se estende sem limites sobre suas cabeças, e o terraço daquele prédio é o lugar que mais gostam para contemplá-lo. É para onde sempre vão através de uma ligação afoita no meio da noite, uma visita inesperada após uma discussão feia, com o peso desconsolado dos mas e se...? e a dificuldade de simplesmente deixar ir quando se ama tanto.

   Eles raramente vão embora com melhores soluções do que tinham antes, mas sempre se permitem deitar juntos para admirar as estrelas e satélites ou apenas respirar fundo mais alguns segundos. São os únicos momentos que lhes restaram em que complicação nenhuma é intrínseca.

   — Não seria incrível se a gente pudesse estender uma rede de vaga-lumes gigante e capturar todo o ouro que flutua por aí? — Hobi murmura, apertando os lábios brevemente em um meio sorriso que Jungkook pode ver quando vira o rosto em direção à voz dele. A entonação também é suave, mas ainda há vincos em sua testa e o sorriso não faz a covinha na bochecha aparecer.

   Jungkook olha para o perfil iluminado pelas luzes amarelas da cidade e cada pedacinho de seu coração aperta em uma direção diferente, sentimento tão análogo ao modo como os dois parecem se afastar cada dia mais. Seus dedos coçam para traçar a ponte do nariz bonito, suavizar as linhas de expressão tensionadas, mas ele os mantém inertes ao lado do corpo.

   — Acho que estão muito distantes para alcançá-los, hyung — ele mal percebe quando sussurra em resposta, perguntando-se quanto tempo levaria para chegar até o astro-rei, e se talvez a tal incógnita da equação não é justamente esse mais perverso e justo dos elementos.

   Há tanto ouro no Sol, Jungkook sabe, e só pode se perguntar quando chegará o tempo certo de tocar a superfície quente e sentir todo o dourado lhe aquecer outra vez.