35 | SPONTANEOUS.

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Sempre achei que fosse forte por suportar tanta coisa ao longo da minha vida, mas ver a minha mãe, a mulher que nos deixou acreditar que havia nos abandonado após tantos anos provou que eu sou fraca

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Sempre achei que fosse forte por suportar tanta coisa ao longo da minha vida, mas ver a minha mãe, a mulher que nos deixou acreditar que havia nos abandonado após tantos anos provou que eu sou fraca. Fraca até demais.

Não tive coragem de olhar em seus olhos como Sabina teve, muito menos de dirigir a palavra. Olhei para Nour, que encarava toda a situação com naturalidade, como se nossa mãe tivesse passado um final de semana fora e voltado logo depois.

— Sabina, Any... Como é bom ver vocês, minhas filhas. — Lilian disse após alguns minutos e abriu os braços, esperando um abraço.

Ela realmente estava agindo como se tivesse passado um final de semana fora. Se eu já sentia raiva dela, agora estava mais ainda e ao contrário de Sabina, que foi até seus braços, eu virei de costas e me forcei a contar mentalmente para não estourar e falar tudo — ou pelo menos metade — do que estava preso durante todo esse tempo.

— Any? — Ouvi sua voz me chamar e me virei para a frente novamente, esperando ela continuar. — Não vai me dar um abraço?

— Não quero abraços, quero explicações, Lilian. — Respondi. — Você não percebe que deixou seus filhos pequenos acharem que você não os amava mais? Não sabe como foi difícil ter que responder a questionamentos do seu verdadeiro sentimento sobre eles. — Disparei. — A menos que você tenha um boa explicação para dar, não quero abraços nem nada que venha de você.

Senti as minhas palavras a atingirem verdadeiramente, pois seu semblante mudou de feliz para triste e decepcionado.

— O que acham de irmos ao café aqui do lado? Vamos poder conversar e esclarecer tudo. — Nour sugeriu e começou a andar para fora da corporação, sendo seguida por Lilian e Sabina.

Levaram alguns minutos até que os meus pés finalmente começassem a andar em direção ao local. Eu não queria ter aquela conversa, e por mais que agora soubesse da verdade, não estava convencida por completo de que Lilian fora obrigada a conviver todo aquele tempo com os May.

Já estava perto da cafeteria quando senti uma leve tontura, mas tinha certeza que era o choque misturado com o estresse por causa dos acontecimentos do dia, da revelação de Steven sobre os meus pais e o reencontro com Lilian. Tudo isso já estava me afetando mentalmente e sabia que iria continuar me afetando ainda mais, dependendo de como as coisas fossem levadas.

Quando consegui chegar ao estabelecimento, Lilian e as minhas irmãs já estavam sentadas em uma das cabines particulares e me aproximei lentamente, sentando ao lado de Sabina, que apertou a minha mão e me encarou, como se pedisse um pouco de paciência da minha parte para ouvir a versão da nossa mãe sobre a situação.

Lilian respirou fundo e segurou o copo de isopor com as duas mãos antes de olhar para mim e para Sabina e começar a falar:

— Primeiro de tudo: eu nunca quis deixar vocês três para trás. Nunca mesmo. Eu fui uma forma de pagamento para as dívidas do seu pai nos cassinos e no pôquer e eu sei que se houvesse outra maneira de pagar as dívidas, ele jamais me colocaria nessa situação. O pai de vocês me amava de verdade.

𝗱𝗲𝗮𝗿 𝗽𝗼𝗹𝗶𝗰𝗲𝗺𝗮𝗻 | 𝗯𝗲𝗮𝘂𝗮𝗻𝘆 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora