Dedico este conto para todos os anjinhos
Que estão solitários numa prisão de tubos e máquinas
E que estão se sentindo sufocados por um atormentador invisível.
Algum dia vocês serão libertados e poderão respirar aliviados
Um dia iremos nos divertir juntos por toda eternidade
Porque o atormentador se foi.
Oiiii, meus amigos de quarentena! Estão bem? Mantendo o isolamento social? Usando máscara e álcool em gel? Espero que a resposta seja "sim".
"Sufocados" é um conto escrito em homenagem a mais de 2 mil crianças brasileiras menores de 9 anos que faleceram por conta do Covid 19. O Brasil infelizmente é o país com maior número de crianças afetadas pela doença no mundo.
Com certeza devem ter muitos outros anjinhos nessas UTI pediátricas espalhadas pelo Brasil, sozinhos porque os pais não podem estar do lado, presos numa cama porque não podem correr, eles estão acorrentados não por correntes reais, e sim por tubos de respiradores. São apenas crianças sendo cruelmente torturadas por um inimigo que ninguém vê, mas que está sufocando elas dia a dia.
Crianças tem menos possibilidades de terem sintomas graves do que um idoso, mas mesmo que a possibilidade seja pequena, ela é real. Estejam atentos a quaisquer sintomas da doença, muitas delas não conseguem falar o que estão sentindo e precisam dos nossos olhares cuidadosos.
Amo crianças, porque por mais que em alguns momentos deem birras, façam bagunça, e precisem de cuidados, elas também me trazem bons momentos de alegria. Saber que esses pequenos raios de sol que iluminam nossa vida e afastam a tristeza estão sofrendo tanto é algo desesperador.
"Sufocados" também é uma homenagem aos trabalhadores da área da saúde. Vocês estão sufocados pelo trabalho, sentem medo de perderem a própria vida ou perderem seus familiares e amigos. O medo, a tristeza, a insegurança, o fracasso, o sentimento de que a morte está te seguindo, e que não é forte o suficiente para cuidar das outras pessoas, tudo isso os sufoca diariamente.
É incrível o modo como quase desfalecem, mas depois conseguem se recuperar, inspiram profundamente aquele pouco de oxigênio restante, a esperança de vida enche seus pulmões e logo voltam ao trabalho. Sim, eu sei disso, conheço um pouco do que esses profissionais passam. Estive ajudando e tentando trazer esperanças para minha querida amiga e enfermeira Mônica, leio os seus desabafos por mensagem. Ela prefere digitar para mim, do que ligar e falar o que está sentindo, sempre considerando minha surdez antes de pedir ajuda, além de ser essa pessoa maravilhosa que escolheu me pagar, mesmo que eu tenha oferecido isso gratuitamente.
Algum dia tudo isso vai passar, e minha amiga ficará livre desse sufoco psicológico, assim como outros profissionais também.
Ainda não sou uma psicóloga de verdade, não conheço todas as técnicas necessárias para ajudar as pessoas a lidarem com esse sufocamento emocional, mas tento fazer a minha parte.
Enquanto minha amiga Mônica livra as pessoas do sufocamento real, eu tenho livrá-la do sufocamento mental.
Espero que gostem deste conto, que escrevi com tanto esforço e dedicação.
Boa leitura a todos!
Beijinhos (à distância, é claro!) para todos vocês.
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Sufocados
ContoMelissa está sem ar, sufocada, não consegue respirar, acumulada com o trabalho, tristeza, dor, e a morte por perto, tudo isso a sufoca. Yan é um garotinho que acabou de chegar na UTI pediátrica do hospital, quase roxo de tanto tossir, queimando de f...