O sol batia na pele clara de Madara, aquele sol que outrora acalentava o moreno agora não emitia o mesmo sentimento, não esquentava. Na verdade o sol apenas enfeitava aquele além, o clima emanava um frio e o deixava cada vez mais solitário.
Sentado na cadeira que em outro momento pertencia ao Hokage, Madara suspirou entediado. Aquilo era realmente um tédio, ficar sozinho no além. Sem conversar com ninguém, simplesmente caminhando sem rumo naquela Konoha vazia.
Se levantou da cadeira rapidamente quando viu um vulto de alguém. Ah, era Hashirama. Um fato fatídico era que Hashirama sempre aparecia ali. Não só ali como em algumas casas de aposta da aldeia.
O problema não era esse, na verdade o problema era que era só um vulto. Como se Madara estivesse no lugar que fora destinado aos vilões, aos malvados e fosse atormentado e obrigado a ver os mortos do outro lado, os mortos que morreram fazendo o "bem".
Sabia que Hashirama estava ali naquele instante, mas o antigo companheiro residia na Konoha do bem, na Aldeia em que o moreno podia sentir o sol em contato com sua pele.
Era só um vulto pra Madara, se tentasse falar com os vultos que apareciam em frente dele, os mesmos sumiam, como neblina, se dissipavam num segundo. Aliás, o Uchiha tinha certeza de que os vultos nem o viam.
Levantando-se do assento, se dirigiu a porta de saída do escritório dos Hokages e antes de sair se virou e olhou de novo o Primeiro Hokage que se sentava na mesma cadeira que havia sentado.
--Até depois Hashirama.-Se despediu com um meio sorriso que se fechou completamente ao dissipar do vulto.
Tudo bem, estava ciente que se dirigisse a palavra a ele,o mesmo iria sumir.
Estava tudo bem...
Andou pelas ruas da vila da Folha e se deparou com outro vulto.
Itachi Uchiha.
--Até ele foi pra lá.-Refletiu, lamentando por si mesmo.
Madara seguiu seu rumo e atravessou o portão da Aldeia. Deu passos para bem longe dali e se sentou aos pés de uma árvore.
Fechou os olhos e tentou dormir.
Ao acordar se viu num breu total. A noite tinha caído, o que fez com que Madara se pusesse de pé e começasse o caminho de volta a aldeia.
Já dentro de Konoha,os vultos se intensificaram, como era de costume o mesmo vê-los aos montes quando a noite chegava.
Eram muitos, muitos vultos. O que fazia da noite mais solitária, pois era só dizer algo que eles iam de repente, o deixando sozinho.
Vultos dos Hokages mortos, vulto de Kushina,vulto de Obito, vulto das vítimas do clã Uchiha, vulto de Itachi...
Se dirigiu apressado à um beco ali e sem se dar conta se viu no lugar mais isolado da Aldeia. Havia uma pequena cabana de madeira, uma árvore enorme de onde desabrochavam sakuras.
E de repente surgiram balões que brilhavam, voando por aquele lugar. Nunca tinha visto algo assim naquele além. E voavam alto, surgiam de um conglomerado de casas ali perto, uma pequena Vila da aldeia. E voavam até a pequena casa, até Madara.
O vilão abriu um sorriso. De repente não era mais um vilão, era alguém que desejava um carinho, ser amado, alguém normal, como todos os outros que são amados e amam.
Olhando os balões brilhando intensamente, Madara só queria ser como eles, como aqueles vultos. Feliz, Alegre e sendo amado.
Mas era tarde, queria uma nova chance, todavia era tarde.
E se sentiu sufocado entre os balões que exalavam beleza e esperança. Algo que não tinha. Se ajoelhou apertando o peito com força, seu coração doía e de seus olhos escorriam lágrimas violentas, se tentava às segurar sufocava.
Então soltou, soltou todo seu sofrimento e gritou. Gritou o mais alto que pôde.
--Eu não aguento mais,não aguento!-Gritou em meios aos soluços e lágrimas.
E caiu, caiu no chão com a mão no peito. Molhando a terra, em contraste com os balões que continuavam o rodeando.
--Uchiha Madara, está cansado disso?
Uma voz grave o assustou. Com dificuldade se colocou de joelhos de novo e buscando a voz olhou ao redor.
Ainda chorava.
--Quem está aí?
Ninguém o respondeu.
--Eu perguntei quem está aí?-Insistiu o moreno.
--Você gostaria de mudar tudo?-Entoou a voz.
--Mudar tudo? Do que você está falando?
--Se deseja mudar sua vida,começar tudo outra vez, mas de um jeito diferente.
Madara riu.
--Impossível!-Disse com um riso sem graça.
--Só é impossível se você disser que é.
Madara enxugou o rosto e se pondo de pé procurou a voz, um fio de esperança crescendo dentro do peito.
--Não adianta me procurar Madara,apenas com uma resposta eu posso te ajudar.
Uma resposta.
Apenas uma resposta mudaria sua vida? O daria uma nova chance?
--Eu quero.
--Mas há um porém.-Avisou.
Tinha que haver um porém, um mas.
--O quê é?-Perguntou Madara.
--Você terá uma única chance, poderá refazer a vida porque seu sofrimento foi ouvido, mas isso com uma condição: quando voltar terá que amar e não só amar alguém, tem que ser amado.
Isso não seria fácil.
Mas o que mais tinha? Havia uma chance naquela proposta,e provavelmente nunca teria outra. Aceitar era a única saída que via, para sair daquele além vazio e solitário.
Sair e tentar ser amado, e mais: tentar amar.
--Eu aceito.-Disse por fim.
--Que um novo amanhecer caia sobre você, Uchiha Madara.
E uma grande luz o atingiu, preenchendo todo o lugar. De repente perdeu os sentidos e as memórias foram se esvaindo uma a uma.
De repente Madara não era mais Uchiha Madara.
Tudo virou um branco.
Suas memórias se foram, havia renascido.
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Desejo De Ser Amado | Madara Uchiha
FanfictionA morte de Uchiha Madara trouxe paz para o Mundo Ninja, mas para o mesmo, trouxe um enorme Vazio. A lenda do mundo ninja se encontrava solitário no além. Tudo até uma voz ecoar no vazio e o propor uma segunda chance. Voltar pro mundo,renascer e vive...