Homem de Lata

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O que há com esse olhar distraído? Suas pálpebras pareciam tão pesadas que mal conseguiam se manter abertas, ocultando quase completamente os olhos azuis nebulosos. Havia um tom vermelho sobre sua face, forte o suficiente para se destacar na luz da fogueira. Seu corpo talvez lhe parecesse mais leve? Bem, é de se esperar, após ignorar meus conselhos para não beber demais, algo assim iria acontecer, não?

Jovens são previsíveis e patéticos. Como podia um Nukenin que perturbou Iwagakure cair perante um pouco de álcool? Bom, com toda a certeza guardarei qualquer bobagem que esse pirralho fizer hoje, poderei usar contra ele depois.

Mas posso compreender os sentimentos de Deidara, não era todo dia que se destruia uma cidade. Ele conseguiu belos machucados desta vez, mas o frenesi ainda deveria estar encobrindo a dor, pois continuava insistentemente falando e caminhando ao redor da fogueira.

Tudo bem, deixarei ele comemorar desta vez. Observá-lo estava divertido, de qualquer forma.

— Você viu o quão impressionados eles ficaram, hn? Estavam totalmente encantados pela minha arte, hn!

— Aterrorizados se encaixa melhor, não?

Deidara desatou a rir, caindo no chão, os cabelos loiros imediatamente se esparramando ao seu redor. Ele olhou para a fogueira próxima, uma bela luz contrastava com o brilho embriagado em sua face. Seus dedos se aproximaram um pouco das chamas e eu tive tempo de usar a cauda de Hiruko para afastá-lo antes de se queimar. Deidara rodopiou pelo chão, rindo, antes de se voltar para mim.

A alegria contida em seu olhar era bonita, admito.

— Ei, onde está minha bolsa de argila, hn? — Com os braços um pouco bambos, ele tentou se apoiar, olhando os arredores do descampado onde estávamos.

— Dentro do Hiruko, bem longe de você, terrorista devasso. — Ele se voltou para mim com uma careta infantil. — Não adianta implorar, você está bêbado e eu com certeza não quero ser alvo das suas bombinhas agora.

— Não estou bêbado, hn. — Teria sido convincente, caso Deidara não tivesse cambaleado ao se levantar muito rápido. Ainda assim, contive qualquer pseudo gargalhada enquanto ele se aproximava. — E não são "bombinhas", hn!

E lá vamos nós novamente.

— Minha arte não pode ser comparada a meras explosões, hn, ela é bem mais que isso. O que a representa é a intenção de cada explosão, o ápice do instante em que a destruição atinge seu auge, hn! Um segundo onde todo o resto não tem importância perante a intensidade da minha arte, entende, hn?

Ele era surpreendentemente coerente bêbado, ao menos em se tratando das suas teorias particulares que eu não me importava o suficiente para compreender.

— Que tal você beber um pouco mais e cair em coma alcoólico, pirralho?

Quando penso estar prestes a ouvir outro sermão suicida sobre explosões, devido à forma como Deidara me fuzila, uma ideia pareceu relampiar em sua mente. Ele abriu um sorriso malicioso e se aproximou de mim, vi em uma de suas mãos o brilho de uma lata de cerveja.

— Você está muito ranzinza, hn. Vamos comemorar, sim? Aproveite esse momento de vitória, danna, hn!

Eu estava prestes a empurrá-lo sobre a fogueira, mas não contava que ele fosse simplesmente se jogar em cima de mim — deve ter caído, provavelmente. Suas mãos empurraram meus ombros sobre a grama, seu corpo se esparramou em cima do meu, pude ouvir sua gargalhada infantil chacoalhar minha caixa torácica. Deidara conseguiu jogar a lata para sabe-se lá onde e ele próprio não parecia fazer menção de se levantar daquela posição restrita na qual me prendera.

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⏰ Última atualização: May 04, 2021 ⏰

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