Capítulo 2

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"E eu estava correndo para muito longe

Eu fugiria do mundo algum dia?

Ninguém sabe, ninguém sabe

[...]

Mas agora me leve para casa

Me leve para casa onde eu pertenço

Eu não aguento mais"

Runaway | AURORA



Any 

Ouvi meu alarme tocar, mas simplesmente o ignorei, desligando-o. Quando despertei, vi que estava completamente atrasada. A noite do dia anterior fora cheia e eu não estava acostumada com toda aquela festança.

Tomei o banho mais rápido que já tomara e engoli meu café da manhã, pegando minha bolsa e correndo até o prédio da faculdade que não ficava tão perto assim, por isso eu acostumava acordar mais cedo para que fosse andando mais tranquila.

Bati na porta e pedi licença a professora.

— Está atrasada, Any. — Ela disse ainda virada para o quadro.

— Perdi o horário, professora, desculpe.

Ela assentiu e eu me sentei, reparando em alguns alunos a mais na sala. Encostei a cabeça na parede e coloquei a mão no bolso para pegar meu celular.

Droga, na correria esqueci ele em casa.

Parabéns, Any, agora terá que lidar com sua curiosidade o dia inteiro, pensei.

— A partir de hoje teremos alunos de outros períodos e cursos para repor as aulas que reprovaram. Sem mais delongas, vamos começar a aula.

Ótimo, mais pessoas para eu ter que encarar em uma possível apresentação de trabalho. Como eu odiava não ser invisível.

A aula toda foi uma bagunça, eu fiquei sem dupla para uma atividade prática que deveria ter sido feita com mais alguém. Eu não me importei, já era acostumada, mas eu queria muito fazer essa aula prática, não tinha como fazer sozinha, precisava de alguém.

Era nessas horas que eu desejava alguém. Qualquer pessoa. Nem mesmo a professora podia me ajudar nesta atividade, disse ela que era algo que seria avaliado e eu precisava arranjar alguém.

Tínhamos aquela aula e outra no fim do dia, ela disse que provavelmente algum outro aluno chegaria. Duvidava que, se chegasse, essa pessoa sentaria comigo.

O tédio bateu por não ter nada para fazer no momento e o arrependimento por não ter sido mais atenciosa na hora de pegar o celular aparecera. Comecei a rabiscar meu caderno, tentando desenhar qualquer coisa que vinha na minha cabeça.

No papel, a tentativa de um pôr do Sol na praia se fez presente. Era péssima no desenho, mas amava colorir. Peguei alguns lapis e comecei o meu degradê pelo céu, isso sempre me relaxava mesmo que eu ficasse com meu pulso doendo. Desisti no desenho colorido e tentei fazer rabiscos com minha lapiseira.

O final da aula chegara e eu estava pronta para ir para a outra com meu desenho incompleto, que eu não conseguira finalizar até a última aula.

Passara o intervalo sozinha com os pensamentos da festa, tentando entender cada segundo daquela noite, o que não me ajudou muito pois meus raciocínios estavam completamente embaralhados.

For One Night | Beauany • short Onde histórias criam vida. Descubra agora