"No verão depois do ensino médio, quando nos conhecemos
Nós nos beijávamos no seu Mustang ouvindo Radiohead
E no meu aniversário de 18 anos, nós fizemos tatuagens iguais
Costumávamos roubar as bebidas dos seus pais e subir no telhado
Conversar sobre nosso futuro como se soubéssemos de algo
Nunca planejei que um dia eu estaria perdendo você"Você e o Peter se conheceram no ensino médio, ele era um cara quieto e estava sempre na dele com seus 2 amigos, Michelle e Ned. Quando entrou na escola, você era considerada a esquisitona também, não era novidade, aquela escola tinha má fama mesmo.
Com o tempo, cansada de ficar sozinha, você começou uma amizade com Mj, vocês duas tinham muitas coisas em comum e não foi difícil para criarem intimidade. Animada, sua amiga te apresentou para os amigos dela, Peter e Ned, obviamente, se deram bem de primeira. Mj e Peter tinham namorado um dia porém o relacionamento não deu certo, então, decidiram seguir como amigos.
Com 17 anos, Peter te pediu em namoro com a ajuda dos seus melhores amigos, como um bom relacionamento não tem segredos, ele te contou sobre sua identidade secreta; o Homem-Aranha. Você ficou surpresa, mas nem tanto, sabia que ele escondia algo e ficou feliz por ter sido confiada a esse segredo.
Peter sabia que se arriscava sendo um super-herói, mas ele amava, o que podia fazer? Você já perdeu a conta de quantas vezes May te ligou desesperada para saber onde seu sobrinho estava, ou quantas vezes já tinha recebido seu namorado todo estrupiado na sua casa. Já avisara o quanto aquilo estava pondo sua vida em perigo, o quanto aquilo estava sendo difícil não só pra ele, mas ele não ouviu.
Como você tanto temia, algo realmente aconteceu, ele se machucou. Mas não foi um arranhão ou um osso trincado como das outras vezes, foi pior. Peter entrou em coma, com um traumatismo craniano, não morreu por muita sorte.
O colocaram no melhor hospital, o mais caro da cidade. Stark se sentia culpado por "incentivá-lo" a ser um super-herói, lá no começo quando conheceu o garoto. Tony pagava tudo que era necessário e dava todo o apoio possível a você e à May. Mas não era suficiente.
—Não! Não podem fazer isso. Por favor, May... — Você chorou desesperada abraçando a tia May quando um médico veio falar de um assunto delicado com a família, havia muito tempo que Peter estava em coma, ele já não respondia, estava desenganado, o melhor seria desligar os aparelhos que o mantiam vivo e deixá-lo ir.
—Querida... — May chorou de volta apertando você mais forte, não podia ser, aquilo simplesmente não entrava na sua cabeça.
—Por favor, tem que haver uma solução, sempre há! Ele acredita em milagres, reconsidere por favor, faça mais exames, ele vai reagir! — Você se separou de May e foi até o médico, unindo suas mãos como se estivesse em uma oração.
—Você já parou pra pensar que, cada dia que ele sobrevive, é um milagre diário? — Começou te deixando sem palavras. — Qualquer um que chegasse a esse hospital como Peter chegou, não viveria nem um dia. Ele sobreviveu por todos esses meses! — Continuou e você deu um passo para trás, sentindo todo desespero que evitara por meses tomar conta do seu ser. — Darei um tempo para pensarem na opção, só peço que reflitam sobre isso. Com licença. — Disse por fim e se retirou, deixando você o encarar até ele sumir do seu campo de visão.
Desviou o olhar para May que ainda chorava muito, vocês deram um abraço que durou minutos, as duas sentiram e compartilharam suas dores no ato de afeto.
Aproximadamente 4 semanas depois, May pensou, pensou, pensou e pensou muito. Chegou a uma decisão que não gostaria de ter feito, ela queria mais que tudo ter seu sobrinho de volta, mas como? Ele não reagia mais, não fez um movimento sequer desde que entrou em coma, todas suas esperanças iam se esvaindo pouco a pouco.
Ela contou para Stark, Mj, Ned e todos que tinham carinho por seu sobrinho, exceto para você. Ela sabia que você seria a pessoa mais difícil de aceitar, Peter era o amor da sua vida, como poderia aceitar ver ele morrer por um plug que foi retirado da tomada?
Quando May contou a você, foi a pior notícia de sua vida. Achou que seu mundo iria desabar, desejou milhões de vezes estar no lugar dele, mas não podia, não tinha como.
May comunicou ao hospital sobre sua decisão, eles deram um determinado tempo para os familiares se despedirem do garoto, você quis ser a última, esperou que todos tivessem ido para ir também.—Pete... — Você desabou em lágrimas quando fechou a porta atrás de si, vendo o rosto pálido e abatido do seu namorado, do amor da sua vida. — Por favor, volte, pela sua família, pelo nosso amor... — Implorou agarrando sua mão e chorando encima dela. Esperava uma resposta, mas o que recebeu foi apenas o silêncio perturbador daquele quarto e os barulhos incansavelmente irritantes dos aparelhos. E você chorou, por vários minutos sem conseguir falar nada, esperava que Peter se sensibilizasse com seu choro sufocante e acordasse. Mas ele não acordou. Ele sequer te ouvia.
"Em uma outra vida, eu seria sua garota
Nós manteríamos todas as nossas promessas, seríamos nós contra o mundo
Em uma outra vida, eu faria você ficar
Para eu não ter que dizer que você foi aquele que foi embora
Aquele que foi embora"—Vamos nos encontrar denovo, eu prometo... — Conseguiu falar após minutos chorando. — Eu não vou te deixar ir, não vou! Vou cumprir todas as promessas que eu te fiz aqui, não vou te esquecer meu amor. — Passou a mão no rosto dele lembrando de todas as boas memórias que criaram juntos mas logo sua mão se fechou.— Estou com raiva Peter, raiva por estarem te tirando de mim, queria que nunca tivesse sido picado por aquela maldita aranha, ainda estaria vivo comigo caso isso não tivesse acontecido! — Chorou de ódio apertando a camisola do hospital que ele usava.
"Eu era a June e você era meu Johnny Cash
Nunca um sem o outro, nós fizemos um pacto
Às vezes, quando eu sinto sua falta, eu escuto aquelas músicas"—Você vai reencontrar sua mãe meu amor... Vai vê-la denovo. — Em meio a tantas lágrimas, soltou o mais fraco dos sorrisos ao lembrar de quantas vezes Peter falara sobre a vontade que tinha de ver seus pais por uma última vez. — Tenho tantas coisas pra te falar, mas eu não consigo...
Depois de muito tempo chorando copiosamente agarrada á mão de Peter, uma enfermeira veio te avisar que você tinha poucos minutos até o horário permitido acabar.
—Eu nunca vou te esquecer, nunca vou amar ninguém como eu te amo. Você é a melhor parte de mim, e a melhor parte de mim está indo embora... Não esqueça de mim também, eu te amo Peter. — Olhou para seu rosto uma última vez antes de dar um beijo na sua testa e um abraço desajeitado, que infelizmente não foi retribuído. Saiu do quarto rápido, sabia que se demorasse mais um pouco, não aguentaria.
Não havia mais lágrimas para chorar, não havia mais soluções. Apenas no dia seguinte a notícia chegou até você, Peter já não estava mais na Terra, ele havia ido.
"Em uma outra vida, eu faria você ficar
Para eu não ter que dizer que você foi aquele que foi embora
Aquele que foi embora"