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Lua Minguante Gibosa 🌖

Agradecer

{É momento de agradecer pelas coisas realizadas até o momento}

🍷

A morte.

É estranho pensar que de um momento para o outro alguém pode não existir mais.

Que de um espaço para o outro, sua alma foi a única que restou.

O frágil corpo, aquela camada que cobria a alma, não está mais lá para abrigá-la. E isso me faz pensar, para que lugar, então, vamos nós?

A morte é algo repentino e desconhecido, quem se atreve a pensar muito deve ter chegado aos enormes pontos de interrogação.

Por que? Como? Para onde?

E de volta, recebe as mesmas perguntas:

Por que? Como? Para onde?

Como um eco, ouve o som da própria voz, não tendo resposta alguma, porque sabe, a morte é um grande vazio.

Pessoas se vão o tempo inteiro e elas definitivamente são algo para alguém, um amigo, pai, mãe, irmão e se não é, um dia com certeza foi. A morte é triste para ambos os lados, lamentamos pela falta que alguém faz e, ainda mais, lamentamos pela própria pessoa, pela morte dela em si, porque a morte é vazia, porque a pessoa não existe mais. Nada do que um dia foi ela. Os bens materiais estão todos aqui, nos lembrando que sim, essa pessoa definitivamente esteve no mundo, mas a falta de seu físico nos traz a lembrança de que ela mesma, o seu ser, já se foi. E é tão rápido...

Como um amanhecer, uma música boa, como a infância ou momentos felizes com amigos, tão passageiro... A vida é uma grande efemeridade. Uma enorme árvore de cerejeira, que tem suas bonitas flores na primavera, mas se vai em todo verão, outono e inverno. Tão rápido quanto chegou. Onde estaria sua beleza depois de ir embora? Pois é... Só nos resta a lembrança das bonitas pétalas, chorar sobre seu tronco, abraçados ao que restou dela.

Sabemos do nosso final, sabemos o quão cruel pode ser ele, temos uma certeza: vamos morrer um dia. Porém, não sabemos quando, muito menos como, e ainda menos, para onde iremos.

Pensar na morte, de certo, te faz pensar em caminhos.

Existem aqueles que acreditam em céu e inferno, outros, apenas no céu, e ainda outros em absolutamente nada. Não vou entrar em um assunto tão complexo quanto esse, mas digo com razão: toda e qualquer ideia de pós morte é muito bem vinda, até porque ninguém sabe ao certo o que realmente nos aguarda, sabemos o que fica conosco e isso é concreto o suficiente.

Então, apesar da morte ser incerta, os sentimentos sobre ela são mais do que certeiros, tantos para aqueles que a encaram, aqueles que lidam, aqueles que convivem e aqueles que foram vencidos. São certeiros, mas também inexplicáveis.

A morte, traz tudo o que já falamos aqui. Ela traz opiniões divergentes, dor, tipos de dor e, principalmente, dúvidas. Gosto de dar uma aparência a dita cuja, não aquela de desenho animado, com uma foice e um manto escuro; gosto de retratá-la e separá-la de dois modos.

Porque, ainda que você não saiba, a morte tem uma irmã gêmea.

Talvez um dia, eu possa contar essa história para você. As gêmeas morte podem vir uma de cada vez, às vezes só uma, mas sempre, é claro, resulta em alguma morte.

Já disse aqui sobre os tipos de dor e, assim como existe a dor emocional e a dor física, existe igualmente a morte de alma e a morte física.

A morte física é a mais doída para quem fica, e posso dizer com propriedade: ela é a gêmea boazinha. A morte física dói, muito, mas para quem fica, aprendemos a lidar com ela. Ela nunca sairá, isso nunca, mas o sentimento fica mais concreto, se transforma em saudade, passa por nostalgia e tudo bem chorar às vezes por isso, por lembrar de alguém que a morte levou. A saudade, querendo ou não, é melhor do que a dor e o vazio. Depois de um tempo, conseguimos fazer essa troca, lembrar, e ao invés de chorar de tristeza, chorar por lembranças felizes. Com esse tipo de morte, conseguimos ajustar alguns sentimentos.

Can't you see me? [VENCEDOR WATTYS 2022]Onde histórias criam vida. Descubra agora