Uma fuga ao bosque.

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Os dias se passam lentos para Sakura, cada vez sendo mais difícil passar um tempo sozinha, a Rainha pessoalmente passa a supervisionar suas aulas uma vez que o inverno se aproximava e com ele, os bailes reais. O Rei mantem sua cobrança com relação a seu aprendizado, mantendo a princesa cansada demais para qualquer momento de lazer. Com Kakashi fazendo parte da corte, Sakura não o viu mais, nem mesmo na biblioteca, onde apesar de não admitir para si, desejava encontra-lo. Concluiu que ele estaria ocupado demais se preparando para começar oficialmente. A presença de Kakashi parecia deixar o Rei satisfeito, o que consequentemente liberava um pouco da pressão sobre Sakura, em contra partida, sua mãe parecia determinada em transforma-la em um lindo troféu.

Me debruço sobre a sacada da minha janela, deixando os ventos frios que anunciavam a chegada do inverno limpar meu rosto. Estava cansada e dolorida, mas acima de tudo, enfurecida, odiava cada aspecto da realeza e quanto mais aprendia sobre como ser uma princesa e se apresentar para sociedade, mais a ideia de fugir e me tornar uma camponesa me agradava.

-Já fazem duas semanas...-sussurro me lembrando da ultima vez em que visitei o bosque, sentia falta da paz e do silencio que apenas ele podia me proporcionar, precisava dele, precisava me lembrar que eu não era apenas um cavalo se preparando para um leilão.

Entro totalmente no quarto, fechando as janelas, não levo muito tempo para vestir um sobretudo sobre minha camisola, calçar botas de couro, prender meus cabelos em um rabo, coloco uma coberta dentro de uma bolsa, junto com uma garrafa de vinho que escondia debaixo da cama. Após terminar os preparativos, abro delicadamente minha porta, que range levemente, caminho em passos silenciosos ate a cozinha do castelo. Como esperado, estava vazia, vou até o estoque e pego alguns petiscos, certamente sentiria fome, ao me debruçar sobe uma prateleira, agarrando um pequeno queijo arredondado, escuto um som semelhante a um limpar de garganta, pulo batendo a cabeça na prateleira de cima, me virando assustada e encontrando um homem alto, de olhos escuros, cabelos grisalhos bagunçados e agasalhado em um roupão em um verde escuro musgo que ia em contraste com sua mascará que parecia se conectar com a camisa abaixo do roupão.

-Princesa?! -Pergunta ele surpreso, o fito com os olhos arregalados e sentindo minha cabeça latejar, seus olhos espantados se suavizam e uma risada baixinha sai dos seus lábios. -...fome noturna? -pergunta tombando o rosto suavemente.

-Ahn...sim e o senhor? - seus olhos desviam dos meus, indo para a bolsa cheia de mantimentos em meu ombro, arqueia uma sobrancelha colocando as mãos no bolso do roupão.

-Sei que tenho o costume de te dar cobertura, mas se planeja fugir do castelo não poderei ser cumplice disso, princesa- ele diz, em um tom mais serio, seus olhos me fitam intensamente, não sabia dizer se estava me repreendendo ou apenas intrigado.

-Não planejo fugir!- Minha voz sai aguda, claramente na defensiva, ajeito meu corpo, segurando a bolsa com mais força -..apenas gostaria de comer uns queijos e pãezinhos antes de dormir, me ofende com tal acusação - digo elevando o queixo em uma tentativa de passar confiança, em resposta ele ri.

-Espero que tenha um exercito em seu quarto para alimentar, porque está carregando muitos queijos e pãezinhos, vossa graça - o mesmo diz, rindo sem pudor e se aproximando lentamente de mim, sinto meu corpo ficar tenso.

-Está sugerindo que a doce e amável princesa de Konoha mantem dezenas de homens em seu quarto? -digo forçando um tom ofendido, como provocação, ele mantem o passo, parando significantemente perto de mim e me fitando por alguns segundos. Sinto sua respiração e cheiro, meu coração parece acelerar. A pouca iluminação da cozinha faz seus cabelos brancos destacarem, o dando um ar mais selvagem.

-Jamais desrespeitaria a princesa dessa forma - ele diz sorrindo com os olhos e rapidamente ficando sem expressão novamente, ele inclina seu corpo para o meu, automaticamente afasto meu rosto e o percebo espiar minha bolsa, ele parece soltar uma risada acida -...isso seria vinho, vossa graça? Tem idade para beber? - ele levanta o olhar, fazendo com que nossos olhos fiquem próximos de forma que posso quase sentir a ponta de seu nariz.

Vossa Alteza (Kakasaku)Onde histórias criam vida. Descubra agora