TEXT ME BACK - Bbangkyu

- 021: Friendship

Aquela foi a última frase que Changmin conseguiu falar, nada mais saiu da sua boca ao mesmo tempo que as lágrimas começaram a descer de forma involuntária. Pra ele, era como se não estivesse chorando, seu rosto continuou inexpressivo, mas Chanhee conseguiu sentir toda a dor do amigo e ocasionalmente começou a chorar também com a mão tampando a sua boca.

Apesar de não lembrar os detalhes, Changmin sabia muito bem o que tinha acontecido. Assim que acordou, percebeu que estava sozinho e que não estava na casa de Joonki, aparentemente estava em um hotel. Como chegou lá? Ele não fazia idéia. Havia dor por todo o seu corpo. Ele resolveu evitar olhar no espelho, não queria ver o estado do seu rosto, mas conseguiu notar algumas marcas roxas em seu corpo, além do furo proporcionado pela injeção que ele havia levado anteriormente com um pouco de sangue seco.

Apesar da dor imensa que estava sentindo tanto fisicamente como mentalmente, naquele momento ele não conseguiu chorar, ele só queria chegar em casa e se sentir salvo ou pelo menos seguro, o mais rápido possível. Como ele não tinha levado nada tirando suas roupas e seus materiais pra casa de Joonki, ele apenas se vestiu o mais rápido que pode e saiu correndo dali.

— Eu cheguei completamente desesperado em casa. Apenas a mamãe Yuri estava lá, eu ignorei ela indo direto pro meu quarto, mas ela percebeu que algo não estava certo e veio me procurar. Aquela foi a única vez até agora que eu contei essa história pra outra pessoa. — Chanhee levou a mão até a de Changmin em cima da mesa e a apertou com força. — Tá tudo bem, pelo menos tá tudo bem agora. — Ele tranquilizou o amigo. — Esse assunto me atormentou por muito tempo, eu não conseguia ver outras pessoas, me ncontrar com outras pessoas, por isso eu me tranquei dentro de casa e não sai durante todo esse tempo. Mas depois eu me perguntei "O que estou fazendo aqui? Vou deixar tudo isso apenas me engolir por dentro, sem nem ao menos lutar? Ficar aqui até o último dia da minha vida?", foi um dos pensamentos que me fez levantar do meu quarto e resolver encarar a minha vida novamente. É evidente que ainda há certas "sequelas", mas estou disposto a enfrentar elas dia após dia, custe o que custar. — New começou a chorar mais e mais, era evidente que ele era bem chorão mesmo. — Ta chorando tanto que se pegassemos sorvete, você faria seu próprio milkshake. - New riu com o comentário e resolveu tentar conter o choro e enxugar as lágrimas.

— Seu idiota. — Ele procurou os guardanapos, mas não achou. Talvez o balconista estivesse acompanhando tudo, pois ele logo trouxe os guardanapos, sem nem precisar ser chamado.

— Aí, eu amo os guardanapos daqui. Olha como eles são fofos com esses sorvetinhos em volta. — New sorriu com o entusiasmo de Kyu, lembrando de como ele era antes disso tudo.

— Mas o que aconteceu com o Joonki? — New ficou curioso.

— Não sei. — O ruivo foi sincero. — Minha mãe chamou a polícia e foi diretamente até a casa do Joonki, mas como era de se esperar ele não estava mais lá, havia sumido completamente levando tudo que ele provavelmente considerava importante.

— E o que será que era aquilo dentro daquela mala?

— Acho que nunca saberemos. E espero realmente nunca saber. Espero nunca mais vê-lo. — O ruivo ponderou por alguns segundos. — Apesar de...

— Apesar de? — New o incentivou a continuar.

— Eu sai com o Hoonie alguns dias atrás e fomos ao shopping e um cara me abordou com a voz muito parecida com a dele, mas ele estava muito coberto pra eu ter certeza. — Kyu lembrava do dia do encontro com Younghoon ao mesmo tempo que pensava nas pessoas que haviam o espancado.

— Você acha que é ele?

— Não sei, mas o que ele pode querer? O que ele queria, ele já teve. — Kyu falou da forma mais fria possível, enquanto New apenas assentiu.