As Crônicas Malfoys

3.Um Malfoy Honorário

Narcissa estava na plataforma nove e três quartos, ansiosamente esperando o trem parar e deixar seu filho para as férias de Natal. Narcissa sentia muita falta de Draco desde que ele começou em Hogwarts no início de setembro, e ela mal podia esperar para ver seu filho. Pode ter se passado apenas três meses e meio desde que ela dispensou Draco em sua aventura em Hogwarts, mas para Narcissa parecia uma eternidade. Pelo menos uma vez que Draco estivesse em casa, as coisas pareceriam normais e ela poderia até ser capaz de entrar no espírito festivo que ela sentia falta até agora neste ano.

Quando o trem vermelho brilhante finalmente começou a aparecer, Narcissa esperou pacientemente, embora ela não quisesse nada mais do que correr para tentar dar uma olhada em seu filho. Depois de tantos anos, Narcissa sabia como se comportar em público e ela sabia que ninguém na plataforma seria capaz de adivinhar o quão animada ela estava. Mesmo quando as portas do trem começaram a se abrir e os alunos começaram a aparecer, Narcissa permaneceu calma e controlada enquanto seus olhos se voltavam para o filho.

Finalmente, Narcissa avistou Draco descendo do trem junto com outros quatro garotos. Um garoto que ela conhecia era o amigo mais antigo de Draco, Theo Nott, enquanto dois dos outros, Vincent Crabbe e Gregory Goyle, eram filhos de alguns conhecidos de Lucius. No entanto, o quarto menino, um menino bonito com cabelos negros e pele morena, era um completo estranho.
Não querendo envergonhar seu filho, Narcissa permaneceu onde estava enquanto Draco se despedia de seus amigos. Quando Draco finalmente caminhou em direção a ela, Narcissa observou os três meninos que ela conhecia irem até seus pais. No entanto, o garoto misterioso parecia bastante perdido e ele apenas ficou na plataforma, olhando em volta com uma expressão triste no rosto.
"Olá, mãe," Draco a cumprimentou formalmente ao chegar ao lado dela.
"Draco," Narcissa respondeu, imitando a voz formal de seu filho brevemente antes de abrir um sorriso e dar a seu único filho um abraço esmagador. "Eu tenho saudade de voce."
"Mãe," Draco sibilou, seu rosto pálido ficando vermelho enquanto ele se retirava dos braços dela e acariciava seu cabelo com gel para se certificar de que ainda estava limpo e arrumado.
"Algumas coisas nunca mudam", Narcissa riu. Assim como Lucius, Draco tinha uma tendência de vaidade de mais de um quilômetro de largura e, assim como seu pai, ele nunca saía de casa sem parecer imaculado.
"Um Malfoy deve sempre estar no seu melhor," Draco informou a sua mãe, repetindo uma frase que seu pai costumava usar.
Narcissa revirou os olhos afetuosamente para o filho enquanto pegava sua bolsa. "E como foi seu primeiro período na escola?"
"Nada mal", Draco respondeu. "As masmorras são tão legais."
"Legal como em ótimo, ou legal como em frio?" Narcissa verificou. Pessoalmente, ela sempre achou as masmorras ridiculamente vazias, mas conhecendo seu filho, ele adoraria as masmorras sombrias e misteriosas onde os sonserinos residiam em Hogwarts.
"Legal como em ótimo", Draco disse, lançando a sua mãe um olhar impressionado pelo fato de que ela ainda precisava pedir a ele para esclarecer o que ele queria dizer.
"E as aulas?" Narcissa perguntou. "Você está lidando com isso?"
"Claro," Draco se gabou. "Sou o melhor rapaz do nosso ano."
"O melhor garoto?" Narcissa questionou, pensando que a frase do filho era estranha.
"Sim," Draco disse com uma leve careta. "Uma garota está me batendo, você pode acreditar nisso?"
"Tenho certeza de que ela é uma garota muito inteligente se ela está batendo em você", disse Narcissa diplomaticamente. Ela sabia que seu filho gostava de ser o melhor em tudo, mas pessoalmente achava que poderia ser bom para ele ter alguém o desafiando, para variar.
"Ela é, ela é incrivelmente inteligente," Draco admitiu. "Mas se você contar a alguém que eu disse isso, eu negarei", alertou ele em voz baixa.
"Meus lábios estão selados," Narcissa jurou, escondendo seu sorriso, já que sabia que seu filho não gostaria de ser ridicularizado. Olhando para cima, ela de repente percebeu que a plataforma estava quase vazia, pois eles estavam parados para se atualizar. "Parece que é hora de irmos."
"Sim," Draco disse com um aceno de cabeça.
Narcissa estendeu a mão para pegar o braço de seu filho e aparatá-lo em casa, mas ela parou quando viu o garoto com quem Draco havia descido do trem, sentado desamparadamente em um dos bancos na parte de trás da plataforma.
"Você conhece aquele garoto?" Narcissa perguntou, apontando-o para seu filho.
"Sim, esse é Blaise Zabini. Ele é um sonserino como eu," Draco respondeu. "Ei, Blaise." Erguendo a voz, Draco começou a se aproximar de seu amigo. "O que você ainda está fazendo aqui?"
"Acho que minha mãe está atrasada," Blaise respondeu com um encolher de ombros. "Ela vai aparecer quando se lembrar de mim."
"Ela se esqueceu de você?" Narcissa perguntou incrédula. Ela não sabia como alguém poderia simplesmente esquecer de ir buscar seu filho.
"Mais do que provável", disse Blaise, seu tom de voz indicando o atraso de sua mãe não era exatamente surpreendente para ele.
"Bem, você não pode ficar aqui," Narcissa disse com firmeza. "Venha para casa conosco e jante. Posso entrar em contato com sua mãe e ela pode vir buscá-lo em nossa casa."
"Mesmo?" Os olhos brilhantes de Blaise brilharam com a sugestão de Narcissa, e ela se perguntou o quão faminto por afeto o garoto estava.
"Sério," Narcissa confirmou enquanto colocava a bolsa de Blaise em seus braços ao lado da de Draco.
Antes que qualquer um dos garotos tivesse mais chance de discutir, Narcissa agarrou os dois e aparatou-os de volta para a mansão. Quando pousaram, Narcissa colocou as malas no chão para os elfos separarem, e depois de conseguir alguns detalhes de contato de Blaise para sua mãe, ela disse a Draco para mostrar a casa a seu amigo.
"Uau, esse lugar é incrível," Blaise comentou enquanto ele e Draco saíam da sala de flu.
Narcissa esperou até que os dois garotos fossem embora, antes de pegar os detalhes que Blaise havia dado a ela e conectar a rede de flu. O que se seguiu foi a conversa mais frustrante da vida de Narcissa. A mãe de Blaise respondeu a ela por flu imediatamente, mas com a mesma rapidez ficou claro para Narcissa que seu filho era a parte inferior de suas prioridades. A mãe de Blaise alegou que não havia providenciado para que Blaise voltasse para casa, e como ela estava viajando nas férias, ele teria que voltar para Hogwarts. Narcissa tentou explicar que era tarde demais para isso e que Blaise estava com eles, mas sua mãe não estava ouvindo. Ela tinha seus planos de férias e não ia deixar seu filho interferir neles.
"Bem, eu nunca", Narcissa murmurou enquanto se afastava da lareira quando a mãe de Blaise abruptamente encerrou a ligação.
"Problema, Narcissa?" Lúcio perguntou ao entrar na sala para encontrar sua esposa resmungando para si mesma.
"Sim," Narcissa respondeu. "Eu não sei se você já viu Draco, mas ele tem um amigo com ele."
"E isso é um problema?" Lúcio perguntou com uma carranca. Considerando que Narcissa estava preocupada com Draco fazer amigos quando ele foi para a escola, ele achou estranho que ela agora estivesse preocupada que ele tivesse um amigo.
"Não, Blaise parece um menino adorável."
"Então qual é o problema?"
"O problema é a mãe dele", disse Narcissa, fechando a porta para que os meninos não se aproximassem sem querer deles. "Ele estava sozinho na plataforma e disse que ela ia se atrasar. Eu não podia deixá-lo, então convidei-o para jantar com a intenção de que sua mãe o pegasse mais tarde."
"Isso tudo parece muito razoável", disse Lucius.
"Isso foi antes de eu falar com a mãe dele", disse Narcissa. "Ela tem planos para as férias, e eles não incluem Blaise. Ela praticamente me disse para mandá-lo de volta para Hogwarts."
"Ela não está vindo atrás dele?" Lucius verificou.
"Não," Narcissa respondeu balançando a cabeça. "Pobre menino, como posso dizer a ele que sua mãe prefere ir embora de férias a passar o Natal com ele?"
"Está tudo bem Sra. Malfoy," Uma voz suave disse da porta e quando Lucius e Narcissa se viraram eles encontraram Draco e Blaise na porta, tendo silenciosamente aberto a porta sem que nenhum dos Malfoys mais velhos percebesse.
"Blaise, querida, eu não sei o que dizer," Narcissa disse suavemente, sentindo imensa pena do garotinho na sua frente. "Eu tentei falar um pouco com sua mãe, mas ela estava inflexível de que estava indo em frente com seus planos."
"Está tudo bem," Blaise disse com um suspiro resignado. "Eu posso simplesmente voltar para a escola."
"Você não pode passar o Natal na escola," Draco protestou. "Apenas as crianças tristes ficaram para trás. Você ficaria sozinho nas masmorras."
"Estou acostumado a ficar sozinho", Blaise respondeu com um encolher de ombros.
"Bem, não neste Natal," Narcissa disse decisivamente. "Blaise, você vai passar as férias com a gente."
"Tem certeza?" Blaise perguntou, seus olhos arregalados de excitação. "Eu prometo que não causarei problemas, Sra. Malfoy."
"Se isso for verdade, você não é um verdadeiro Sonserino," Lúcio riu. "Não se preocupe em estar se comportando da melhor maneira, Blaise, apenas divirta-se enquanto está aqui."
"Eu vou fazer", disse Blaise. "Obrigado, Sr. Malfoy."
"Blaise, se você vai ficar e se tornar um visitante regular, são Lucius e Narcissa, não o Sr. e a Sra. Malfoy", disse Lucius. Seu pai viraria em seu túmulo se soubesse que Lucius estava dando aos amigos de seu filho permissão para se referir a ele pelo primeiro nome, mas Lucius não queria ser a mesma figura intimidadora que seu pai tinha sido para seus amigos, ele queria os amigos de Draco para se sentir confortável e bem-vindo na mansão.
"Claro, Lucius," Blaise respondeu, dando aos Malfoys um sorriso que era puro problema.
Enquanto os dois garotos se dirigiam para acomodar Blaise em um dos quartos de hóspedes, Narcissa e Lucius trocaram um olhar divertido. Blaise era certamente um personagem e algo disse a ambos que ao longo dos anos o amigo de seu filho se tornaria parte da família. Com certeza, aquele Natal foi apenas o começo de uma bela amizade e em pouco tempo Lúcio e Narcissa viam Blaise como um segundo filho e um Malfoy honorário.