𝐴 𝑐𝑎𝑟𝑡𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑛𝑢𝑛𝑐𝑎 𝑣𝑜𝑢 𝑡𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑔𝑎𝑟 || 🄹🄹🄺

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O poema fala sobre amor mas nossa história é de como nosso amor se tornou questionamento, mágoa, ressentimento e mentira.

Busco a folha branca dentre outras tantas iguais, preciso desabafar, te vomitar em forma de palavras aqui nessa folha, juntar umas frases com outras, algo que faça parecer nossa história digna de atenção. Então começo.

"Para o garoto nirvana (jk),

Gostaria de ter mais palavras bonitas do que tenho para colocá-las aqui, mas pensando bem, talvez elas não valham a pena.

Eu sempre costumei dizer que gostava de romances trágicos, aqueles que doem e te fazem ficar pensando no plot por semanas, às vezes até me pego fingindo ser a personagem principal me enfiando em problemas e dramas que não são meus, típico.

Eu gostava de fingir.

Nós fomos trágicos, mas por algum motivo não consigo ver toda essa beleza incubada que julguei existir em esse tipo de amor, eu transformava toda música em nós, para que mesmo que por um único verso aquela música contasse nossa história e dissesse respeito à nós dois.

Eu sempre deixei claro meu amor pelas tragédias mas quando chegou nossa vez eu não soube lidar, eu fugi e fingi (era mais fácil). Apaguei a playlist que eu tinha feito para você também, e, de repente, nenhuma música mais dizia respeito a nós. De repente, nós não éramos mais os personagens principais.

De repente. E doeu por esse motivo.

Mas aquelas músicas da sua banda favorita, que me recuso a dizer o nome, ainda me assombram, e eu as amaldiçoo por isso. Uma delas tocou hoje na novela das dez enquanto um casal — que eu não sei quem era — se beijavam, e aí ela foi nossa novamente, a música foi nossa por aqueles três segundos nos quais não me senti culpada por pensar em você.

Por que você fez doer e por isso eu me recuso a te deixar entrar na minha cabeça uma segunda vez.

Sendo sincera, te culpar é bem mais fácil e cômodo, e apesar de saber disso ainda te culpo. Assumo um quarto da parcela dizendo ser minha culpa também, mas há sempre um "mas", é sempre: "eu errei também, mas ele errou muito mais". Talvez seja meu complexo de vítima que aja assim cegamente, e eu sei que você também pensa assim por que nós éramos iguais nesse sentido, eu me lembro, sempre fomos meio otários e isso não é uma virtude.

Você me rendeu umas lágrimas, entre elas, aquela vez que você disse que me amava pela primeira vez e meu coração literalmente errou uma batida, aquelas quando eu escutei uma música e ela foi sobre nós também, "eu sabia que você me deixaria mas não acreditei que faria isso tão facilmente", a música falava desse jeito e me perguntei se todos nós  estávamos vivendo a mesma história de romance barata que dá errado no final. Você também me rendeu inspiração, eu acredito que minha inspiração vem da dor e isso você também me rendeu, dor.

Mas acabou, finalmente.

Eu não te amo mais, e isso é uma verdade, eu juro. Mas eu sempre contei que gostava de romances trágicos e talvez esteja aprendendo a gostar do nosso (agora que eu não te odeio mais, ficou mais fácil).

Talvez, só talvez, você tenha me mostrado o amor, obrigada. E eu nunca vou te esquecer por isso, apesar de que eu não acredite que eu tenha tido alguma relevância na sua vida. Me pergunto se eu sou um daqueles casos que você descartava e fingia que não aconteceu ou se entrei para os casos de amor que você amou de verdade, duvido que seja a segunda opção mas isso é minha culpa por não ser tão marcante na vida das pessoas.

O mar te levou de mim, e me desculpe por não ter lutado contra a correnteza o suficiente ou necessário, mas eu também não vi você tentando nadar contra ela.

Meu último pedido para você eu deixarei aqui; não volte nunca mais.

Por favor, não tenha essa audácia de querer se infiltrar na minha vida mais uma vez, como fez no passado, não deu certo e não vai dar mais, eu não quero alguém quebrado como você, pois você me ensinou que pessoas quebradas quebram pessoas, então não volte nunca. Me esqueça e me jogue nos seus casos descartados de amores inacabados e esquecidos e irrelevantes, se você voltar então serei eu a pessoa encarregada de partir o coração de alguém dessa vez.

Então não volte.

— para o garoto do telhado e o da praia pois, apesar de serem pessoas diferentes, vocês são as mesmas, adeus. "

Finalizo agora, A carta que nunca vou te entregar.