Capítulo 8: Feliz e ponto

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Carina DeLuca encontrava conforto na rotina, sentia-se segura ao saber o roteiro de seus dias. Sua manhã começava com o mesmo alarme e tudo melhorava depois do beijo de bom dia de Maya. Cada segundo era sagrado, então dirigiam juntas para o trabalho. Planejavam os futuros turnos, tudo para que pudessem ter mais dias para si. Ao lado de Maya, rotina não era sinônimo de cômodo, pelo contrário, era apenas a certeza de que o sol nasceria no dia seguinte assim como elas acordariam juntas.

O Grey Sloan Memorial Hospital não era mais o maior pesadelo de Carina e, aos poucos, conseguiu sentir-se em casa, sempre junto de Andrea, que, no seu coração, a acompanhava em cada consulta. Doutora Carina DeLuca: a melhor ginecologista obstetra da região, o que lhe rendeu a honra de ser mentora de Jo Wilson. Ganhou não só um aumento como também uma amiga. Apesar de seus plantões continuarem cansativos, as horas voavam e, num piscar de olhos, já era o momento de buscar Maya na estação.

A Estação 19 era como uma extensão do apartamento de Maya e Carina começou a se sentir cada vez mais confortável com a equipe. A noite de comida italiana era mais um ritual inventado por Victoria e a doutora não perdia nenhuma. Era parte do time. Atendia telefonemas na recepção. Era mais do que parte do time. Era a esposa da capitã. Seus dias entrelaçavam-se com os de Maya e ela se apaixonava cada vez mais pela bombeira.

O tempo de Seattle era seu pior inimigo, então, ficar presa na Estação durante uma nevasca não foi uma surpresa. Observar Maya no controle de toda a situação a deixava orgulhosa, mas também com muita vontade de beijá-la bem ali. Com muita provocação, conseguiu roubar a capitã e, por alguns minutos, a teria só para si. Todas as roupas estavam no chão quando ouviram uma batida na porta. Sempre eram interrompidas, seu segundo inimigo, pensou Carina, que para o bem da equipe torcia para que fosse algo de extrema urgência. E, lá estava Andy Herrera, o desespero em seus olhos fez com que Carina não percebesse o embrulho em seus braços.

"Carina, por favor. Tem alguma coisa errada com ela."

Em questão de segundos, Carina pegou a pequena bebê no colo, levando-a em direção ao quarto no escritório de Maya. Sabia exatamente onde estava os kit de emergência e põe-se a examinar a recém-nascida. Andy explicava para Maya que a campainha da Estação tocou e, antes que pudessem perguntar qualquer coisa, a mulher estava fora de alcance. A sargento tentou chamá-la de volta, estavam no meio de uma nevasca e as ruas não eram seguras. Estava acostumada com bebês deixados na 19, mas nunca durante uma nevasca, enrolada apenas em um casaco de moletom.

"Você fez tudo certo, Andy. Ela vai ficar bem." - Carina assegurou a bombeira, que expirou aliviada.

Uma das coisas que fazia Maya Bishop a melhor capitã da região era a forma que ela agia sob pressão. Sempre concisa, nunca desesperada. Os chefes de departamento fizeram de tudo para atrapalhar seu histórico perfeito no comando, mas falharam todas as vezes. Era a primeira e a mais nova capitã de toda Seattle, eles que engulam. Sua união com Carina era o mais novo alvo de ataque, mas a bombeira transformou seu casamento em um diferencial. A italiana fez com que a Estação 19 se transformasse em um centro de atendimento para mulheres em risco, o que rendeu à Maya um prêmio de reconhecimento do prefeito. Não era esse o ponto de suas conquistas. Era sobre Carina e todas as provas de abuso que ela coletou. Era sobre Carina e toda a alegria que ela trazia para sua equipe. Era sobre Carina e ela.

Estava no telefone com os Serviços Sociais enquanto administrava os recursos para o enorme número de refugiados na Estação. Sem previsão, eles disseram, assim que puder, retorno. Foi assim que Maya se encontrou presa na Estação com uma recém-nascida. É claro que a capitã estava preparada para um abandono, estava preparada até para um terremoto, um evento praticamente impossível na cidade. Estava com tudo em mãos quando entrou no seu escritório. Precisou parar para gravar cada detalhe daquela cena em sua memória, uma fotografia não seria o suficiente para registrar tudo que sentiu quando viu Carina ali.

Sentada na cama do quarto de capitã, Carina segurava a pequena em contato direto com seu colo, vestindo apenas o sutiã preto que colocara pela manhã. Maya podia ouvir seus sussurros em italiano e observava o movimento ritmado de suas mãos nas costas da bebê, que ainda chorava. A loira entrou em cena, trazia consigo fórmula, mamadeira, fraldas, roupas e panos. Enrolada como um burrito, a recém-nascida havia parado de chorar por um momento, ficando em silêncio apenas com a mamadeira na boca.

"Aqui tem tudo que ela precisa? Não tenho previsão de retorno dos Serviços Sociais." - Maya avisou a doutora.

"Por enquanto, sim. Depois de alguns dias no hospital, ela vai poder ir para casa." - Carina a tranquilizou como fazia com suas pacientes.

Como médica, Carina sabia exatamente o que fazer, mas naquele momento a bebê precisava de algo além, precisava de contato. A italiana não acreditava em instinto materno, muito menos em conexão instantânea, confiava no que conhecia e no que sentia. Maya explicava tudo para a neném como se ela fosse capaz de compreender cada palavra complicada. Carina não estava acostumada com histórias sem fim, acompanhava todas as semanas da gravidez e colocava um ponto final na última consulta pós-parto. Tudo estava errado, ela pensava, do corte do cordão umbilical até as primeiras horas de vida. Sem histórico gestacional, sem pais, sem nome. Segurava uma vida em branco e isso a assustava. Suas decisões estampariam a primeira página e decidiriam o rumo de todos os capítulos.

Maya era um desastre com crianças e todas as vezes que fez Pru chorar confirmavam sua teoria de que não deveria ter filhos. Mas, tudo mudou. Ainda não conseguia explicar e talvez tomaria uma decisão antes da próxima sessão de terapia. Não era a primeira vez que Maya observava Carina em sua área de trabalho, se apaixonava todas as vezes que a escutava falar sobre, porém, dessa vez, foi diferente. Sentiu todo seu amor bater, clamar por mais espaço. Era como se fosse explodir, poderia gritar para todo o mundo o quanto amava a italiana e não seria o suficiente. Pela primeira vez, imaginou-se mãe, contando para aquela pequena alma o quanto amava ser mãe ao lado de Carina. Era sobre isso. Tudo ao lado de Carina ficava mais bonito e, de repente, a maternidade foi uma delas. Por um momento, pensou que estava doida, não conseguiam nem manter as plantas vivas, imagina uma criança. Ali, fazendo companhia para a italiana que acalentava a bebê, imaginou-se compartilhando todas as suas aventuras de capitã para alguém que a enxerga como uma heroína. Em todos os cenários, sentia-se sobrecarregada pelo medo de ser como seu pai, não conseguiria aguentar o peso de machucar alguém da mesma forma que ele fez.

Além de sua medalha de ouro, Lane era responsável por todos os seus traumas, todas as suas inseguranças. Todas as vezes que Maya cometeu um erro porque a voz de seu pai gritava em sua mente foi por causa dele. Quando saiu correndo de seu apartamento e partiu o coração de Carina foi culpa dele. Lane estava por trás de todos os seus pesadelos, mas, o pior de tudo, era o quanto ele a impedia de realizar seus sonhos. Tinha medo de estar com Carina e ser exatamente como ele. Acordava todos os dias e escolhia ser a sua melhor versão, o oposto de Lane. Tinha medo de ser mãe e ser exatamente como ele. Pensou em tudo que sua terapeuta havia dito até agora, todas as vezes que fugiu da felicidade porque seu pai havia a programado assim. Se deixasse o medo falar mais alto, estaria deixando Lane ditar sua vida. Olhando para Carina, percebeu o quanto queria dividir tudo com ela. Todo o amor que nunca teve, Maya tinha para dar.

"Carina..."

Pausou. Respirou fundo. Olhos apenas nela.

"Você já pensou em ser mãe?"

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oii, e aí? gostaram?
será que a carina já pensou em ser mãe? será que elas são as mais novas alex e maggie? ainda tô pensando
obrigada por me acompanharem até aqui.
até o próximo capítulo :)

MARINA - TEMPO DE SE AMAR Onde histórias criam vida. Descubra agora