O Meu Outro Eu

Capitulo XIII

P.o.v Sophia

Lá estava eu, no meio daquela multidão toda, a ver o que poderia fazer da minha vida com tanta gente desconhecida. Eu não sei se já mencionei alguma vez, mas lugares com muita movimentação e pessoas não são a minha preferência.

Tens de aprender a lidar com isso Sophia. Esta é a tua nova alcateia, com muitos membros, e isso é bom, porque em caso de ajuda, são muitos aqueles que te poderão acudir; além de que em caso de ataque ou defesa, temos melhor oportunidade para sobreviver.

A minha loba, Fia, está sempre disposta a aconselhar-me no que for preciso, principalmente quando o assunto está relacionado com a alcateia, apesar de ainda ser demasiado novo para mim, eu aceito tudo o que tiver para aprender. Pois segundo ela, somos lobas dominantes, mas apenas nós sabemos. O Alpha deve suspeitar, mas sem certezas, pois não sabemos o que nos poderão fazer ao saberem do nivel de dominação que temos.
- Eu sei Fia, mas eu não conheço ninguém, e, além de estar sozinha, isto é um ambiente completamente familiar, todos se conhecem e eu sou uma estranha, nem Anna está cá para me ajudar, para me integrar num grupo sei lá. - desabafo em pensamento, para que ela perceba a razão de estar assim.

Eu sei. Fazemos assim, vamos para o local da comida, normalmente conhecem-se pessoas dessa forma, nem que seja para pedir um pedaço de frango. Não concordas? - a minha loba propõe.

- Fia, eu acho que, lá no fundo, essa tua boa intenção vêm com segundo objetivo, o de te alimentares. - refilo com a mesma; nem numa situação assim ela consegue pensar direito, só em comida.

Minha cara humana, para eu me alimentar direito teria de te levar à floresta, transformar-te em loba para assumir o controlo do corpo, e caçar um animal, para o comer fresco. Assim é que eu me alimento como deve ser. O que nós vamos fazer é arranjar uma forma de socializar com alguém da alcateia através de um objetivo comum, arranjar comida, que apenas servirá para satisfazer o teu estômago, porque a mim é só para a gulodice.
E acredita em mim quando te digo isto, nós vamos falar com alguém desta forma, mesmo sendo para pedir o tal frango frito que me enche as narinas, e faz salivar.

Rio com o que a minha loba me diz, ela realmente é parte de mim. Mas tem razão, a comida é uma boa forma de socializar, e eu também estou com fome, isto de falar em frango deixou-me aguada.
Passo por toda aquela multidão e chego finalmente à mesa, mas entretanto sou impedida por uma figura alta à minha frente, em que as costas são a coisa mais robusta que eu vi à face da terra. Costas largas e um enorme apetite, realmente era o tipo de lobo comum. Mas algo nele me atraía, o seu cheiro, que não conseguia identificar, devido à mistura de cheiros com a comida, e a sua figura, era-me muito familiar.
Eu tento ao máximo chegar ao dito frango, ma parece impossível. Chego a um ponto em que desisto, triste por não poder apreciar do mesmo, mas não estava disposta a entrar numa batalha por ele, não valia o esforço.
- Tens ainda um bocado aqui! - ouço alguém a avisar-me quando me ponho de costas para a multidão em frente à bancada com o frango.
Quando me viro para ver quem foi que tinha falado comigo, fico sem falar. Era ele, eu sabia que conhecia aquela figura de algum lado!

P.o.v Chloe

Sentia-me super confortável, além do cheiro maravilhoso que sentia à minha volta, parecia que o ambiente estava quente, um quente bom.
Abro os olhos de vagar para não me chocar com a luz que parecia vir de uma janela.
Estava agarrada a uma mão, muito grande por sua vez, e tinha um monte de cabelos à minha frente. Eu não conseguia perceber onde estava, nem com quem estava, por isso decidi sentar-me para ver melhor a cena.
Deparei-me com Trevor deitado com a cabeça e os braços na minha cama, que parecia ser de hospital, dado também a data de tubos e soro espetados na minha pele. E eu ainda agarrada à mão dele, tal como ele à minha. Não fui capaz de as separar, tanto que me distraí com a sua face. Era tão bonita e simples, ninguém diria que se tratava da mesma pessoa que me ameaçou. Toquei na ligeira franja que o seu cabelo despentado fazia, afastando-a dos olhos, de forma a observar melhor a sua cara. 
Era mesmo bonito. Quando percebi estava a sorri. Isso é muito estranho, melhor parar, sim porque ainda estava a acariciar a testa do rapaz.

- Não pares! Está a saber bem!  - ouvi alguém murmurar muito rouco, com a típica voz da manhã.
Assustei-me ainda mais quando os seus olhos estavam centrados nos meus, eram os mesmos olhos gélidos, de um azul puro, que outrora me ameaçaram. Eu senti o medo subir-me pela espinha. Não fui capaz de fazer nada, e manti-me reta até que ele tomou a ação e pegou na minha mão pousando-a de novo na sua cabeça.
Senti isso como um sinal para que continuasse com o que estava a fazer, não iria contrariar o seu lobo de novo. Permaneci a fazer-lhe massagem na cabeça, até que sinto a presença do meu pai, juntamente com um rosnado de insatisfação do mini alpha ao meu lado ao perceber que era hora de terminar.
Antes que o meu pai entrasse, Trevor olhou para mim e agarrou-me a mão.
- Quando for hora de saíres do hospital sou eu quem te levo, o teu pai tem que se encontrar com o meu. E tu ficas à minha responsabilidade para eu te integrar na alcateia.
Os seus olhos permaneceram nos meus, mas desta vez eu não senti medo, apenas fiquei surpresa pela sua ação.
Concordei, meio ainda em choque, não só pelas suas palavras, mas também pela sua aproximação. Além do cheiro que emanavam no quarto, lavanda e mel, um cheiro suave, mas ao mesmo tempo penetrante.

Este cheiro maravilhoso, de onde vem? - pergunta Leo demasiado extasiada.

- Não faço a menor ideia, mas é muito atrativo. - respondo-lhe ao perceber que o cheiro realmente me atraía de uma forma inexplicável.
- É ele, o cheiro vem dele Chloe! Preciso de mais, é demasiado viciante! - não sei o que se passava com Leo, mas ela estava completamente submersa no cheiro que, de acordo com ela, vinha de Trevor.
Olhei nos seus olhos, não era capaz de os desviar, até que ouço o meu pai abrir a porta e quebrar esta ligação que tanto nos prendia um ao outro pelo olhar.