Senti minha consciência voltar e quando finalmente abri os olhos eu estava em outro lugar, um lugar completamente diferente do que eu estava antes. Uma floresta completamente escura, mas uma pequena luz ilumina uma estrada a frente. Chove muito, mas, não é tão ruim...
Acho que pra conseguir encontrar um dos desenhos eu deveria seguir essa estrada, não tem mais nenhum lugar pra ir então, vamos seguir em frente. Um caminho imenso e parece que não tem fim, depois de minutos e minutos andando, aos poucos consegui ver uma multidão de pessoas, todas juntas em volta de algo. Como se tivesse acontecido um acidente ali.
Tento me aproximar, mas sou parado por uma criança. um pequeno garoto com olhos claros e um cabelo longo, ele chega perto de mim e sussurra baixinho:- Hey, licença, mas... eu queria perguntar algo. Você me perdoa? Dizem que foi minha culpa, mas eu não tenho certeza... foi realmente eu que fiz isso?
Assustado eu pergunto:
- O que? Do que você está falando? O que uma criança como você fez de tão ruim?
Ele olha no fundo dos meus olhos e calmamente responde:
- Vá e veja você mesmo.
Consigo me afastar do pequeno garoto e tento entrar naquela multidão, parece que realmente aconteceu um acidente aqui, mas... no lugar onde supostamente alguém foi atropelado, há uma folha de papel no chão. Quando finalmente consigo passar por toda aquela gente, eu pego a folha no chão. é outro desenho e novamente leio em voz alta o poema escrito em baixo dele.
Fernando pessoa "Nunca conheci quem tivesse levado porrada
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita
Indesculpavelmente sujo
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, absurdo
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante
Que tenho sofrido enxovalhos e calado
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar
Eu, que quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Pra fora da possibilidade do soco
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia
Não, são todos o ideal, se os oiço e me falam
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil
Ó príncipes, meus irmãos
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado
Poderão ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza
Argh! Estou farto de semideuses
Argh! Onde é que há gente? Onde é que há gente no mundo?"De novo sinto uma parte de minha memória voltar como um flash, e sinto como se estivesse caindo novamente.
- Por que sempre diziam que aquela criança foi culpada, não faz sentido, pois "ela" empurrou você, "ela" fez seu papel em te proteger... “Ele” sempre o culpou, e agora aquela pequena e inocente criança tem vários problemas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Memórias póstumas
Mystery / Thriller+13 essa história contem temas que podem ser sensíveis a certas pessoas !! OS DESENHOS USADOS NA HISTÓRIA SÃO DE MINHA AUTORIA!! "Memorias perdidas, fragmentos no qual eu supostamente queria muito esquecer, preciso afundar no fundo do meu subconscie...