(Dis)parejo

Capítulo II - Fatídica coincidência!

Fazia quase seis anos que Sasuke trabalhava realizando o seu sonho, ser professor infantil era um desejo que existia dentro de si desde pequeno, de tanto admirar um querido professor que por coincidência era um japonês, que lecionava em sua escola do primário no Canadá. Se o perguntassem agora, não lembraria mais seu nome, embora a imagem viva de seu cabelo prateado em um corte que o fazia lembrar um metaleiro dos anos 90, ainda era viva dento de si. Ele fora seu ídolo dos quatro aos seis anos, quando precisou mudar de escola, mas nunca se esquecera do tal sujeito, prometendo a si mesmo que seria como ele um dia.

Não fora fácil, dias de verdadeiras lutas foram enfrentados, noites mal dormidas para conseguir terminar artigos ou a monografia, vezes que mal se alimentou por medo de atrasar o aluguel ou a mensalidade da universidade, principalmente quando Itachi infelizmente deixou de o ajudar. Entendia o irmão, ele precisava pensar em outras pessoas, não havia muito a ser feito. E o Uchiha mais novo se considerava homem suficiente para viver por conta própria. Deu certo, ali estava ele, sem nunca ter pensado em desistir.

Bem, quer dizer, houve uma vez, quando pensou em largar tudo e ir atrás de alguém, porém graças ao irmão novamente, não tomou o passo errado, usou de todo o ressentimento que sentia para seguir em frente com ainda mais força, certo de que nunca mais entregaria o coração a outro alguém. Nem mesmo se importava com a fama que circulara nos últimos meses na faculdade e infernalmente o perseguia até no trabalho: Sasuke não possuía coração. O que não era de todo uma mentira, ele tinha aquele órgão, mas não o tinha por inteiro, alguém o destroçara uma vez e o que restou era de uso exclusivo dos alunos que tanto amava, por isso, tanto fazia que seus colegas o achassem frio e distante. Recebia e distribuía afeto apenas aos pequenos de sua classe.

No entanto, não era como se não tivesse nenhum amigo na vida, para falar a verdade, se dava muito bem com seus novos colegas da escola que passara a trabalhar a mais ou menos um ano. O lugar era bem-conceituado, fazendo com que uma lista de espera de pais praticamente brigassem para pôr seus filhos ali, sendo uma grande surpresa que no meio do ano um aluno conseguisse vaga.

- Dizem por aí que a mãe é uma grande amiga da diretora Hyuga. – a ômega de madeixas cor de cerejeira comentou, espiando por cima do ombro alheio a ficha da criança em suas mãos.

- 'Tá explicado então. – deu de ombros.

- Posso ver? – pediu a ficha que logo lhe foi cedida. - Namikaze Menma; gênero secundário: não definido, ué? Ah, ele ainda não completou cinco anos; tipo de sangue: AB+; já sabe ler e escrever? Nossa, me dá ele, Sasuke? – brincou, continuando a ler as notas e outras informações. - Eu achei que a mãe era a amiga da Hyuga, mas um tal de Namikaze Naruto que fez a matrícula e assinou como responsável.

O sobrenome não lhe dizia nada, mas a simples menção daquele maldito nome fez seu estômago revirar. Sem perceber cerrou os punhos com força.

- Sasuke? Terra para Sasuke! – sacudiu a folha em sua frente. - Dormiu de olhos abertos? Vamos? Temos que ir receber os alunos para o primeiro dia lá na entrada do prédio.

Haviam muitos Naruto's no Japão, um nome bonito, porém comum, não tinha como ser o mesmo, além do mais, o sobrenome era completamente diferente. Sim, sem dúvidas outra pessoa.

[...]

Já havia saudado a todos os seus alunos, garotos e garotas entre três e dez anos corriam por todo o pátio, esperando o sinal tocar para irem a suas respectivas classes. Alguns professores, cujas turmas já estavam presentes, apenas observavam de longe a movimentação das crianças, zelando para que a euforia da volta às aulas não terminasse em escoriações logo no primeiro dia. Outros, apenas aguardavam o restante dos alunos chegarem, e esse era o caso de Sasuke e Tenten, uma professora de origem chinesa, mas que havia crescido no país nipônico. O alfa ostentava sua costumeira cara de desinteresse, enquanto a jovem morena tagarelava animada ao seu lado, até se calar ao ver uma cabeleira ruiva conhecida, correu até ele.