Único

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Reki era fofo.

Não importava o quanto ele negasse, todos continuariam o achando irreversivelmente fofo. E Langa não era diferente.

Desde criança ele era assim. No dia em que mesmo com raiva, escreveu uma cartinha de desculpas para Langa depois de uma tarde brigados. Ou no aniversário em que desenhou os dois de mãos dadas na praia e prometeu levar o amigo a uma um dia. Ou até no feriado em que o azulado ficou doente e perdeu o passeio da escola, e Reki fez questão de tomar conta dele, dormir ao seu lado e segurar sua mão até a febre alta passar. Langa queria muito ir no passeio com a turma, e se não fosse pelo ruivo, manhoso como era na época, teria chorado até desmaiar de cansaço.

Todos sempre o acharam fofo. Mas não era o que ele queria. Queria que o vissem como um garoto bonito, forte, atraente, não somente fofo. Reki até poderia ficar feliz em ser assim, se as pessoas ao redor não ficassem constantemente apertando suas bochechas ou dando abraços de ursos que o faziam perder o fôlego. Era irritante e desnecessário, sem contar que as garotas nunca se interessavam por si, além de um possível brinquedinho de apertar.

Porém, o azulado o achava adorável. E não tinha filtro algum em lhe elogiar abertamente. Langa amava como Reki corava facilmente e como enchia as bochechas de ar quando estava emburrado, mas mais do que isso, adorava acariciar os fios ruivos sempre que via o amigo irritado.

Havia se tornado um vício para si. Não sabia quando começou com essa mania, mas a sensação das mechas sedosas entre seus dedos era inebriante. E qualquer desculpa era usada para entrar em contato com o cabelo do outro, mesmo este reclamando o tempo todo e o pedindo pra parar. O azulado não conseguia, amava aquela sensação. Assim como amava como seu peito se enchia de amor ao encarar a face do ruivo, ou como seu coração se acelerava no mínimo toque entre seus corpos, ou o cheiro que Reki deixava em suas roupas ao abraça-lo. Assim como amou e sempre vai amar aquele garoto, que agora se encontra dormindo no futon ao lado.

Devargar e silenciosamente, Langa levou a mão até o cabeleira bagunçada do outro e deixou seus dedos desfrutarem das correntes elétricas que arrepiaram todo o seu corpo, como acontecia todas as vezes. E ao seu lado, o ruivo tentava de tudo para controlar a quentura que ameçou surgir em seu rosto, ainda fingindo estar dormindo, o que não demorou a realmente acontecer com o carinho relaxante que recebia na cabeça.

Poderia nunca admitir em voz alta, porém, portanto que fosse Langa, o ruivo não se importaria de continuar recebendo aquele carinho.

Carinho Mal-Vindo(Renga)Onde histórias criam vida. Descubra agora