Dear Lalisa

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Roseanne Park, 25 de janeiro de 2010
Paris, França

Carta para Lalisa Manoban.

Irei escrever essa carta, mesmo sabendo que ela jamais chegará até você, pois eu não sou corajosa ao ponto de abrir meu coração neste papel e enviá-lo.

Já estamos em 2010, o tempo passa tão rápido que às vezes penso que a vida é um carro de fórmula 1.
Aqui em Paris está congelando de tão frio, temperaturas abaixo de zero diariamente, me trazendo a memória os dias em que você me esquentava com o calor de seu corpo.
Ah, sim, estou morando em Paris desde março do ano passado.
Decidi me mudar para cá quando percebi que ficar em Nova Iorque não estava me fazendo bem, pois tudo me remetia a você naquele lugar.
Desde que fostes embora, desde que me deixou sem uma despedida, eu passei a me questionar o que eu tinha feito ou deixado de fazer para você ter me deixado assim, sem mais e nem menos, sem um beijo, sem um abraço, sem um adeus.
Na verdade, eu fiquei sabendo por meio do senhor Kang —porteiro do prédio onde você residia, que você tinha ido embora.
Segundo ele, você tinha chegado no prédio de manhã bem cedo, e quando saiu no final da tarde, estava com muitas malas, e foi se despedir do mesmo, dizendo que iria voltar para a Tailândia, o agradeceu por tudo e entrou no táxi que estava a sua espera.

A partir daquele dia, eu tentava contato com você diariamente, mas não tinha êxito algum.
Eu me perguntava por qual motivo você tinha me deixado tão de repente e sem motivo algum aparente.
Afinal, estávamos bem, não brigávamos fazia semanas, então por que você foi embora?

Eu tentei sair de casa para me distrair, mas tudo me lembrava você.

No dia seguinte que você me deixou, eu fui até a casa de Sooyoung para tentar me distrair, mas no caminho, passei pela cafeteria que tivemos nosso primeiro encontro.
Tinha se passado 4 anos, mas ela continuava praticamente a mesma coisa, apenas algumas reformas na fachada e algumas alterações no cardápio.

No terceiro dia, fui até o teatro, mas chegando lá, lembrei do dia em que nós fomos assistir a uma peça para comemorar nosso primeiro ano juntas.

No quarto dia, decidi ficar em casa, mas assim que tomei banho quando acordei, vi sua escova de dente no meu banheiro.
Você tinha uma lá em casa, já que às vezes passava mais tempo na minha casa do que na sua.

No quinto dia, fui para a faculdade, mas chegando lá, todos me perguntavam sobre você, já que não tinha um dia sequer que nós não chegávamos juntas.

E assim eu fui vivendo, até que quando chegou no sexto mês, eu me formei.
Nós iríamos nos formar juntas, e iríamos viajar para comemorar que tinhamos conseguido.
Iríamos ficar 5 dias na Tailândia, seu país natal, e depois iríamos ficar 5 dias na Austrália, país que vivi minha vida quase toda.

Quando eu percebi que tudo naquela cidade me remetia você, eu decidi me mudar.
Eu já não aguentava mais viver em um lugar onde tudo e todos me lembravam de uma pessoa que tanto me machucou.

Depois de conversar com Sooyoung, Jisoo, Jennie, Joohyun e Seulgi, nós decidimos, juntas, vir morar em Paris.
Jennie era muito próxima de você, e ela estava agindo estranho desde que você foi embora.
Eu tentava conversar com ela, mas ela sempre fugia e eu sempre deixava para lá, já que eu nunca gostei de incomodar ou invadir a privacidade das pessoas.

Mas, alguns dias antes de virmos para Paris, Jennie me ligou dizendo que tinha algo de extrema importância para tratar comigo, então fui quase que correndo até a casa dela.
Chegando lá, depois de enrolar muito, Jennie me contou tudo o que você a tinha dito.
Você tinha ido embora para a Tailândia sim, mas não foi de repente como eu imaginava.

Você foi para a Tailândia juntamente a outra mulher.

Jennie não quis me dizer o nome da mulher, apenas disse que era uma amiga de infância sua, e que a havia reencontrado e se envolvido, com isso, decidiu se mudar para a Tailândia para viver com ela.

Você me traía, Lalisa.
Enquanto eu me entregava inteiramente, você estava com outra.
Você tinha jogado mais de quatro anos de relacionamento no lixo, tudo isso por causa de outra mulher.

Eu não era suficiente?
Todos os eu te amo eram mentira?
Todos os planos eram apenas para me iludir?

Eu conseguia ouvir meu coração se partindo ao meio, eu conseguia ouvir os barulhos dos cacos caindo no chão.
Eu sentia dor, muita dor.
Eu sentia culpa.
Eu sentia tristeza.
Mas acima de tudo, eu sentia medo.
Medo de não conseguir restaurar meu coração, medo de não ser suficiente para mais ninguém, medo de ser quebrada novamente.

Agora, aqui em Paris, no dia 25 de Janeiro de 2010, sentada em frente a janela de meu quarto, olhando as pessoas andarem completamente agasalhadas em meio a neve, enquanto escrevo esta carta, eu percebo que na verdade, a culpa nunca foi minha.

A culpa nunca foi minha de me entregar.
A culpa nunca foi minha de te amar.

Mas, a culpa também nunca foi sua de amar outra pessoa.
A culpa também nunca foi sua de não me amar na mesma intensidade que eu te amava.

A culpa não foi de ninguém.
O destino quis que tudo acontecesse dessa forma.
E no final de tudo, assim foi melhor.

Agora eu sei que você está feliz, com a mulher que descobri se chamar Minnie, morando na Tailândia.

Eu ainda estou juntando os pedaços quebrados do meu coração, conhecendo pessoas novas, vivendo de verdade.

Nesse intenso inverno aqui em Paris, eu te agradeço, Lalisa.
Te agradeço por ter me transformado em uma mulher madura e leve.

No final de tudo, eu aprendi a viver sem você, e entendi que eu não preciso de outra pessoa para me sentir completa.

Aprendi que eu sou a metade da minha laranja.

Letter To LalisaOnde histórias criam vida. Descubra agora