Descendente Da Morte (Pausado Temporariamente)

cap- 2 Maíra?

Abro lentamente meus olhos, com uma dor de cabeça brutal, onde eu estou? Esse quarto me parece familiar, mas onde eu já vi? Ele me parece bastante luxuoso, e eu nunca estive em contato com muito luxo na minha vida anterior, então... Onde eu já vi?

Por um momento me veio leves flashbacks, princesa Maíra, quarto luxuoso... Mas é claro, como não pensei nisso antes!

Fui até o espelho e olhei meu reflexo, cabelos longos até a cintura (lindos e mil vezes mais hidratado que o meu verdadeiro), tão escuros quanto a noite, olhos pretos tão brilhantes, como se tivessem estrelas neles, pele tão delicada que parecia porcelana, definitivamente uma nobre!

Eu estou em um livro que tinha lido na minha vida passada! Espere um minuto... Maíra seria a vilã certo? É aquela personagem que morre tragicamente no final do livro? Então as palavras de Morgana vieram a tona em minha mente como um raio: "eu lhe garanto que você irá querer mudar o destino". Claro que vou! Eu morro no final, porque não iria querer com todas as minhas forças mudar ele?

E então toda explicação de Morgana fazia sentido. É claro que eu conhecia esse mundo, li aquele livro três vezes! E nas três vezes defendi a vilã por ter sido injustiçada, maldita hora em que fui sentir pena, agora aqui estou eu!

- Deusa mal caráter, golpista, manipuladora, filha de uma...

- olha a boca! - responde Morgana em minha mente, me interrompendo- você queria reviver, esta viva, se continuar me julgando não lhe ajudo mais, e te deixo se virar neste mundo!

- perdão senhora. - digo com sarcasmo. - mas sério isso? Logo a Maíra? Até a tiazinha da padaria tava de bom tamanho! Do que adianta me ressuscitar se vou ter uma morte pior ainda?

- nem é uma morte tão ruim assim vai... - diz Morgana, e faço uma feição indgnada- ok, ok, é péssima, mas tem um motivo.

- ela é torturada até a morte, eu vou ter essa morte, TEM UM MOTIVO É? Eu espero que ele seja ótimo pra me submeter a isso! - digo irritada.

- não posso te contar qual agora, mas logo ira saber, e você pode tentar mudar esse destino. - diz Morgana, tentando se defender.

- por que não posso saber o motivo? Pros seus joguinhos serem mais divertidos? - digo, mas fico surpresa ao ouvir uma risada como resposta, tendo a confirmação de que essa é a intenção. - sério isso? Você vai mesmo deixar eu lutar com um Deus pra ver quem domina meu destino por diversão? Por que eu? E por que este mundo? Claro, você obviamente não vai me dizer, certo?

- certíssima! - responde ela, solto um suspiro de frustração. - mas pare de reclamar e veja as coisas a seu favor, você sabe cada passo dessa história, use para tentar mudar seu destino! Não deve ser tão difícil, certo?

Errado, ela sabia tão bem quanto eu o quão difícil seria. Não sabia que a morte tinha tanto tempo livre assim pra ficar entediada, ocupada uma ova, ela só não quer me ajudar mesmo, mas darei meu jeito, ela vai ver, não perde por esperar!

- bom, se já acabou com o draminha tenho mais o que fazer, te vejo depois, mas até lá, bons surtos, beijos. - diz Morgana.

Ah que raiva, quando ela se tornou tão debochada?

- ah mas não vai pra lugar nenhum, volta aqui, não acabei com você ainda não... Morgana?... Morgana!

Ótimo, agora vou ter que dar meu jeito. Vamos recapitular o básico desde o início: Maíra foi uma princesa que nasceu no reino de Cristallya. Esse reino é chamado assim por ser rico em cristais (mesmo que seja um dos menores reinos e menos desenvolvidos, enfim a hipocrisia). Os pais dela estavam tentando fazer o reino prosperar, e sempre foram bons e justos, até que os tios dela vieram morar um tempo com eles. Eles eram invejosos e desejavam o trono mais que tudo, e armaram pros reis, eles planejaram um acidente para eles. Resultado? Os reis morreram em um assalto. Enquanto iam para o reino vizinho, os reis foram assassinados por ladrões, uma história fácil pra todos caírem, não? A pequena princesa Maíra, desconfiada de seus tios, tenta achar a verdade, e eles mataram sua governanta, que a criou por todos esses 9 anos, na frente dela como forma de a calar. Pra não levantar muitas suspeitas, eles resolveram não matar a princesa. Aos olhos de todos eles a "pegaram para criar", para quando ela completar a maioridade poder voltar ao trono que é seu por direito. Eles a maltrataram de várias formas: deixando ela sem comer, dando trabalhos seguidos pra não descansar, fora as surras constantes, e tudo isso fez ela perder as emoções pouco a pouco e se tornar praticamente uma máquina, e ela jurou que iria conseguir poder o suficiente pra se vingar.

Aos seus 13 anos ela foi vendida pro reino vizinho, como acordo de paz (e porque eles tinham que se livrar dela, pra ela não roubar o trono). Ela foi vendida diretamente pra família real, a rainha estava interessada em casá-la com seu filho mais velho, como princesa, ela sabia se portar bem, e foi criada desde pequena pra assumir o trono. Tinha também um poder único, e a rainha queria que os descendentes o herdassem para deixar o Reino mais forte. Maíra viu nisso uma oportunidade de ganhar poder pra se vingar, já que esse reino governava todo o país, e era enorme e bem desenvolvido. O rei obviamente discordou, disse que ele poderia escolher a noiva, ou pelo menos escolher uma princesa de um país maior, então ela foi colocada como cavaleira, e treinada para cumprir missões e proteger o reino.

- caraca, com um passado desses até eu iria ser depressiva e querer matar todo mundo, entendo ela. - disse pensando sozinha.

- Maíra? Ta ai? To entrando. - diz uma voz feminina. Ela tinha um uniforme de cavaleira, talvez seja da minha equipe, mas não me recordo quem.

- O-oi, o que deseja? - respondo, tentando soar natural, claro que não ficou natural, EU TO SURTANDO!

- você ta bem? Não me cortou, nem mandou um olhar mortal, nem jogou indiretas, fora que esta pálida, esta passando mal? - meu Deus quantas perguntas, o que eu faço?

Tento pensar na melhor forma de sair dessa situação, até que me vem em mente a melhor saída possível: fingir um desmaio. O que? Não me julguem, fiz aula de teatro na minha antiga vida, então sou praticamente formada na arte de desmaiar. Na mesma hora já cai no chão e... Ai! Erro de cálculo, provavelmente minha cara vai ficar roxa, mas foi bem realista então, missão cumprida.

- santa Selene! Você está bem? Claro que não está bem, acabou de desmaiar! Vou te levar a curandeira- disse a menina, ainda estou tentando lembrar quem é ela.

E como se eu não pesasse nada ela me levantou e saiu correndo nos corredores comigo em seus braços, essa menina é o que, o Hulk? Eu sou maior que ela, ela é bem mais baixa e me levantou como se eu fosse uma pena!

- Amélia! A Maíra desmaiou! - disse a menina, acho que Amélia é a curandeira certo? Eita! Uma curandeira! Ela vai saber q foi falso! Será que meu rosto roxo engana?

- coloque ela aqui, o que houve exatamente? - perguntou a curandeira

- bom, eu fui chamá-la pra missão urgente que surgiu de última hora, ela estava atrasada e eu sabia que o príncipe ia surtar com ela, ai ela teve um piripaque e desmaiou - respondeu a menina Hulk, sério, quem era ela no livro mesmo?

- certo, deixe-me examinar ela, pode ser algo grave pois ela não é de se atrasar nem desmaiar e... Você poderia esperar lá fora um minuto? -  Amélia mudou o tom de voz depois da pausa, será que ela descobriu?

A menina apenas acenou e saiu, a curandeira esperou uns minutos sem pronunciar nenhuma palavra, e isso esta me matando por dentro. Mas vamos tentar pensar positivo, ela pode não ter descoberto e...

- já pode parar de fingir Maíra. - diz ela acabando com as minhas esperanças, deu ruim. - não se preocupe, ela já foi, mas espero uma boa explicação pra isso mocinha!

Abro meus olhos e observo Amélia me encarar esperando uma explicação. Ela devia ter uns 30 anos, seus cabelos eram loiros bem claros um pouco abaixo dos ombros, e seus olhos num tom de mel bem claro.

- bom... Digamos que eu... Perdi minha memória, e não lembro quem é ela e quase nada aqui- que desculpa mais esfarrapada! Se bem que é uma meia verdade, a história da vilã esta clara em minha mente, mas os personagens não me recordo muito- então achei mais simples e rápido fingir um desmaio enquanto penso em algo.

- oh! Esperto, e bom fingimento, mas vamos cuidar deste ferimento primeiro - disse ela passando uma pomada em meu ferimento, agradeço mentalmente por ela ter aceitado a história tão bem e sem mais perguntas - mas não vejo nenhum motivo aparente pra perda de memória, analisaremos isso com calma e...

Ela foi interrompida por passos altos nos corredores e a porta sendo aberta brutalmente com um barulho estrondoso.

- ONDE ESTÁ A MAÍRA?!