Prólogo

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Um grito de dor cortou toda a arena chegando aos ouvidos atentos de cada pessoa que ali estava.
Todos os espectadores olhavam em êxtase máximo para os dois participantes da parte final do torneio, a luta final se digladiando até a morte para obter a grande glória prometida pelo rei Leah II. O grande prêmio misterioso que o rei de Sulini não compartilhava com ninguém, um prêmio envolto em mistério assim como toda a família real composta pela mãe doente, do antes príncipe, e o pai que já descansava em paz.

Ninguém conhecia de fato o novo rei já que o príncipe viveu afastado de todos do reino Sulini durante anos, mas o que chamava mais atenção era o fato do jovem e belo monarca não ser parecido com o falecido rei o que ocasiona dúvidas a respeito da fidelidade da rainha acamada. 
Era óbvio que aquelas dúvidas somente eram cochichadas entre as pessoas e nada poderia chegar aos ouvidos do impiedoso rei.

Leah era conhecido por não ser benevolente com aqueles que ousavam se meter em seu caminho.
Dono não só do poder que o reinado lhe trazia, mas também dotado de magia. Era de conhecimento geral que o monarca não só fazia uso da chamada magia nova como também da obscura, mas nem todos conheciam de fato a extensão de seus poderes. 
Só o que interessava para  todos era agradar e manter o jovem monarca feliz mesmo que isso resultasse em sofrimento alheio.
E o sofrimento alheio se resumia ao torneio anual que era promovido em Sulini. 
O tão disputado torneio que enchiam os olhos de feiticeiros dotados dos mais diversos tipos de magia e iludiam as mentes fracas com o desejo de vencer e ter o tão sonhado e misterioso, prêmio. 

— Senhor, acho que já está na hora de parar. De que adiantará se o sobrevivente não conseguir nem abrir os olhos. — Tunir, o conselheiro lhe disse ao pé do ouvido do jovem que fez um aceno como se fosse espantar uma mosca irritante.

— Besteira, ainda acho que está sendo pouco. — Disse com um sorriso sádico ao ver um deles usando um instrumento para conjurar um feitiço em que consistia em cortar as partes expostas do corpo do seu oponente conseguindo por fim, vencer o torneio.

— Acho que agora temos o vencedor.

— Anuncie, vou para meus aposentos. Leve o vencedor para sua glória eterna.

O conselheiro assentiu e fez o que lhe foi ordenado, seus  olhos nunca deixando de seguir o caminho que o rei traçava. Sabendo que ele iria para o aposento, mas antes ele faria um desvio, algo que ele escondia a sete chaves.
Leah caminhava calmamente pelo seu ostentoso Castelo, passando por cada local bonito até chegar nos menos favorecidos destinado a uma pessoa, a que mais odiava.
Por ele essa pessoa indesejada estaria morta, mas já havia uma morte importante em suas costas não precisava de mais uma até conseguir uma desculpa plausível.
Matar a rainha após a "morte" do rei seria muito estranho e geraria boatos, boatos gerariam desconfianças e Leah não teria paciência para ter sua honra posta em dúvida, ainda que não houvesse honra.
Até arrumar alguma outra desculpa, teria que aguentar mais um pouco, mas aquilo não significava que não podia torturar aquele ser.

Seus dedos fecharam na maçaneta caindo aos pedaços e entrou no cômodo velho impregnado com um odor forte de doença. 
Para todos que tinham algum coração, aquele odor era terrível e estar naquele ambiente poderia ser dito no mínimo como incômodo, mas para Leah era o odor da vitória. 
Ele caminhou a passos lentos e desviou de uma poça de vômito que havia perto do urinol. 
Quando chegou perto da cama onde um pequeno e envelhecido corpo estava depositado ele olhou com asco para a mulher ali presente.

— Como vai a senhora? 

A mulher murmurou algo  ininteligível e mesmo não escutando Leah sorriu e se aproximou ainda mais bastante satisfeito por ver a aparência encarquilhada da velha mulher.

—Não lhe escutei. Devo lhe chamar de mamãe? — Disse em tom zombeteiro com um sorriso doentio pintado em seu rosto.

— Socorro, me ajude. — A mulher sussurrou baixinho já sem forças.

Leah se aproximou ainda mais da mulher até que seus lábios estivessem bem próximos de seu ouvido, ele não se importou com o mal cheiro que vinha dela Só se importou de pisar nela, de a humilhar.

— A melhor ajuda que eu poderia lhe dar seria a matando.

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