01 ── Mil anos

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As grandes mãos de Taehyung seguravam com força a madeira da escada, no intuito de subir até a casa na árvore, onde Yoongi já estava o esperando, em menos de cinco segundos o de cabelos pretos já estava em pé no chão da pequena casa.

ㅡ Hey amor ㅡ Chamou enquanto se abaixava para passar pela entrada da porta ㅡ Como está indo?

ㅡ Bem, e você? ㅡ Yoongi respondeu, sentado em um dos pufes que os dois haviam levado para lá há alguns anos e estendendo os braços, no intuito de chamar o mais novo para sentar em seu colo.

ㅡ Estou mais ou menos ㅡ Disse, recebendo um olhar atento sobre si ao mesmo passo que se ajeitava em cima do namorado e sentia os braços o envolveram sem muita dificuldade ㅡ Meus pais viram um spoiler na internet daquela novela que eles assistem e parece que o personagem favorito da minha mãe beija um homem.

Contou massageando as próprias têmporas e sentindo o dedão de Yoongi acariciar seus braços, a respiração quente batendo contra seu pescoço e o loiro depositando alguns beijinhos em seu ombro.

ㅡ Já imagino ㅡ Disse o Min ㅡ Então hoje lá em casa vai ser um inferno também.

Os dois se entreolharam, uma certa dor no olhar, as esperanças de um dia tudo isso acabar escapando pelos seus dedos aos poucos enquanto o mundo parecia insuportável demais.

ㅡ Por que a gente tem que passar por isso? ㅡ Questionou Taehyung, sem necessariamente esperar uma resposta, enquanto sentia as lágrimas fazerem morada em seus olhos.

ㅡ Já tivemos essa conversa tantas vezes antes, amor... ㅡ Deixou a frase no ar vendo o choro do Kim começar fininho, tímido, como uma criança amedrontada com a imensidão de uma noite sem fim ㅡ Não chora amor ㅡ Pediu mesmo sem saber que surtiria algum efeito ㅡ Um dia, eu vou tirar a gente desse inferno, ok? Um dia vai tudo melhorar, um dia olharemos para hoje e vamos rir, a gente só tem que aguentar mais um pouquinho, Taehy...

ㅡ Está aí o problema, Yoongi ㅡ murmurou o Kim com o corpo tremendo e encolhido, encaixado no do Min ㅡ Eu já aguentei por tempo demais, eu... eu... eu-

Yoongi então depositou um beijinho na boca do Kim, em uma tentativa silenciosa de o fazer parar.

ㅡ Minhas cartas da faculdade já estão chegando, bebê, falta apenas uma ㅡ Começou a explicar o Min ㅡ Quando a última chegar, abriremos todas juntos e escolhemos a melhor faculdade, sim? No final do ano eu volto aqui e te busco, vamos recomeçar nossa vida juntos em algum lugar distante e perto apenas de pessoas boas que nos aceitem, certo?

Taehyung apenas assentiu, secando suas lágrimas e voltando a fazer contato visual com o loiro em sua frente.

ㅡ Você se arrepende? ㅡ Perguntou o Kim, levantando o olhar até o do outro menino em sua frente ㅡ Já se arrependeu em algum momento de nós? De ser gay?

O silêncio se estabeleceu nos poucos metros quadrados de madeira por alguns instantes, Yoongi sem saber o que dizer e Taehyung apenas o encarando, ansioso e temendo pela resposta.

ㅡ Eu não me arrependo de nada, nadinha do que a gente passou, Tae ㅡ Disse passando as mãos pelos fios escuros e depositando um beijo na testa do menino ㅡ Eu te amo, nunca duvide disso, amor.

Agora o selar foi depositado na vermelhidão adorável que era a pontinha do nariz de Taehyung.

ㅡ Mas e de ser gay? ㅡ A pergunta temida pelo Yoongi foi efetuada ㅡ Se arrepende de ser gay?

O loiro não respondeu a princípio, ficaram se encarando. O cérebro do Min trabalhava rápido para tentar arranjar palavras para descrever o que sentia dentro de seu peito, porém nenhum argumento parecia convincente, ou pelo menos, não arranjou nenhum que transmitisse o que realmente se passava dentro de si fazia tanto tempo.

Desafiando a gravidade ⌯ kth.mygOnde histórias criam vida. Descubra agora