Precisamos de um Guerreiro

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A savana parecia tão vazia nos últimos tempos, a areia já não ardia como antes e nem mesmo ver a caçada das leoas trazia vida e emoção para esse lugar, afinal, se tornou mais comum ver as hienas caçando. Os outros bandos de leões foram para regiões mais distantes tentando manter distância dos Malheid, mas a única exceção foi o bando que agora pertence a Hélios. "Perdeu vossa sanidade?! Se ficarmos aqui apenas iremos definhar até não conseguirmos mais caçar, o tributo não existe mais!". Disse Zaah, bastante preocupada não só com sua própria sobrevivência mas também com as das outras leoas. "Nós não iremos a lugar algum, leoa velha. Se for preciso eu mesmo caço por nós, além disso a savana ainda tem esperança". Ele se referia aos filhotes Ôkami e Leonardo, não sabia o que ele planejava mas já havia o alertado algum tempo antes, logo após a morte de Oshandi. As chuvas ainda caiam forte naquele dia o que dificultou bastante meu voo com os filhotes, por sorte no caminho encontrei Hélios que estava sentado no mesmo ponto alto onde Rafael costumava ficar para observar a savana. Em questão de segundos pousei atrás do leão que, mesmo notando a minha presença, decidiu me ignorar enquanto olhava a chuva cair. Não podia deixar de comparar meu tamanho com o do felino, acredito que se eu tivesse mais músculos seria capaz de fazê-lo voar. "Além de agora precisar ocupar o título de seu irmão, eu lhe trouxe mais duas pequenas responsabilidades". Falei enquanto mantinha minhas asas longas bem abertas protegendo os filhotes da chuva. "Eu mereço um pouco mais de respeito, Anciã. Meu luto é mais importante do que a prole de desconhecidos". Respondeu o leão com a voz bem rouca e baixa enquanto suspirava forte, acredito que tentava de maneira bem ruim esconder algum sentimento maior que o próprio luto. "Ta bom, então eu mesma cuido dos teus sobrinhos". O provoquei na tentativa de chamar a atenção dele e logo tive êxito, com o leão se virando e vindo rapidamente em minha direção, chegando mais perto para ver os filhotes. Ele os cheirou e sua expressão mudou para algo mais animado enquanto ele os mexia com sua pata enorme. "Você sabe que a única coisa que me impede de cuidar deles é que eu não sou um leão, obviamente. Esse é seu dever, eles são os últimos leões de atlas da savana". Disse, com um pouco de apelo emocional mas que era necessário, afinal quem sabe o que aquela mente amargurada era capaz de pensar? "Então eles são a ultima esperança. Eu assumo a responsabilidade. Com eles ao meu lado, a savana será dos leões outra vez". Respondeu bastante determinado e ambicioso, porém com uma ideia egoísta e perigosa para os filhotes ainda recém-nascidos. "Hélios, eles não são guerreiros ao seu comando, eles são os filhos do Grande Líder da Areia vermelha e da Grande Caçadora dos Ventos! Eu ficarei de olho neles e principalmente em você enquanto estes filhotes crescem, e se for necessário, procurarei um leão mais capacitado para cuidar do futuro da savana!". Respondi bastante exaltada enquanto erguia minhas asas para parecer maior diante do leão. Ele se afastou um pouco e rosnou de volta como resposta, pouco depois pegando os filhotes com a boca e saindo sem dizer mais nada. Dali em diante eu sabia que teria que fazer o papel de mãe para os gêmeos, mas como? Tudo o que sei não posso ensinar na pratica, e o resto não são coisas uteis para um leão aprender. Bom, minhas preocupações foram sumindo a medida que o tempo foi passando pois Zaah, que já havia tido quatro filhas, se dispôs a cuidar dos jovens Leonardo e Ôkami.

Os filhotes eram bastante espertos mesmo ainda tão pequenos, cada tinha peculiaridade e isso era visível principalmente em Ôkami, que mal sabia o que era caçar e já tinha hábitos sorrateiros enquanto brincava de pegar alguns lagartos próximos a troncos de arvore caídos. Ela tinha uma boa postura, passos leves e uma expressão feroz e adorável ao mesmo tempo. Pouco a pouco foi se aproximando para pegar o pequeno lagarto e quando finalmente saltou para dar o bote, o pequeno Leonardo se colocou a frente de sua irmã, fazendo ambos se chocarem e o lagarto fugir. "Argh, sai da minha frente seu intrometido!". Reclamou a leoazinha bastante indignada, e pouco depois seu irmão se levantou dizendo com o peito bem estufado. "Intrometido não, ele era meu amigo, e amigos protegem amigos!". Pouco após concluir sua frase, sem nenhuma chance de defesa, ele teve sua cara jogada contra o chão pela sua irmã, ficando totalmente imobilizado com as patas da pequena leoa em seu pescoço. "Não tem essa, eu sou uma caçadora, caçadoras não ligam para amigos que não sejam leões!". Pouco depois começaram a trocar pequenas ofensas bastante hilárias enquanto se estapeavam, mas  briga foi interrompida com a chegada de Zaah e Minervar. "Quem perder comerá estômago de antílope". Brincou Minerva, logo após se deitando sobre o tronco enquanto Zaah separava os filhotes com suas patas. Pegou um de cada vez para um banho que, pelo menos para mim, parecia bastante desagradável. Os filhotes até na hora de se banhar eram bem diferentes, enquanto Ôkami ficava mais quieta e até mesmo se agradava com a limpeza, Leonardo simplesmente não queria e fazia questão de se sujar outra vez. "Leões precisam estar limpos, nosso cheiro não pode ser percebido na savana". Disse Zaah em resposta aos pequenos protestos do pequeno leão do atlas. "Eu não ligo, quero que sintam meu fedor, o fedor de um Líder!". Respondeu antes de ser lambido até em suas partes íntimas. Pouco após o banho de ambos, Ôkami rapidamente olhou seu irmão bastante decepcionada mudando sua atenção para Zaah, com bastante admiração em seu olhar. "Onder, quando vou aprender a caçar que igual tu?". Perguntou a pequena leoa ansiosa para viver as emoções da savana. Infelizmente sua resposta veio de maneira bem desanimadora por parte de Minerva. "Primeiro tu vai crescer e comer bastante antes, depois aprenderá a lutar e somente após isso poderá começar a aprender nos observando". Aquilo fez Ôkami sofrer em tédio se perguntando o porquê de demorar tanto, enquanto isso o pequeno Leonardo estava... bem... comendo seiva. "Não se parece nem um pouco com Rafael. Se dependermos dele, estaremos pior do que já nos encontramos". Disse Minerva, bastante ácida em suas palavras. "Ele é apenas um filhote, julgamentos não fazem sentido por agora". Respondeu Zaah, mesmo que por dentro também acreditasse nas opiniões da mais nova. "Diga o que quiser, Ma. Tu sabes que ele não é nossa melhor opção". Concluiu logo após se retirando do local. Leonardo ouvia tudo enquanto cuspia a seiva de sua boca, era como se suas brincadeiras fossem uma maneira de não se importar tanto com o que era dito, mas não era muito bom em esconder o que sentia, suas orelhas abaixaram e sua animação de pouco em pouco foi sumindo. Ôkami percebeu a tristeza de seu irmão e como uma boa e carinhosa irmã ela lhe da um forte tapa em sua cabeça e ali ambos começam a brincar novamente.Por horas aquilo se estendeu e das oito lutas, todas bem longas, Ôkami venceu cinco delas. Uma pena, estava torcendo para Leonardo.

Mais tarde Hélios retornou, havia saído cedo, e sozinho ele trouxe um antílope ainda fresco. As leoas o viram, algumas riram e outras pareciam surpresas, houve deboches de Minerva, sussurros de Liriat e até mesmo algumas piadas de mal gosto sobre a "frágil" virilidade do leão. Ele deixou a carcaça no chão e se deitou de costas a ela, parecia não se importar com as ofensas mesmo que estivesse com uma expressão séria e bastante enraivecida. As leoas sem muita cerimonia comeram junto dos irmãos que brincavam até na hora do jantar. "Coma conosco". Disse Miriam, preocupada com seu primo. "Descansarei antes, comam primeiro". Respondeu com uma voz rouca e baixa. "Caçar é trabalho nosso, Hélios". Disse Liriat como se reprendesse o leão, ele então ignorou e se pôs a dormir. Mais a noite os filhotes pareciam mais calmos, bom, foi o que achei até meu sono da beleza ser interrompido pelo pequeno encrenqueiro. Ele caminhava para distante do bando, andava tão descuidado que até o mais doente dos ratos sentiriam seu cheiro, rapidamente cheguei até ele e com um breve rasante pousei em sua frente, enquanto encontrava-se dentro de uma moita alta. "Por algum acaso está querendo ser picado por uma serpente?". Perguntei, enquanto o olhava. "O que tem, Ma? Eu sou um leão, bem grande e forte, nenhuma serpente pode me vencer!". Após sua animada frase, ele acaba por se distrair com um vaga-lume. Gentilmente seguro seu queixo com minhas garras e viro seu rosto curioso e peludo para mim. "Leonardo, as serpentes tem veneno e não são tão legais quanto seus 'amigos' lagartos". Respondi olhando fundo em seus olhos, bem calma e meiga. Ele então tirou minhas garras de seu queixo e continuou a adentrar fundo na moita, agora sobre minha vigia. "Nah! Todo animal feroz só precisa de um pouco de amor e um amigo pra brincar". Aquilo me fez pensar no quanto Hélios e até mesmo as hienas precisavam de um amigo, mas não era hora para isso e então continuei a seguir o filhote, agora eu era seus olhos e ouvidos, bons olhos, péssimos ouvidos em comparação aos de um leão. "Estamos na savana, aqui ninguém confia em ninguém. Todo dia os animais lutam para não serem comidos e... Quer parar de tentar pegar esse vaga-lume!". Tentei ao máximo não gritar tão alto enquanto o via pulando repetidas vezes na tentativa de pegar o inseto brilhante. Lembrava de muito sua mãe, bastante bobo, despreocupado e, acima de tudo, bem pacífico. Essas características poderiam ser aceitáveis para uma leoa, mas não creio tanto que aceitariam a ideia de um leão, grande e poderoso, ser bobo e pacífico. "Vamos, está na hora de dormir". Disse após um longo suspiro, rapidamente me aproximei e peguei-o em minhas garras o levando até onde estavam dormindo Zaah e Ôkami. Assim que chego me pergunto: onde está Ôkami? Logo que o coloquei para dormir sai em sua busca voando rapidamente pela região, e por sorte a encontrei cerca de alguns passos dali. me surpreendi pouco antes descer, vendo então a pequena leoa tentando caçar sozinha agora atrás de um sapo. Decidi não interromper pousando em um toco caído e observando com bastante atenção a pequena leoa que não possuía nenhuma prática mas bastante talento, quase uma prodígio. Se arrastava com sua barriga colada ao chão, evitando ao máximo fazer qualquer tipo de barulho enquanto pouco a pouco se aproximava de sua presa que parecia já ter percebido sua presença, pois rapidamente o sapo se virou e começou a coaxar e inchar seu corpo fazendo se parecer maior e mais perigoso do que realmente era. Naquele momento imaginei que Ôkami desistiria e correria de medo, porém ela enfrentou o sapo, aproveitando o momento de coragem que ele teve e assim saltou em sua cabeça começando a morde-lo com força. Aquilo para mim foi algo inesperado, uma filhote já bastante feroz e impiedosa enfrentando até mesmo os mais corajosos, algo que me lembrava bastante seu pai. Pouco depois de abater o anfíbio, fui em direção a filhote que me recebeu com um olhar não muito agradável. "Você foi muito bem, mas acho que a carne desse animal não é muito boa". Um merecido elogio, porém fui recompensada com silêncio equanto a pequena leoa agarrou firme o sapo e começou a arrasta-lo para o bando. Sem muita demora a peguei gentilmente junto de seu prêmio levando mais rapidamente ao seu descanso. Pude perceber no meio do caminho que ela agarrava firmemente minhas pernas com suas garras bastante finas e afiadas, parecia temer as alturas ou talvez fosse apenas uma forma de reclamar.

Nos dias que se passaram os filhotes foram se aventurando mais pela região, mas desta vez não só sobre minha vigia mas agora Hélios estava com eles. "Aonde vamos?". Perguntou Ôkami. "Conhecer vossa casa, a savana do osso partido". Respondeu o leão enquanto caminhava pela grama alta e bem esverdeada pelas chuvas, sempre contra o vento e com os filhotes próximos de suas patas. "Que maneiro! Por que a savana tem esse nome?". Perguntou Leonardo bastante curioso. "Pergunte para a Anciã, Não sou bom com histórias". Respondeu, e pouco depois se deitaram próximos a sombra de uma árvore, em frente a um campo aberto e completamente cheio de zebras. Hélios bocejou e disse. "Eu vos desafio a contar quantas zebras ali tem". Ele observava os filhotes bem atento e esperando a resposta. "Aposto que são mais do que os pelos do meu focinho". Disse leonardo. "Deixa de ser idiota, não devem ter nem dez!". Respondeu Ôkami logo após dar um forte tapa na cabeça do pequeno macho. Hélios ri e então responde aos filhotes. "Para facilitar, respondam-me, qual é a cor da grama?". Os filhotes ficaram tentando descobrir olhando bem ao seu redor e, no final, ambos não sabiam o que responder ao leão. "Pois bem, as zebras são listradas, e suas listras negras se misturam com a grama enquanto suas listras brancas se misturam ao horizonte. Não da para saber quantas são, a menos que uma se separe do bando". Respondeu Hélios enquanto observava uma mãe um pouco distante parindo seu filhote. Leonardo parecia olhar maravilhado enquanto Ôkami perguntava. "Podemos caçar? Está tão fácil e é dois por um!". Gritou bastante animada e ansiosa, mas Hélios rapidamente pode sentir o cheiro podre e ouvir os sons estridentes das risadas, havia hienas pelo local. Ele rapidamente se levantou, empurrou os filhotes com o focinho e saiu às presas do local. "Nos já comemos, agora vamos logo para o bando". Ordenou. Ôkami o seguiu bastante frustrada enquanto Leonardo parecia intrigado e curioso com aqueles sons e cheiros. Eu tão curiosa quanto, decidi ficar para observar o que as hienas armariam desta vez, principalmente a uma manada de quase 20 zebras. Pude ver de bem distante o grupo de caça se aproximando, desta vez não estavam com Hoog, pareciam apenas alguns machos independentes e sem nenhuma noção, afinal, as zebras apenas parecem inofensivas. Se aproximaram então dois, dos oitos jovens que pareciam estar tentando cercar a fêmea que acabara de parir seu filhote. Coitado, mal nasceu e já precisa começar correndo. Bom, foi o que pensei, até ver o que as zebras planejavam e o garanhão, Líder da manada, tomou sua iniciativa. "Atenção, cerquem o filhote e sua mãe! Não se separem, isso não é um treinamento!". Ordenou o macho Líder, seu nome era Kryger. E assim fizeram as fêmeas, todas se reunindo e mantendo posição ao redor do filhote e de sua mãe, era como uma montanha de listras pela savana, chegava a me doer os olhos. Kryger então foi para frente do bando e começou a zurrar bem alto e forte, mantendo as orelhas para trás, calda agitada e seus dentes a mostra enquanto batia o casco no chão, realmente estava disposto a enfrentar mesmo que fosse sozinho as hienas que ali tentavam caçar. As hienas continuaram, dessa vez tentando fechar um cerco ao redor de Kryger enquanto aproveitavam o fato dele se destacar do bando, e ao redor dele começaram a correr enquanto fechavam o cerco a cada passo que davam, sempre com suas risadas altas. Nem isso foi capaz de afastar o macho que ali estava preparado para lutar e quando veio a primeira tentativa de lhe atacar, com um dos machos rapidamente tentando morde-lo em seus tornozelos, ele revidou com um coice potente e poderoso que foi capaz de quebrar a mandibula da hiena, o jogando para bem longe ao chão. Rapidamente todos os machos se juntaram e ali o mordiam com força, pulando em suas costas e chegando até mesmo a aplicar golpes baixos jogando areia no focinho e olhos de Kryger na tentativa de derruba-lo. Conseguiram, mas não da maneira que buscavam. Kryger se jogou ao chão, esmagando as hienas com o peso enorme de seu corpo, em seguida se levantou e com seus dentes segurou pelo cangote uma das hienas o jogando ao chão e sem a menor piedade esmagando sua cabeça com seu casco. Zurrando alto ele as expulsou dali com sua face coberta do mais puro ódio, parecia até mesmo nem ligar para seus ferimentos apenas para sua manada, determinado em tirar a vida de quem ousasse matar os seus. "Digam a Matriarca que vai precisar de pelo menos 100 para me derrubar, seus carniceiros nojentos!". Gritou em fúria, pouco a pouco se acalmando e voltando para próximo da manada a passos pesados e com uma respiração bem forte e ofegante.

Após o fim de toda aquela brutalidade retornei ao bando de Hélios tendo de sorte de ainda poder chegar junto dele e os filhotes, até que pude ver uma cena bem engraçada e bastante comum, leoas brigando. Era uma brincadeira porem os fortes tapas e as mordidas mesmo que não fossem de maneira letal, eram intensos e divertidos de se assistir, principalmente por duas jovens com pouca experiência, Miriam e Ísis. Assim que Hélios retorna, bastou uma esturrada do macho para que aquele tumulto cessasse, pude perceber que apenas elas duas de alguma forma o respeitavam. "Hienas por perto, aparentemente muitas". Disse Hélios, bastante preocupado. "Hienas, o que são hienas?". Perguntou Leonardo, que rapidamente fora respondido por Liriat. "Carniceiras nojentas, são como monstros, andam em enormes clãs e são comandadas por uma matriarca". Respondeu entre rosnados, com uma expressão de nojo bem forte. "Então a fêmea é quem manda? Legal". Disse a pequena Ôkami. "Não existe nada de legal em seres tão débeis e repugnantes. Ainda mais quando estão dominando boa parte da savana". Disse Minerva enquanto mastigava um graveto bastante grosso. Era notável o desgosto e ódio dos leões com as hienas, não os julgo, eu também teria ódio daquilo que pudesse me comer, faz sentido minha antipatia com serpentes. "Poxa, deve ter alguma coisa legal nas hienas, não é? Eu ouvi os sons e parecem estar sempre rindo". Disse Leonardo, mas aparentemente sua opinião não agradou muito Hélios que rapidamente se virou, rosnando alto e olhando fundo nos olhos do filhote. "Não existe nada de bom nessas criaturas! Tu és um leão, Leonardo, a ultima coisa que deveria sair desta sua boca é algo bom sobre nossos inimigos. Da próxima vez, pense bem antes de opinar". O filhote se encolheu completamente, estava com sua cauda entre as patas, trêmulo e com os olhos arregalados. Podia-se ver lagrimas escorrendo de seus olhos mas rapidamente as secou preferindo esconder enquanto, devagar, se levantou indo para perto de Zaah, que olhava com bastante raiva para Hélios. Um pouco mais tarde, Hélios novamente estava sentado observando seu território da pequena elevação onde seu irmão costumava ficar, pouco depois veio a chegada de Zaah que, aparentemente, não incomodou muito o leão. "Os filhotes estão dormindo?". Ele perguntou. "Minerva está os entretendo, parece ter encontrado publico para suas ironias". Respondeu a mais velha enquanto se sentava ao lado de seu sobrinho. Por um tempo o silencio reinou enquanto eles apenas observavam a savana a noite, totalmente iluminada pela luz forte da lua enquanto a maioria dormia, até que finalmente o silencio foi quebrado. "O que você fez hoje com Leonardo foi bem além do absurdo". Ela disse, repreendendo o leão. "Ele nasceu um leão, ele é filho de um Líder. Desde que chegou ao bando, apenas o vejo agir com desleixo, como se tudo fosse bom e divertido, é inaceitável". Respondeu hélios, bem frio e rígido. "Ele é apenas um filhote, Hélios, de tempo a ele para amadurecer". Clamou a leoa diante da frieza do macho. "Tempo é a ultima coisa que temos a oferecer, leoa velha. Nós não precisamos de maturidade, precisamos de um leão do atlas, um guerreiro! Desde agora posso afirmar que Leonardo não é um leão de verdade". Ele respondeu, chocando não somente Zaah mas também a mim, naquele momento minha única vontade era de arrancar seus olhos com minhas garras e bico. "Se assim acredita, não posso mudar vossa opinião". Ela respondeu, dando assim retorno ao bando enquanto de longe Hélios começou observar ambos os filhotes novamente em suas briguinhas de criança, e enquanto via as vitórias de Ôkami, um sorriso surgia em seu rosto frio e amargurado.


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⏰ Última atualização: May 14, 2021 ⏰

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