Nossa música (a primeira carta)

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Rio de Janeiro, 04 de junho de 2020.


Querido músico,

De todas as muitas composições da vida, por um acaso, nós fomos escritos na mesma partitura, no mesmo sistema, no mesmo compasso. Bastou ela tocar um pouquinho para que percebêssemos que um estava alí tão perto do outro.

Podemos ser notas diferentes, mas fazemos parte do mesmo acorde, e juntos vibramos no mesmo tom. Soamos complementarmente, sem nunca desafiar. Ainda que apareça um acidente ocorrente, eu sei que lá na frente haverá um bequadro para anulá-lo e assim, tudo voltará ao normal e a música seguirá.

Haverá momentos em que a intensidade poderá se variar. Às vezes em forte, fortíssimo, crescendo, decrescendo, piano e até pianíssimo, mas isso será só para dar um "tchan"na música, digamos assim.

Ainda que a música mude de compasso, que ela continue tocando e que nós sigamos juntinhos até ficarmos velhinhos e papai do céu nos levar, e aí, somente aí, aparecer uma barra final. Até que uma barra final nos separe.

Sua musicista.

Toda esta confusão que está (ou esteve) aqui dentroOnde histórias criam vida. Descubra agora