LUCKY - Sarolffo

Caso Indefinido

Quando 'cê tá' apaixonado, 'cê' quer esquecer o mundo, só quer pensar nessa pessoa, só quer estar com ela. Mas quando 'cê' é canceriana como eu, 'cê' quer tudo isso com muito mais intensidade.

A minha vontade naquele momento era dizer 'sim', era ri boba de felicidade por ele me querer 'pra' ele aquela noite. Era abraçar ele, beijar ele enquanto repetia várias e várias vezes o meu desejo de ficar com ele todas as noites.

Ali, olhando 'pra' ele, eu sorri acariciando o rosto dele com o dedo polegar enquanto ele esperava por uma resposta minha.

Ali, olhando 'pra' ele, eu lembrei que só existia uma pessoa apaixonada naquela sala. E não era ele. Lembrei que ele não tinha nenhuma intenção de se apaixonar por mim. Que eu não fazia parte dos planos dele, eu era apenas sua amiga.

E mesmo consciente da conexão que a gente tinha, desse sentimento especial que nos tornou antes de qualquer coisa amigos, eu precisava admitir 'pra' mim mesma e não podia esquecer nem por um segundo que 'pra' ele seria sempre isso: amigos.

É muito difícil lutar contra o que eu realmente quero. Mas ao mesmo tempo eu me questionava até que ponto valeria a pena arriscar não só a nossa amizade, mas também o meu coração.

Eu não queria me entregar 'pra' ele sabendo que no dia seguinte ou daqui uma semana ele poderia aparecer com outra, e eu teria que sorri e suportar como se fosse a coisa mais normal do mundo. Porque nunca seria. Vai doer, eu vou sofrer, vou me questionar por que não fui suficiente 'pra' ele se apaixonar por mim.

Incapaz de responder, eu o abracei pelo pescoço e o beijei. Ele me abraçou pela cintura me apertando contra o seu corpo e retribuiu o beijo. Nenhum dos dois tinha pressa que aquela noite terminasse, 'tava' boa a companhia um do outro, por isso o beijo foi calmo e longo, durando o suficiente 'pra' duas pessoas que não se importavam com as horas. Parecia tão natural estarmos ali, assim, amigos, porém, amigos que se beijam, que se acariciam.

"Quê que 'ocê' acha da gente dá boa noite 'pro' povo e ir 'pro' quarto?" – ele disse beijando meu pescoço.

"Eu acho que eu quero minha taça de vinho que deixei lá fora" – disse rindo.

Não fomos 'pro' quarto, mas também não fomos lá 'pra' fora. Emendamos um assunto no outro, entre beijos e risadas, carinhos e abraços. Iza parou e conversou um pouco com a gente quando 'tava' indo no quarto. Canedo também parou um breve momento quando entrou 'pra' ir na adega buscar outra garrafa de vinho.

Me dei conta que ficamos um bom tempo ali antes de voltar 'pra' área gourmet. Higor 'tava' tão enturmado e alegrinho depois de tanto vinho que nem parece ter notado minha ausência. Naquele momento já 'tava' seguindo todos no instagram.

Já passava das 3h da manhã quando JP se levantou anunciando que ia embora.

"Gente, essa é minha deixa. O papo 'tá' bom, mas acho que também já vou" – eu disse me levantando, seguida por Higor – "Amanhã o trabalho me chama" – disse rindo.

"Quê isso, Sarita?" – ele se levantou num salto, surpreso comigo.

"Se quiser, dou carona 'pra' vocês, Sarah" – JP disse olhando de mim 'pra' Rodolffo.

"Oh, Sarah, posso ter um dedo de prosa com 'ocê'?" – ele perguntou sério e eu assenti.

Fomos andando em silêncio até a sala onde momento atrás estávamos nos beijando.

"Não 'tô' entendendo" – ele começou, quebrando o silêncio – "Nós não ia ficar junto esta noite?"

"E nós ficamos" – ensaiei um sorriso .