Capítulo 01 Reencontro.

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Transilvânia

A música tocava e os corpos se moviam ao ritmo dela, eu podia sentir o sangue pulsar nas veias deles e seus corações batendo despertavam todos os vampiros no salão, mas ainda não era o momento certo para o banquete, o rei ainda não havia chegado então nenhum humano poderia ser tocado.

Mesas enormes acomodavam um grande banquete com comida humana suficiente para muitos humanos, observei os mesmos se banquetearem enquanto falavam uns com os outros, aguardavam o rei Alin Petran, a realeza vampírica, é claro que os humanos não tinham conhecimento que seu rei era um vampiro de quinhentos anos e isso só tornava tudo mais divertido porque eles nunca sabiam para onde iria seus amigos desaparecidos, após beber o sangue deles alguns poucos sobreviviam e se tornavam vampiros mas todos estavam ligados a vontade do rei através do rubi que tinha o poder de controlar os vampiros, ao menos até hoje quando o rei dava uma ordem usando o rubi ninguém conseguia resistir a ele, o rubi do rei era uma relíquia do primeiro vampiro, do qual ninguém sabia quase nada.

Os humanos a séculos foram convencidos de que erámos deuses entre os mortais e fico pensando que esse era o único motivo de não tentarem nos matar com estacas e tochas, porque alguém lá no passado os convenceu que era um deus e por isso tinha habilidades incríveis, os convenceu também que se aparecesse na luz do sol o sol que era o deus supremos os arrebataria para junto dele na morada dos deuses. é claro que uma história quando se é contada tantas vezes através dos séculos acaba se tornando uma verdade absoluta onde ninguém questiona.

Me lembro de quando eu mesma acreditava nessa mentira cruel, de como eu era ignorante em relação as criaturas da noite assim como esses humanos que estão prestes a morrer e sorriem se sentindo sortudos por estarem em um banquete real.

- Daria, a vampira ressurgi dos mortos finalmente.- a voz de Adrian Slavik surgiu atrás de mim, me virei para ver seus olhos castanhos avermelhados me encarando com satisfação.

- Já estamos todos mortos Slavik.- respondi e observei seus olhos percorrerem todo meu corpo em apreciação, eu usava um vestido vermelho sangue com um enorme decote, meus cabelos negros como a noite caíam pelas minhas costas como cetim.

- De fato estamos Daria, mas você realmente incorpora o papel de sua condição física e desaparece por tempo demais, eu senti sua falta como se o chão tivesse sido arrancado de meus pés, me deixando assim completamente desnorteado.- ele se inclinou para mim e quando estava muito próximo sussurrou tais palavras, um arrepio transpassou por meu corpo gelado como sempre acontecia quando Slavik fazia isso.

Ele estava usando aquela voz sussurrante para mim, a voz que me agradava muito e que era carregada de desejo, meu corpo reagiu a ele como de costume e um sorriso satisfatório nasceu em seus lábios porque ele sabia o efeito que causava em mim, sorri para ele diante de seu charme, afinal eu havia sentindo muito sua falta nesses três anos longe.

Eu me inclinei até ele e passei os dedos nos cachos vermelhos que cobriam sua fronte, ele era uma visão da qual eu não me cansava jamais de olhar e isso poderia ser um verdadeiro perigo no mundo ao qual eu vivia, vampiros não se apaixonavam, eles se desejavam, sentiam luxúria, sentimento de posse, de alguém pertencer a eles, seja vampiro ou humano, mas os sentimentos que eu nutria por Slavik eram diferentes.

- Slavik você é minha fraqueza.- sussurrei em sua orelha e me afastei para olhar seus olhos castanhos avermelhados.

- Amor é força, não fraqueza.- rebateu ele.

- Discordo.- Cíbran falou se aproximando de nós, seus olhos azuis me fitaram me analisando e cobiçando, o que sempre me incomodava mas eu não deixaria meu incomodo transparecer, não daria a ele esse prazer de achar que de alguma maneira me afetou.

- Discorda porque exatamente?- desafiou Slavik se virando para Cíbran que ainda não havia desviado seus olhos azuis de mim.

Calmamente Cíbran desviou seu olhar de mim para Slavik que exibia uma expressão ciumenta no olhar, Adrian estava dando o que ele queria demonstrando em sua expressão o ciúme.

- Olhe para você Slavik me encarando como se quisesse me matar só porque eu olhei para ela, isso meu caro é fraqueza, esse amor não te deixa pensar logicamente e nubla seus julgamentos e enquanto você olha para mim assim com seu ódio totalmente transparente ela me olha como se eu não passasse de um inseto e esconde seus reais temores e inseguranças em relação a mim, o que é muito inteligente mas me faz para pensar, se ela consegue disfarçar tão notavelmente seus sentimentos então talvez seja porque eles não existam.- Ele destilou seu veneno sobre Slavik que avançou contra ele incapaz de se controlar, um soco foi desferido contra Cíbran que caiu ao chão sobre o olhar dos humanos que olharam alguns alarmados e outros apenas curiosos.

- Vá destilar suas mentiras em outro lugar!- esbravejou Slavik e eu o segurei tentando conte-lo antes que a guarda do rei intervisse eu o puxei para um canto mais reservado.

-Slavik o que pensa que está fazendo!- falei para ele ficando tensa por sua explosão fora de hora.

- Cíbran insinuou que você não tem sentimentos por mim e olhou para você como se fosse dele, eu devia arrancar a cabeça dele.- se justificou.

- Cíbran provocou você no segundo em que abriu a boca e você como um tolo caiu em seus jogos imbecis, estou aqui agora e sabe que sou sua.- falei me aproximando dele e segurando seu rosto entre minhas mãos, seu olhar antes furioso agora estava mais suave e pareciam cintilar para mim, como duas chamas eles estavam.

Suas mãos deslizaram para minha cintura e me puxaram possessivamente para si, eu me deixei ser puxada para ele sem qualquer resistência ficando um tanto fraca em seus braços.

Seus dedos subiram pelas minhas costas nuas e acariciavam suavemente enquanto eu amolecia mais em seus braços, seus lábios tocaram em meu pescoço e suavemente ele depositou um beijo ali, um beijo lento e quente, mesmo que nossa temperatura fosse fria eu nunca sentia isso perto dele, jamais.

Fui pressionada mais contra seu corpo até sentir o volume em sua calça sendo pressionado contra mim e percebi que se eu não dissesse nada logo Slavik iria me levar para algum lugar longe dos olhos de outros e eu não conseguiria nem ao menos conversar com ele.

- Slavik pare, não é o momento.- murmurei e o aperto diminuiu significativamente, lamentei por isso mas não era o momento para tais coisas, Adrian olhou em meus olhos e vi a confusão em seus olhos, afinal três anos haviam se passado comigo viajando enquanto buscava respostas sobre minha transformação, Slavik estava esperando por mim todo esse tempo.

- Porque não é o momento? não me diga que quer ficar aqui nesse banquete com esses vampiros?

- Preciso falar com o rei Alin sobre uma coisa que vi durante minha busca Slavik.

Nesse momento tambores soaram e isso era o aviso de que a familia real estava se aproximando, Alin e seu herdeiro juntamente com a rainha estavam se aproximando.

Puxei Slavik para junto das pessoas que olhavam para as portas do salão agora abertas e por onde a guarda real escoltava o clã Petran.

O rei Alin foi o primeiro a aparecer, seus cabelos negros por baixo da coroa de ouro e pedras preciosas, a roupa dourada refletia como ouro e seus olhos pretos eram como o céu noturno, ele não aparentava ter mais do que vinte cinco anos, embora tivesse quinhentos anos.

A rainha Adelina surgiu logo atrás trajando um longo vestido negro, sua coroa era uma tiara com esmeraldas incrustradas nela e seus olhos verdes percorreram todo o salão analisando cada rosto humano, o príncipe Andrei transformado pelo próprio rei a muito tempo seguiu logo atrás, porque era assim que os vampiros da realeza faziam, antes de se tornarem vampiros faziam filhos e depois se tornavam vampiros, os humanos chamavam isso de ascender, eles acreditavam que quando nasciam estávamos nos primeiros estagio da divindade, e depois nos tornávamos divindades completas, como disse alguém muito habilidoso em mentir a muito tempo atrás criou toda uma história para os vampiros governarem hoje como verdadeiros deuses, e o melhor de tudo na maldição do vampirismo?

Todos estavam irremediavelmente presos no mesmo segredo, mesmo que quiséssemos contar a verdade era impossível, o rei antes de Alin, Aurel havia tentado e na frente de todos se transformou em uma estátua de pedra.

Isso era a consequência de quem violava o segredo.

Guardiã SombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora