O som de espadas se chocando despertam Aurora, que mesmo agora desperta continua deitada. Seu corpo inteiro doí, e não ousa se mover. Em sua mente passava e repassava seu plano, plano que estudou a anos, antes mesmo de saber para que servia a propósito.
Hedonê adentra seu quarto agitada enquanto começava a se despir de sua armadura ensanguentada.
— Aurora temos que ir — A voz tremula da mulher faz Aurora se levantar e encara-la confusa — Anda logo, não temos tempo.
— Ir para onde? — O som de espadas se intensifica, e Aurora percebe que não é como o treinamento — O que está acontecendo?
Enquanto Aurora tentava fazer Hedonê falar, a negra caminhava de um lado para o outro se armando e pegando coisas que julgavam ser necessárias.
— Te explico no caminho, agora tira esse vestido e veste algo mais fácil para correr — Aurora obedece sua guardiã sem hesitar, as mulheres cresceram juntas e se tornaram grandes amigas quando foram designadas a estarem juntas. O fato de ambas serem de suma importância para seus superiores a fizeram mais íntimas.
As espadas soam pelo corredor do palácio, cada vez mais perto do quarto onde as mulheres se organizavam para fugir.
— Preciso que abra um portal para a casa da Mercielles, você consegue? — Hedonê questiona sua protegida enquanto vigiava a porta por onde entrou. Aurora apenas a encarou, sem saber se contaria que não consegue controlar os seus dons ainda, em tantos anos de aulas. Aurora não conseguiu abrir sequer um portal. Mas, se saiu bem em outros aspectos. — Aurora!
— Eu não consigo — A morena murmura, diante de seus olhos observa seu quarto ser invadido por brutamontes. Não eram como pessoas, pareciam monstros de poeira interestelar, protegidos por uma película no lugar da pele. Os olhos brilhantes dos monstros correram por todo o quarto e pararam em Aurora, seus pelos se eriçaram quando sentiu estar sendo vista, não apenas vista superficialmente. Sentiu que sua alma fora despida e agora esta sendo analisada.
— Não se mova Aury — Hedonê pediu quase em uma súplica, de onde estava conseguia ouvir as batidas aceleradas de Aurora e se tornou apreensiva ao perceber que um dos monstros se aproximava.
As coisas que pegou para se armar não funcionaria contra eles, seria impossível vencê-los brutalmente, então Hedonê precisava usar a lógica para tirar Aurora daquele quarto. Ela faria com que Aurora as tirasse de lá.
— Aury — Chamou tentando manter seu tom calmo — Não fará nada? Mesmo tendo todo esse poder dentro de si, continua sendo uma grande covarde.
Aurora leva seus olhos escuros até Hedonê, se sentindo magoada com as palavras frias ditas pela amiga.
— Você não é útil se não consegue abrir um portalzinho bobo — Os monstros ainda tentam identificar a origem de sua presa, mandados ali para matar inicialmente, e logo após ter sua missão manipulada para entender.
— Isso é mentira, eu sou mais que esses dons — Hedonê sentiu seu peito apertar, ferir o amor da sua vida não estava nos planos, mas conhecia sua amiga e sabia que ela manipula melhor seus poderes quando está carregada de sentimentos negativos. Sabia que faria Aurora abrir um portal apenas para provar o quanto é boa.
— Não é não, você não tem valor sem eles — Aurora sentiu raiva, pois sua vida inteira foi rotulada apenas como mais uma arma de guerra, e pensou ser mais que isso para Hedonê. Sua raiva extrema fez que as luzes começassem a oscilar, e buracos negros surgiram no chão sugando os monstros e Hedonê. O plano funcionara, mas não como pressentido.
Percebendo a ausência de sua guardiã Aurora entrou em choque. Já era tarde demais para retroceder, e não sabia para onde mandara a amiga. Desesperada Aurora deixa o quarto, quando vê o corredor cheio de corpos quase põe todo o seu jantar do dia anterior para fora.
A luta não cessara, estava apenas mudando de lugar. Ao sair do enorme palácio branco Aurora se deparou com uma devastação em massa, muitos dos seus parceiros de treinamento estavam mortos e alguns feridos. No meio do grande pátio onde todos treinavam estava uma porta cinza dela saia os monstros que olhavam para ela, e seguiam para o lugar onde todos lutavam pela vida. Sem Hedonê por perto Aurora se sentia perdida, e culpada.
Aurora decidiu, entretanto, que daria um fim nessa grande chacina evitando mais sangue derramado. Porém, ao ouvir seu nome ser chamado em um sussurro que julgou vir da porta, esqueceu totalmente o que decidira segundos antes.
— Aurora? Venha querida, mais perto — A voz doce atraia a morena para mais perto, ela reconheceu a voz como a da mulher que a trouxe para esse mundo a muitos anos. Os anos se passaram, mas Aurora ainda tinha lembranças claras do dia que chegou. — Não precisa temer, eu vou te ajudar.
Aurora recua ao ouvir gritos vindo da direção que os monstros seguiram.
— Posso trazer ela de volta querida — Aurora não hesitou mais ao perceber que a voz falava de Hedonê.
— Como? — Próxima o bastante da porta para ouvir melhor Aurora é agarrada por uma mão nebulosa que a puxa para dentro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Coroa Azul - COLISÃO
FantasíaO que acontece quando dois mundos colidem? Aurora é uma garota abençoada pela deusa da noite, contendo assim poderes inimagináveis. A garota é enviada para à terra com a missão de liderar bruxas e feiticeiras com o intuito de recuperar o que lhe fo...