Camila

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capítulo quinze


Shawn: Você está ocupada?
Eu: Sempre ocupada. O que houve?
Shawn: Eu preciso da sua ajuda. Não vai levar muito tempo.
Eu: Estarei aí em cinco minutos.

Eu deveria ter me dado dez minutos ao invés de cinco, porque eu não tomei banho hoje. Depois de um turno de dez horas na noite passada, eu tenho certeza que preciso de um. Se eu soubesse que ele estava em casa, um banho teria sido minha prioridade máxima, mas eu pensei que ele não estaria de volta até amanhã.
Eu amarro meu cabelo em um coque frouxo e mudo minhas calças de pijama para um par de calças. Ainda não é muito tarde, mas eu tenho vergonha de admitir que eu ainda estava na cama.
Ele grita pra eu entrar depois que bato na porta, então eu a abro. Ele está em pé na cadeira perto da janela na sala de estar. Ele olha para mim, então ele acena com a cabeça em direção a uma cadeira.
"Pegue aquela cadeira e empurre pra cá," ele diz, apontando para um lugar a poucos passos dele. "Eu estou tentando medir isso, mas eu nunca comprei cortinas antes. Eu não sei se eu devo medir a moldura externa ou a janela em si."
Bem, eu vou pro inferno. Ele está comprando cortinas.
Eu arrasto a cadeira para o outro lado da janela e subo nela. Ele me dá uma ponta de fita métrica e começa a puxar.
"Tudo depende do tipo de cortina que você quer, então eu pegaria medida de ambas," eu sugiro.
Ele está novamente vestido casualmente em um par de jeans e uma camiseta azul escura. De algum jeito o azul escuro da sua camiseta faz seus olhos parecerem menos azul. Eles parecem mais claros. Quase transparentes, mas eu sei que isso é impossível. Seus olhos são tudo menos transparentes com a parede que ele mantém atrás deles.
Ele digita a medida no seu celular, e então nós tiramos uma segunda medida. Uma vez que ele tem ambas as medidas no celular, nós descemos e colocamos as cadeiras de volta na mesa.
"O que você acha de um tapete?" ele pergunta, encarando o chão embaixo da mesa. "Você acha que eu devo ter um tapete?"
Eu dou de ombros. "Depende do que você gosta."
Ele acena lentamente com a cabeça, ainda encarando o chão vazio. "Eu não sei o que eu gosto mais," ele diz calmamente. Ele joga a fita métrica sobre o sofá e olha pra mim. "Você quer vir?" Eu evito acenar imediatamente. "Pra onde?"
Ele tira o cabelo da sua testa e alcança sua jaqueta jogada nas costas do seu sofá. "Onde
quer que as pessoas comprem cortinas."
Eu deveria dizer não. Escolher cortinas é algo que casais fazem. Escolher cortinas é algo que amigos fazem. Escolher cortinas não é algo que Shawn e Camila deveriam fazer se eles querem ficar com as suas regras, mas eu absolutamente, positivamente, e definitivamente não quero fazer mais nada.
Eu dou de ombros para fazer minha resposta parecer mais casual do que ela é. "Claro.
Deixe-me fechar a porta."

"Qual é a sua cor favorita?" eu pergunto para ele quando estamos no elevador

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"Qual é a sua cor favorita?" eu pergunto para ele quando estamos no elevador. Eu estou tentando manter o foco na tarefa em mãos, mas eu não posso negar o desejo que tenho por ele me alcançar e me tocar. Um beijo, um abraço...qualquer coisa. Nós permanecemos em lados opostos do elevador. Nós não nos tocamos desde aquela noite que transamos. Nós nem nos falamos ou mandamos mensagens desde aquele dia.
"Preto?" ele diz inseguro da sua resposta. "Eu gosto de preto." Eu balanço a minha cabeça. "Você não pode decorar com cortinas pretas. Você precisa de cor. Talvez algo próximo ao preto, mas não preto."
"Azul marinho?" ele pergunta. Eu noto que seus olhos não estão mais focados nos meus. Seus olhos estão se deslocando lentamente pelo meu pescoço até os meus pés. Todo lugar que seus olhos focam, eu posso sentir.
"Azul marinho pode funcionar," eu digo calmamente. Eu tenho quase certeza que essa conversa só está acontecendo pelo bem de se ter uma conversa. Eu posso ver pelo jeito que ele está olhando pra mim que nenhum dos dois está pensando sobre cores ou cortinas ou tapetes no momento.
"Você tem que trabalhar hoje à noite, Camila?"
Eu aceno. Eu acho que ele está pensando sobre hoje à noite, e eu amo como ele termina a maioria das suas perguntas falando o meu nome. Eu amo como ele diz o meu nome. Eu deveria exigir que ele falasse o nome toda vez que falasse comigo. "Eu não tenho que trabalhar até às dez."
O elevador alcança o piso inferior, e nós nos movemos para as portas ao mesmo tempo. Sua mão se conecta com as minhas costas e a corrente que se move por mim é inegável. Eu tive quedas por garotos antes, diabos, eu estive apaixonada por garotos antes, mas nenhum de seus toques foi capaz de me fazer responder da maneira que o seu faz.
Assim que eu saio do elevador, sua mão deixa minhas costas. Eu estou mais ciente da ausência do seu toque agora do que antes dele me tocar. Cada pouco que recebo, eu desejo muito mais.
Cap não está no seu lugar usual. Isso não é surpresa, no entanto, considerando que é somente meio-dia. Ele não é muito uma pessoa matinal. Talvez seja por isso que nos demos tão bem.
"Está disposta a caminhar?" Shawn pergunta.
Eu digo que sim, tirando o fato que está frio lá fora. Eu prefiro caminhar, e nós estamos perto de diversas lojas que trabalham com o que ele está procurando. Eu sugiro uma loja pela qual eu passei umas duas semanas atrás que está a apenas dois quarteirões de onde estamos.
"Depois de você," ele diz, segurando a porta aberta pra mim. Eu saio e puxo meu casaco um pouco mais apertado em torno de mim. Eu duvido que Shawn seja o tipo de cara que anda de mãos dadas em público, então eu nem me preocupo em deixar minhas mãos disponíveis para ele. Eu me abraço para me manter aquecida, e nós começamos a caminhar lado a lado.
Nós ficamos em silêncio a maior parte do caminho, mas eu estou bem com isso. Eu não sou uma pessoa que sente a necessidade de conversa constante, e eu estou aprendendo que ele possivelmente é do mesmo jeito.
"É bem aqui," eu digo, apontando para a direita quando chegamos à faixa de pedestres. Eu olho para um idoso sentado na calçada, enrolado em um casaco fino esfarrapado. Seus olhos estão fechados, e as luvas em suas mãos trêmulas estão cheias de buracos.
Eu sempre tive simpatia por pessoas que não tem nada ou nenhum lugar para ir. Corbin odiava que eu não podia passar por um sem teto sem dar dinheiro ou comida. Ele dizia que a maioria deles é sem teto porque eles têm vícios e que quando eu dava o dinheiro, ele só alimentava esses vícios.
Honestamente, eu não ligo se esse é o caso. Se alguém é sem teto porque ele tem a necessidade por algo que é mais forte que a sua necessidade por uma casa, isso não me detém no mínimo. Talvez seja porque eu sou uma enfermeira, mas eu não acredito que vício é uma escolha. O vício é uma doença, e me machuca ver pessoas forçadas a viverem desse jeito porque elas são incapazes de se ajudar.
Eu teria dado dinheiro para ele se eu tivesse trazido minha bolsa. Eu percebo que não estou mais andando quando sinto Shawn lançar um olhar para trás na minha direção. Ele está me olhando enquanto olho o idoso, então eu volto ao meu ritmo e o alcanço de volta. Eu não digo nada para defender a expressão preocupada no meu rosto. É inútil. Eu já passei por isso o bastante com Corbin pra saber que eu não tenho vontade de tentar mudar todas as opiniões com as quais eu discordo.
"É aqui," eu digo, parando em frente à loja.
Shawn para de andar e inspeciona a exibição dentro da loja. "Você gosta disso?" ele pergunta, apontando para a vitrine. Eu me aproximo e olho com ele. É uma exibição de quarto, mas há alguns elementos nela pros quais ele está olhando. O tapete do quarto é cinza com várias formas geométricas em vários tons de azul e preto. Isso na verdade parece com algo que caberia no seu gosto.
As cortinas não são azul marinho, no entanto. Elas são de um ardósia cinzento, com uma linha branca sólida percorrendo verticalmente até o lado esquerdo do painel.
"Eu gosto disso," eu respondo.
Ele caminha na minha frente e abre a porta para me deixar entrar. Uma vendedora está caminhando para frente da loja antes mesmo da porta fechar atrás de nós. Ela pergunta se pode nos ajudar a encontrar algo. Shawn aponta pra vitrine. "Eu quero aquelas cortinas. Quatro delas. E um tapete."
A vendedora sorri e nos pede para segui-la. "Qual a largura e a altura que você deseja?"
Shawn pega seu celular e lê as medidas para ela. Ela o ajuda a pegar hastes de cortinas e nos diz que voltará em alguns minutos. Ela se dirige pros fundos da loja e nos deixa sozinhos no caixa. Eu olho ao redor, de repente tendo vontade de escolher decorações para o meu quarto. Eu planejo ficar com Corbin por mais dois meses, mas não machucaria ter uma ideia do que eu quero para o meu próprio lugar quando eu finalmente me mudar. Eu estou torcendo para isso seja fácil de comprar quando o momento chegar como foi para Shawn hoje.
"Eu nunca vi ninguém comprar nessa velocidade," eu digo para ele. "Desapontada?"
Eu rapidamente balanço a minha cabeça. Se há uma coisa que eu não faço bem como garota é comprar. Eu na verdade estou aliviada que só levou um minuto para ele.
"Você acha que eu deveria olhar mais?" ele pergunta. Ele está encostado no balcão agora, olhando pra mim. Eu gosto do jeito que ele olha pra mim - como se eu fosse a coisa mais interessante na loja.
"Se você gostou do que você já escolheu, eu não gostaria de continuar olhando. Quando você sabe, você sabe."
Eu encontro o seu olhar, e no segundo que faço isso, minha boca fica seca. Ele está concentrado em mim, e o olhar sério no seu rosto me faz sentir desconfortável e nervosa e interessada, tudo de uma vez. Ele se afasta do balcão e se aproxima de mim.
"Venha aqui." Seus dedos descem e envolvem os meus, e ele começa a me puxar com ele.
Meu pulso está sendo ridículo. É realmente triste. São só dedos, Camila. Não os deixe afetála desse jeito.
Ele continua andando até chegar a um biombo de madeira, decorado com escrita asiática no exterior. É o tipo de biombo que as pessoas têm nos cantos dos quartos. Eu nunca entendi isso. Minha mãe tem um, e eu duvido se alguma vez ela se trocou atrás dele.
"O que você está fazendo?" eu pergunto para ele.
Ele vira seu rosto pra mim, ainda segurando a minha mão. Ele sorri e caminha pra trás do biombo, me levando com ele então nós dois estamos protegidos do resto da loja. Eu não posso ajudar, mas sorrio, porque isso parece que estamos no colegial, nos escondendo do professor.
Seus dedos encontram os meus lábios. "Shh," ele sussurra, sorrindo para mim enquanto ele olha para minha boca.
Eu imediatamente paro de sorrir, mas não porque eu não acho mais isso engraçado. Eu paro de sorrir porque assim que seus dedos estão pressionados contra os meus lábios, eu esqueço como se sorrir.
Eu esqueço tudo.
Agora mesmo, a única coisa em que consigo focar é no seu dedo deslizando lentamente pela minha boca e queixo. Seus olhos seguem a ponta do dedo enquanto ele continua se movendo, seguindo gentilmente até minha garganta, todo o caminho até o meu seio, para baixo, para baixo, para baixo até minha barriga.
Esse único dedo parece como a sensação de ser tocar por mil mãos. Meus pulmões e sua incapacidade de se manter são provas disso.
Seus olhos ainda estão focados no seu dedo enquanto ele para no começo do meu jeans, bem acima do botão. Seu dedo ainda nem sequer fez contato com minha pele, mas você não saberia disso baseado na resposta acelerada do meu pulso. Sua mão inteira entra em jogo agora enquanto ele levemente contorna minha barriga por cima da minha camisa até que sua mão encontra minha cintura. Suas mãos agarram meu quadril e me puxam pra frente, me segurando contra ele.
Seus olhos se fecham brevemente, e quando eles se abrem novamente, ele não está mais olhando pra baixo. Ele está olhando diretamente pra mim.
"Eu estou esperando pra beijar você desde que você caminhou para minha porta hoje," ele diz.
Sua confissão me faz sorrir. "Você tem uma paciência incrível." Sua mão direita deixa meu quadril, e ele a traz para trás da minha cabeça, tocando meu cabelo tão lentamente quanto possível. Ele começa a balançar sua cabeça em desacordo. "Se eu tivesse uma paciência incrível, você não estaria comigo agora mesmo."
Eu travo com essa sentença e imediatamente tento descobrir o significado por trás dela, mas no segundo que seus lábios tocam os meus, eu não estou mais interessada nas palavras que deixam a sua boca. Eu só estou interessada na sua boca e em como ela me faz eu me sentir quando invade a minha.
Seu beijo é devagar e calmo - o extremo do meu pulso. Sua mão direita se move para a parte de trás da minha cabeça, e sua mão esquerda desliza até a minha cintura. Ele explora a minha boca pacientemente, como se ele estivesse planejando me manter atrás dessa divisória pelo resto do dia.
Eu estou convocando a última gota de força de vontade que posso encontrar a fim de me impedir de envolver meus braços e pernas ao redor dele. Eu estou tentando encontrar a paciência que ele de alguma forma demonstra, mas é difícil quando seus dedos e mãos e lábios podem colocar esses tipos de reações físicas pra fora de mim.
A porta para os fundos da loja abre, e o barulho dos saltos da vendedora pode ser escutado contra o chão. Ele para de me beijar, e meu coração chora. Felizmente, o choro só pode ser sentido, não ouvido.
Ao invés de se afastar e caminhar de volta para o balcão, ele traz suas mãos para o meu rosto e o segura enquanto ele olha pra mim em silêncio para vários segundos. Seus polegares acariciam levemente o meu queixo, e ele solta uma respiração suave. Suas sobrancelhas se abaixam e ele fecha os olhos. Ele pressiona sua testa na minha, ainda segurando o meu rosto, e eu posso sentir sua luta interna.
"Camila."
Ele diz o meu nome tão calmamente que eu posso sentir seu arrependimento nas palavras que ele nem sequer falou ainda. "Eu gosto..." Ele abre seus olhos e olha pra mim. "Eu gosto de beijar você, Camila."
Eu não sei por que essa sentença parece difícil para ele dizer, mas sua voz some perto do final como se ele estivesse tentando se impedir de terminar suas palavras.
Assim que a sentença deixa sua boca, ele me solta e rapidamente sai da divisória como
se ele estivesse tentando escapar da própria confissão.
Eu gosto de beijar você, Camila.
Apesar do arrependimento, eu acho que ele sente por dizer isso, eu tenho quase certeza que eu estarei repetindo em silêncio essas palavras pelo resto do dia.
Eu passei uns bons dez minutos sem pensar direito, relembrando o seu elogio várias vezes enquanto esperava ele terminar sua compra. Ele está entregando seu cartão de crédito quando chego ao balcão.
"Nós vamos entregar tudo dentro de uma hora," a vendedora diz. Ela entrega de volta seu cartão de crédito e começa a pegar as sacolas do balcão e colocar atrás dela. Ele pega uma das sacolas dela quando ela começa a tirá-la. "Eu levarei essa," ele diz.
Ele se vira e me olha. "Pronta?"
Nós saímos da loja, e parece que diminuiu uns vinte graus desde nossa última vez aqui fora. Isso pode ser apenas porque ele fez as coisas parecerem bem mais quentes lá dentro.
Nós chegamos à esquina, e eu começo a voltar em direção ao complexo de apartamentos, mas eu percebi que ele parou de andar. Eu me viro, e ele está tirando alguma coisa da sacola que ele está segurando. Ele arranca uma etiqueta e um cobertor se desenrola.
Não, ele não fez isso.
Ele estende o cobertor para o idoso desagasalhado na calçada. O homem olha para ele e pega o cobertor. Nenhum deles diz uma palavra.
Shawn caminha para uma lata de lixo próxima e joga a sacola vazia dentro, então se dirige de volta pra mim enquanto encara o chão. Ele nem sequer fez contato visual comigo quando voltamos a caminhar em direção ao prédio.
Eu quero agradecê-lo, mas eu não o faço. Se eu disse obrigada para ele, seria como assumir que ele fez aquilo por mim.
Eu não sei que ele não fez aquilo por mim.
Ele fez aquilo pelo homem que estava com frio.

Shawn me pede pra ir pra casa assim que nós voltamos

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Shawn me pede pra ir pra casa assim que nós voltamos. Ele diz que não quer que eu veja seu apartamento até que ele tenha decorado tudo, o que é bom, porque eu tenho um monte de dever de casa para fazer de qualquer jeito. Eu realmente não tenho tempo disponível na minha agenda para pendurar cortinas, então eu aprecio que ele não esperava a minha ajuda.
Ele parece um pouco animado sobre pendurar cortinas novas. Tão animado quanto Shawn pode ser.
Já faz várias horas agora. Eu tenho que estar no trabalho em menos de três horas, e assim que eu começo a me perguntar se ele vai me chamar para voltar, eu recebo uma mensagem dele.
Shawn: Você já comeu?
Eu: Sim;
Eu de repente estou desapontada por já ter comido. Mas eu estava cansada de esperar por ele, e ele nunca disse nada sobre plano para o jantar.
Eu: Corbin fez bolo de carne à noite passada antes de sair. Você quer que eu leve um prato pra você?
Shawn: Eu adoraria isso. Estou faminto. Venha olhar agora.
Eu faço um prato para ele e o enrolo em papel alumínio antes de ir pro outro lado do corredor. Ele abre a porta antes que eu bata. Ele tira o prato das minhas mãos. "Espere aqui," ele diz. Ele entra no apartamento e volta alguns segundos depois sem o prato. "Pronta?"
Eu não tenho ideia de como eu sei que ele está animado, porque ele não está sorrindo. Eu posso ver isso na sua voz, no entanto. Há uma sutil mudança, e isso me faz sorrir, saber que algo como um simples pendurar de cortinas o faz se sentir bem. Eu não sei por que, mas isso faz parecer que não há muito da sua vida que o faça se sentir bem, então eu gosto que isso faça.
Ele abre a porta totalmente, e dá alguns passos dentro do apartamento. As cortinas estão penduradas, e embora seja uma pequena mudança, ela parece enorme. Sabendo que ele vive aqui há quatro anos e que apenas agora ele colocou cortinas dá a todo apartamento uma sensação diferente.
"Você fez uma boa escolha," eu digo para ele, admirando o quão bem as cortinas combinaram com o pouco que eu sei sobre a sua personalidade.
Eu olho para o tapete, e ele pode ver a confusão que cruza meu rosto.
"Eu sei que ele supostamente vai embaixo da mesa," ele diz, olhando para baixo dela. "Irá. Eventualmente."
Ele está posicionado em um local estranho. Não é no centro da sala ou na frente do sofá. Eu estou confusa sobre o porquê dele colocar onde colocou se ele sabe onde fica melhor.
"Eu o deixei lá porque eu estava esperando que nós pudéssemos batizá-lo primeiro."
Eu olho para ele e vejo a adorável expressão de esperança no seu rosto. Isso me faz rir. "Eu gosto da ideia," eu digo, olhando de volta pro tapete.
Um longo silêncio se passa entre nós. Eu não estou certa se ele quer batizar o tapete nesse minuto ou se ele quer comer primeiro. Eu estou bem com ambos. Contanto que seu plano se encaixe no meu prazo de três horas.
Nós continuamos a encarar o tapete quando ele fala de novo. "Eu como depois," ele diz, respondendo a pergunta que estava silenciosamente correndo pela minha cabeça;
Ele tira sua camisa, e eu lanço os meus sapatos, e o resto das nossas roupas eventualmente acaba junto, perto do tapete.

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