Sombra

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Era Noite de São João, a lua estava alta e clara, iluminava a escuridão, eu e meus irmãos brincavamos ao redor da fogueira correndo no terreiro em frente a casa, jogando pedras e gravetos dentro dela, era a nossa época favorita do ano. Minha mãe, Sales, meu avô e outros vizinhos que tinham vindo para comemorar a festa junina, estavam sentandos em cadeiras e na calçada conversado e comendo pamonha, canjica e milho assado os vizinhos também tinha trazido comidas para compartilhar na festa.

 Eu, meus irmãos e outras crianças também, começamos a brincar de se esconder, pique esconde mais conhecido. Começava a brincadeira todos começam a correr pra se esconder, enquanto ouvia o grito das mães "cuidando pra não cair aí nos escuros" uns se esconderem atrás de arbustos, outros atrás da casa, nas barreiras que tinha por perto, eu me escondi atrás de uma árvore sozinha.

Quando eu olhava com cuidado para ver se eu via o menino que procurava as outras crianças, de repente alguém puxou meu cabelo para trás com força fazendo eu cair no chão, me assustei e me levantei o mais rápido que consegui, quando olhei pra trás ainda me levantado não vi ninguém de corpo presente como a lua estava cheia vi apenas uma resta, uma sombra, de alguém na minha frente no chão, dava pra ver a sombra direitinho no chão , mas não dava pra ver ninguém em pé na minha frente, nem me limpei da terra na minha roupa e saí correndo de volta. Os meninos já me acusavam que tinham me acanhado, fui até minha irmã e abracei a sintura dela olhando para trás e respirando forte. Minha irmã perguntava por que tanto assombro, eu gaguejando disse apenas que tinha me assustado com um cururu que tinha visto, ela disse não era motivo pra tudo isso e os meninos quiseram voltar a brincadeira, eu ainda com medo, fui até onde estava os adultos e me sentei lá, não quis mais brincar após ter visto aquilo, naquela noite nem consegui dormir.

Mistérios de Luís GomesOnde histórias criam vida. Descubra agora