Guarda-chuva branco.

152 23 124
                                    

#GuardaChuvaParaJK🌂

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

#GuardaChuvaParaJK🌂


Mirror Lake - Agnus MacRae


Enquanto todos dormem, o rapaz permanece acordado com o seu espectro nessa constante situação de apenas o seu próprio eu invisível ser sua única companhia. No que poderia ser a solitude, tornou-se uma solidão admirável de uma vida findada.

Na aurora do dia, em mais um inverno que chegou para abraçar o seu corpo oculto e intocável, Jeon Jungkook admira a estrela brilhante iluminando o dia de muitos, porém sua alma continua no mais puro breu.

Assim pensava ele.

O principal motor da nossa jornada para a compreensão da realidade é o reconhecimento de que podemos estar errados.¹

Errados na compreensão da vida, da morte, do tempo e até de nós mesmos. Não somos verdades absolutas.

Jogar toda a culpa da incompreensão sobre seus ombros seria um ato de crueldade admirável da minha parte. Não ouso fazer tal coisa. Pois agora o rapaz consegue enxergar a sua finitude, o diminuto do seu ser e perceber que sua compreensão era tão pequena quanto ele próprio.

Tão minúsculo quanto os grãos de areia que jazia sob seus pés.

Em pé na praia, Jungkook tem seus olhos mirados no horizonte à sua frente, captando a paleta de cores que a alvorada lhe proporciona, ele enxerga a grandeza do oceano e a infinitude do céu. Ao levantar seu rosto para o firmamento, ele sente os raios solares atravessarem seu corpo e como nunca antes, desejou que eles tocassem a sua pele.

Eu presenciei as inúmeras vezes que o brilho solar estava alí para ele... Porém, Jeon sempre estava indiferente para poder apreciar o calor sobre sua derme. Vê-lo neste estado e há tanto tempo me parte o coração, mas em parte eu entendo e sei da sua dor. Estive com ele até o último minuto e mesmo depois do fim, ainda estou aqui, mesmo não sendo mais parte dele.

Sentindo seu espectro cansado, Jungkook caminha de volta e senta em um dos bancos coloridos dispostos na orla da praia de Woljeongri.

As primeiras horas do dia não são tão quentes, mesmo com o sol brilhando. Estava no início do inverno de 1988. Rajadas de ventos fortes deixam o clima ameno e o rapaz abraça o próprio corpo, mesmo não sentindo frio, ele busca em sua memória como eram os invernos que já vivera e tenta se agarrar às lembranças, tenta imaginar como era sentir o frio.

Para Jungkook sobrou apenas lembranças e alguns arrependimentos.

O rapaz respira e inspira profundamente. Vê o ar gélido sair da sua boca e fecha os olhos, por alguns momentos a lembrança de sua mãe ao piano chega até ele. Movendo a cabeça de um lado para o outro, ele acompanha as notas musicais tão bem gravadas em sua mente.

Entregue aquele momento, Jeon não percebe a chegada de um homem vestido com roupas casuais e segurando um guarda-chuva branco que está desarmado.

O desconhecido senta no único banco disponível ao lado do rapaz. De pernas cruzadas e apoiando o braço esquerdo no objeto em pé, ele também admira a beleza do horizonte. Só depois de alguns minutos, Jungkook abre os olhos e se assusta com a presença do estranho, mas logo em seguida faz pouco caso, pois imagina que esse seria mais um que não conseguia enxergá-lo.

❛ As Quatro Estações ❛Onde histórias criam vida. Descubra agora