Reino Clefour

Mundo paralelo ?

Melanie Marshall

Aquilo que os olhos não viram e nem ouvidos ouviram...

Meus pelos eriçados demonstram toda a tensão que meu corpo é capaz de sentir, a minha intuição nunca foi tão vasta e insegura como neste momento conturbante. É como se todas as minhas crenças tivessem sumido e dado lugar a incerteza do amanhã. Queria nunca ter aberto os olhos novamente, seria como uma dádiva para mim tal feito... mas eu abri. O meu campo de visão está totalmente inundado por algo que nunca vi antes, eu nunca estive aqui e sinto que esse lugar está preso somente em minha mente.

Me questiono internamente o que aconteceu comigo, e porquê estou neste lugar onde a incerteza é minha única certeza. As paredes deste lugar se movem irritantemente, eles não estão fixas. A porta sequer existe, eu não sei como seria a saída deste lugar tenebroso, tudo parece mágico. Uno todas as minhas forças, deixo o medo de lado e me levanto do lugar onde eu estava deitada, e percebo que não há mais nada além daquela cama de madeira com um colchão simples. Por incrível que pareça, a cama é a única coisa normal deste lugar que não sei se devo chamar de quarto.

– Oh céus...

Começo a me questionar se eu faleci depois que tudo escureceu, eu sinto o terror em minhas veias pulsando prestes a explodir de tensão. Não há uma janela, não há nada que eu possa espionar,eu estou presa aqui!

– Olá ? - caio imediatamente no chão com o susto que o eco da minha voz causou. Meu coração acelerado me faz perder a vontade de falar algo de novo.

E assim, me levanto cautelosamente e sento na cama agradecendo mentalmente por não ter claustrofobia nesse momento. Me perco olhando essas estranhas paredes se moverem como se alguém estivessem controlando-as para cima, para os lados e para baixo. Em meio ao meu devaneio, imaginando possíveis causas para isso, um som estridente soa e eu olho para todos os lados da parede, e atrás de mim, uma porta surge fazendo eu arregalar os meus olhos e perceber que não há ninguém ali.

Alguém parecia estar jogando comigo, e a convicção de que tudo isso é apenas algo da minha imaginação, me fez permanecer de pé e não desmaiar. E por conta desta mesma convicção, levanto da cama que está irritantemente no centro deste lugar e vou até a porta, torcendo para não tomar susto algum.

O desespero começa a tomar conta de mim quando percebo que quanto mais eu ando por aquele corredor vazio e tenebroso, mais perdida eu fico. Eu estou tentando me encontrar, mas é como se algo estivesse impedindo isso. Se eu estava com convicção de que tudo era apenas um sonho, agora eu já não estou mais. As paredes do corredor se movem mais que antes, parece que tudo isso é para me distrair, ou fazer com que eu me sinta perdida dentro desse abismo sem saída.

Já cansada de andar, eu sento no chão e dou um longo suspiro que demonstra a minha total desistência. Fecho os olhos e tento recapitular tudo o que possa ter acontecido, mas nada me vem na mente, e é nesse mesmo momento que eu sinto a presença de mais alguém no ambiente, e então, eu abro meus olhos.

– O que ? - sussurro sentindo meus olhos brilharem ao finalmente enxergar algo além das paredes que se movem. É como se tudo finalmente fizesse sentido depois de tanto tempo... talvez se eu dissesse que o clima neste lugar é tão leve, que as coisas flutuam, muitos veriam como um exagero, mas é realmente isso que acontece aqui. Crianças usam suas mãos para fazer as coisas levitarem, eu acharia totalmente sem sentido ver árvores saindo de um lugar para o outro se a minutos atrás eu não tivesse visto paredes se movendo.

É como se fosse um jardim gigante com algo parecido com um castelo um pouco distante. Parece que eles estavam treinando seus dons e eu sinto todo o meu corpo arrepiar, alguns diriam que estou "viajando". Porém, isso é tudo muito real para mim.