— Vem com a gente?
Ergo os olhos do livro e observo Ashley, minha colega de quarto. Ela está ridiculamente atraente em um vestido preto brilhante, que destaca seu cabelo claro e cobre só até metade das coxas bronzeadas. Sem falar na maquiagem escura que deixa seus olhos ainsa mais azuis. Arrisco dizer que Ashley Morgan deveria ser um elogio. Ela é linda, inteligente e talentosa em tudo o que faz. Se alguém me chamasse de Ashley, eu casaria com a pessoa na hora.
— Para onde e com quem? — pergunto, embora já sei que não vou.
— Eu e Taylor. — reviro os olhos assim que escuto. Ashley faz uma careta. — Pare de revirar os olhos quando falo da Taylor!
Reviro os olhos de novo. Sei que, como melhor amiga de Ash, a felicidade dela é a minha felicidade e tudo o mais, e estou muito feliz que ela se assumiu e está namorando, mas, por Deus, tinha que ser com Taylor, a garota que colou amoeba no meu cabelo uma semana antes do dia de tirarmos a foto da formatura do ensino médio? Observação: meu cabelo batia na cintura e precisei cortá-lo no ombro. Além disso, nunca mais consegui deixar ele crescer. Se um dia eu ficar endividada por ter feito um mega hair, a culpa será de Taylor.
— Não vou sair para ficar de vela, obrigada.
— Você não vai ficar de vela. Os garotos do time de futebol americano vão estar lá — ela dá um sorriso malicioso. — e as líderes de torcida também.
Apenas volto minha atenção para o livro. Ter garotos lá não muda nada porque eles sequer falam comigo, quem dirá flertar, além de que a maioria deles tem o cérebro do tamanho de uma ervilha. E sobre as garotas: eu fico com o cérebro do tamanho de uma ervilha quando estou perto delas. Meus hormônios são sensíveis e eu sou mais ainda. Ashley fala sobre garotas apenas por provocação, porque eu afirmo e reafirmo que sou hétero.
— Quero terminar este livro — digo, esperando que seja o suficiente.
— Problema seu. Eu a convidei por educação — Ashley arranca o livro de mim e corre os olhos azuis pelas páginas. — Não acredito que você está lendo pornografia. Ah, Lily, por Deus, se gosta tanto disso, por que se recusa a sair para as festas e... — ela arregala os olhos e me encara como se eu fosse a cura do câncer encarnada. — Você namora?! É um namoro à distância, por isso nunca contou a ninguém? Por favor, me diga que nunca transou no sofá enquanto eu estava fora.
Não gosto de esconder coisas de Ashley, porque ela me conta tudo. Mas há coisas que não consigo compartilhar com ela. Uma dessas coisas é: aos 22 anos, só beijei uma pessoa e nunca transei com ninguém. Nem uma mão boba sequer. Considerando que faz 8 anos desde que beijei, posso dizer que meu b.v está intacto novamente.
E eu não tenho coragem para mudar isso.
— É, é isso — falo, dando um sorrisinho bobo e encarando o chão. — Ele mora em Manchester, mas o relacionamento está dando muito certo.
— Vocês... — Ashley cora e indica meu celular. — Ah, você sabe.
— Não, não sei.
— Vocês fazem aquelas coisas pelo celular? Sexo virtual?
Isso arranca uma risada de mim.
— Mais ou menos. Não é como se eu fingisse que meu celular é ele.
Ashley faz uma cara de nojo — objetivo alcançado com sucesso — e se despede de mim, dando um gritinho antes de sair. "Você tem namorado, sua safada mentirosa!".
Safada, talvez.
Mentirosa, com certeza.
Com namorado, nem de longe.
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Apenas um acordo
RomansLily Watson sempre tivera o total de zero interações em seu perfil no Twitter. Nada de curtidas, visualizações ou fotos. Foi por isso que ela não viu problema algum em usar o perfil como um diário, onde a garota contou segredos, reclamou abertamente...