Beatriz.
Carla:
Digitando...
- Estou chegando aí - diz.
- 👍🏼
Abaixo minha cabeça, passando a mão pelos meus cabelos. Encosto levemente as minhas costas na cadeira e fecho meus olhos. E sem ao menos perceber, caio num leve sono.
O tempo está me torturando.
O medo.
A angústia.Tudo me estigando por dentro.
[...]
- Bea?- Sem abrir os olhos sei que é Carla.
Abro meus olhos, que estão inchados de choro.
Abraço ela, fortemente.
- Ela ficará bem- Beija minha cabeça.
- Eu estou com tanto medo, com tanta raiva- Digo encostando minha cabeça em seu ombro.
- Eu sei,mas você precisa relaxar- diz e afaga meus cabelos.- Avisei aos outros a situação,disse que só eu iria vim. A pedido seu. Hugo, está louco, Yuri preocupado,e Lara cuidando dos outros, também preocupada com toda essa situação - Diz.
- Você é uma mulher forte, Beatriz. Eu vejo isso em você,sua energia é boa, sua positividade é boa. Você sofre desde pequena com essa doença,passou por muita coisa,e vai superar isso. Mas não querendo que sua mãe morra,mas esteja preparada,caso aconteça. Prepare seu psicológico. É doloroso,mas passa,com o tempo a dor diminui- Carla diz mexendo em meu cabelo.Minha cabeça está em seu colo enquanto ela brinca com meu cabelo.
Silêncio.
Eu estou em silêncio,apenas ouvindo. E no silêncio,sem notícia alguma da minha mãe.
Maldito silêncio.
- Beatriz Almeida?- A médica me chama.
- Eu!- Me levanto e Carla também, segurando firme em minha mãe.
- O estado de sua estava grave,com uma bala alojada na região do rim, que já estava comprometido. Ouve uma hemorragia,fizemos tudo oque podíamos, eu...- Corto-a antes que termine de falar.
- Você sente muito,eu sei. - Saí andando.
Por algum motivo está chovendo.
Saí do lado de fora,e olhei para cima, deixando a água cair sob mim.- Você teve que ir...tudo bem,eu entendo,eu consigo lidar com a dor. Eu sempre lidei- Ri fraco.
- Vá em paz mãe- Sorri e me viro vendo Carla me observando de longe.Ela sorri.
- Vem!
Chamo-a e a mesma vem correndo.
Ela me dá um abraço.
Um abraço que diz muito mais do que um"eu sinto muito"- Não diga "eu sinto muito" não diga essas três palavras. Diga as outras três palavras,a que faz meu coração ficar quentinho- Sussurro ainda abraçada nela.
-Eu te amo- Ela diz.
Uma lágrima quente escorre em meu rosto,mas é levada pela água da chuva que cai em meu rosto.
Sorri e me deito no chão,junto com Carla, deixando a água da chuva cair sob nós duas.
[...]
Os policiais me explicaram,que na noite do sábado,as sete e meia. Dois ladrões,assaltaram um restaurante,e minha mãe e meu pai estavam nele.
Infelizmente,a bala que foi atirada para qualquer lado,atingiu minha mãe, que foi vítima de bala perdida.
Fiz um velório e enterro digno a minha mãe.
Agora estou sentada olhando para as nuvens. No avião,com Carla que dorme ao meu lado.
Estamos voltando a São Paulo.
Faltam apenas trinta minutos.Eu irei pedir tempo a Hugo.
Tempo para eu me recuperar e aí iremos conversar.Faltam apenas dois meses,para a faculdade acabar,e junto com ela a república. Agora,eu vou focar em arranjar um emprego em minha área e comprar um apartamento para morar com Dori e talvez... Hugo.
[...]
- Yuri, estamos...cala a boca! Estamos perto daquela lojinha de roupas, certo eu já já vou te ver. Eu também te amo, mentira eu não gosto de você. Eu tô brincando....haha tá,vem logo- Carla desliga a ligação.
- Vocês tem um relacionamento bem saudável- Ri e ela também.
Logo avisto Yuri, Hugo e Carla.
Yuri vem correndo para Carla que abre os braços,ele desvia e vem até mim.
- Perdeu- Sussurro para ela que me mostra o dedo do meio.
- Mal criada- Reviro os olhos a abraço Yuri.- Você está bem?- pergunta.
- Melhorando,essa é a melhor resposta- Digo e Lara vem até mim.
- Eu te amo- Lara diz e eu a abraço.
"Eu te amo" é o nosso
"eu sinto muito"Hugo vem até mim e eu suspiro me aproximando.
- Em casa, certo?- pergunto e ele assente. Dou um beijo em sua bochecha e ele sorri fraco.
Aparentemente também triste.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Mundo
RomanceEla é sofredora desde pequena, com insuficiência renal, Beatriz batalha para conseguir um transplante. Presa dentro de casa, sem amigos ou ao menos um amor. Ela se vê na oportunidade de aproveitar o restinho da sua adolescência e viver a vida que t...