9_obrigada..

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Bea

- Acabei - Digo voltando ao quarto. Hugo estava sentado mexendo no celular.

Eu resolvi tomar um banho.

- Qual o filme?- ele pergunta e eu me sento do seu lado.

- Amor e monstros - digo.
- Ainda bem que você não é o Gabriel - Ri.

- Ainda bem - ele ri junto comigo.

- Você e Yuri são os únicos que não são fresquinhos- digo.

Ele ri e eu me deito.

Ponho o filme e ele tira os tênis.
Me aconchego ao seu lado e pego o controle dando play no filme.

[...]

O filme já acabou a alguns minutos.

Estamos deitados,eu com a cabeça em seu colo enquanto ele acaricia meus cabelos.

Olho para cima e vejo ele me olhando.

- Hugo?- chamo-o.

- Sim?- ele continua me fitando.

- Porquê está me olhando tanto?- Pergunto com as bochechas queimando de vergonha.

- Porquê você é linda, e...eu quero um beijo- ele diz.

Escondo o rosto com as mãos.

- Você está corada?- ele pergunta rindo.

- Idiota- ri e tiro as mãos do rosto.

Ele se aproxima e eu encaro seus olhos cor de chocolate.

Ele passa a mão em meus cabelos.

Me aproximo e lhe dou um beijo.
Que de carinhoso virou sedento.

Passei a mão por baixo de sua camisa e ele alisa minha perna. Sem subir tanto, somente na parte que o short não cobria.

Paro o beijo com o coração na mão de tão forte que batia.

Sorrimos um para o outro.

Ouvidos duas batidinhas na porta do quarto e logo depois a Lara aparece.

- Bea?-Lara entra no quarto.

- Hum?- pergunto e Hugo olha atento.

- Ah,oi Hugo- Lara sorri e me olha maliciosa.

- Oi - ele olha para mim e ri pelas narinas.

- Bom, Yuri está mal. Ele está lá no quintal,alguma coisa pessoal aconteceu. E ele tá fumando também,o caso é sério.- Diz.

- Eu já venho- calço as sandálias, Hugo assente e Lara também, desço.

Corro no meio da multidão de gente. Vou no quintal a procura de Yuri.

Avistei ele no muro com uma garrafa de whisky e um cigarro na mão.

Vou até ele, ficando na ponta do pé. Bato na sua mão e o cigarro cai longe,dei um empurrão na garrafa que caiu do outro lado quebrando.

- Carinhosa você - ele ri e eu sinto o cheiro forte de bebida.

Continuo séria e não ri em nenhum momento.

- Oque aconteceu?- pergunto.

Ele fica com um semblante triste de repente.

- Eu quero que confie em mim e desabafe. Mas caso não esteja preparado tudo bem- digo e ele se senta.

- Quando eu tinha sete anos,minha mãe morreu de câncer de mama. Ela anos atrás tinha se relacionado com um cara,eu nunca conheci meu pai. Ele morreu quando eu era bebê. - ele suspira. O mesmo põe a cabeça no meu colo e eu ponho a mão em seus cabelos.

- Eu fiquei morando com meu padrasto,mas ele começou a... abusar de mim. Eu mal ia para a escola, porquê eu tinha que servi-lo. E caso eu negasse,eu apanhava. Isso durou até os dezesseis,fui morar com um amiga minha. Ele simplesmente sumiu da minha vida, e eu não vi nunca mais. Até que hoje eu recebo uma ligação, dele. Da voz porca dele,eu não gosto de admitir. Mas meu começa aperta,meus olhos marejam, minhas mãos ficam trêmulas e minhas pernas ficam fracas. Ele quer isso,que eu recaia, que eu me sinta um filho da puta desprezível- ele diz e eu sinto suas lágrimas em minhas pernas.

Ele dá um suspiro longo e pesado.

- Oque ele falou? Na ligação- pergunto.

- Olha só... estou te vendo daqui, olhando para todo lado,me procurando. Sua expressão é a mesma de quando era uma criança aviadada. Nojento, não mudou nada. Eu voltei, querido. Sentiu falta do papai?- ele diz imitando uma voz um pouco mais grossa que a dele e ri triste logo depois - Palavras dele,tudinho oque eu disse- completa.

Certo.

Pego em suas mãos e ele se levanta.

- Eu não tive uma infância assim,foi muito ruim também. Mas não vamos comparar uma com a outra. Ele foi um monstro,e quer te dar medo. Como você diz, você tem medo,mas não quer mostrar a ele. É é isso que vai fazer, você vai encará-lo de frente,mostrar que cresceu e que não é nada disso do que ele fala,e pelo contrário, você é um homem incrível.- digo.

Ele chora e me abraça forte.

- Obrigada...- Ele sussurra.

Sorri para ele.

- Por nada...estarei aqui para qualquer coisa- Digo e vejo Carla o encarando.

- Vá vê-la e conte para ela. Se gosta dela,mostre que confia nela - Digo e ele assente.

O mesmo se levanta e vai até ela.

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