Bea
- Acabei - Digo voltando ao quarto. Hugo estava sentado mexendo no celular.
Eu resolvi tomar um banho.
- Qual o filme?- ele pergunta e eu me sento do seu lado.
- Amor e monstros - digo.
- Ainda bem que você não é o Gabriel - Ri.- Ainda bem - ele ri junto comigo.
- Você e Yuri são os únicos que não são fresquinhos- digo.
Ele ri e eu me deito.
Ponho o filme e ele tira os tênis.
Me aconchego ao seu lado e pego o controle dando play no filme.[...]
O filme já acabou a alguns minutos.
Estamos deitados,eu com a cabeça em seu colo enquanto ele acaricia meus cabelos.
Olho para cima e vejo ele me olhando.
- Hugo?- chamo-o.
- Sim?- ele continua me fitando.
- Porquê está me olhando tanto?- Pergunto com as bochechas queimando de vergonha.
- Porquê você é linda, e...eu quero um beijo- ele diz.
Escondo o rosto com as mãos.
- Você está corada?- ele pergunta rindo.
- Idiota- ri e tiro as mãos do rosto.
Ele se aproxima e eu encaro seus olhos cor de chocolate.
Ele passa a mão em meus cabelos.
Me aproximo e lhe dou um beijo.
Que de carinhoso virou sedento.Passei a mão por baixo de sua camisa e ele alisa minha perna. Sem subir tanto, somente na parte que o short não cobria.
Paro o beijo com o coração na mão de tão forte que batia.
Sorrimos um para o outro.
Ouvidos duas batidinhas na porta do quarto e logo depois a Lara aparece.
- Bea?-Lara entra no quarto.
- Hum?- pergunto e Hugo olha atento.
- Ah,oi Hugo- Lara sorri e me olha maliciosa.
- Oi - ele olha para mim e ri pelas narinas.
- Bom, Yuri está mal. Ele está lá no quintal,alguma coisa pessoal aconteceu. E ele tá fumando também,o caso é sério.- Diz.
- Eu já venho- calço as sandálias, Hugo assente e Lara também, desço.
Corro no meio da multidão de gente. Vou no quintal a procura de Yuri.
Avistei ele no muro com uma garrafa de whisky e um cigarro na mão.
Vou até ele, ficando na ponta do pé. Bato na sua mão e o cigarro cai longe,dei um empurrão na garrafa que caiu do outro lado quebrando.
- Carinhosa você - ele ri e eu sinto o cheiro forte de bebida.
Continuo séria e não ri em nenhum momento.
- Oque aconteceu?- pergunto.
Ele fica com um semblante triste de repente.
- Eu quero que confie em mim e desabafe. Mas caso não esteja preparado tudo bem- digo e ele se senta.
- Quando eu tinha sete anos,minha mãe morreu de câncer de mama. Ela anos atrás tinha se relacionado com um cara,eu nunca conheci meu pai. Ele morreu quando eu era bebê. - ele suspira. O mesmo põe a cabeça no meu colo e eu ponho a mão em seus cabelos.
- Eu fiquei morando com meu padrasto,mas ele começou a... abusar de mim. Eu mal ia para a escola, porquê eu tinha que servi-lo. E caso eu negasse,eu apanhava. Isso durou até os dezesseis,fui morar com um amiga minha. Ele simplesmente sumiu da minha vida, e eu não vi nunca mais. Até que hoje eu recebo uma ligação, dele. Da voz porca dele,eu não gosto de admitir. Mas meu começa aperta,meus olhos marejam, minhas mãos ficam trêmulas e minhas pernas ficam fracas. Ele quer isso,que eu recaia, que eu me sinta um filho da puta desprezível- ele diz e eu sinto suas lágrimas em minhas pernas.
Ele dá um suspiro longo e pesado.
- Oque ele falou? Na ligação- pergunto.
- Olha só... estou te vendo daqui, olhando para todo lado,me procurando. Sua expressão é a mesma de quando era uma criança aviadada. Nojento, não mudou nada. Eu voltei, querido. Sentiu falta do papai?- ele diz imitando uma voz um pouco mais grossa que a dele e ri triste logo depois - Palavras dele,tudinho oque eu disse- completa.
Certo.
Pego em suas mãos e ele se levanta.
- Eu não tive uma infância assim,foi muito ruim também. Mas não vamos comparar uma com a outra. Ele foi um monstro,e quer te dar medo. Como você diz, você tem medo,mas não quer mostrar a ele. É é isso que vai fazer, você vai encará-lo de frente,mostrar que cresceu e que não é nada disso do que ele fala,e pelo contrário, você é um homem incrível.- digo.
Ele chora e me abraça forte.
- Obrigada...- Ele sussurra.
Sorri para ele.
- Por nada...estarei aqui para qualquer coisa- Digo e vejo Carla o encarando.
- Vá vê-la e conte para ela. Se gosta dela,mostre que confia nela - Digo e ele assente.
O mesmo se levanta e vai até ela.
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Meu Mundo
RomanceEla é sofredora desde pequena, com insuficiência renal, Beatriz batalha para conseguir um transplante. Presa dentro de casa, sem amigos ou ao menos um amor. Ela se vê na oportunidade de aproveitar o restinho da sua adolescência e viver a vida que t...