Prólogo

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Silêncio era o que definia o estado da minha casa. Até o garfo que eu  estava comendo fazia o maior esforço para não fazer barulho. O único som que se escutava era o da televisão, aonde meu pai provavelmente estava a assistir algum jogo de basebol com a sua vigésima garrafa de cerveja do dia.
A porta de entrada bateu com força, o que fez eu larga o garfo com o susto, fazendo o doce  silêncio ser quebrado. 
- AONDE VOCÊ ESTAVA SEU MOLEQUE!? -  Gritou meu pai com a voz banhada de álcool. 
James entrou  na cozinha e da porta da mesma respondeu:
- Não é da sua conta -  E foi em direção a geladeira pegar alguma coisa. 
Conserteza está morrendo de fome, igual aos outros dias. Pensei. 
- Se acha que a nossa conversa acabou você esta muito engana...
dormiu, tipico dele.
Um cheiro forte vindo do meu meio irmão atravessou minhas narinas, o que fez eu espirar umas quantas vezes.
- Então -  dei uma pausa, o que fez ele olhar pra mim, e abaixei a cabeça assim que vi que seus olhos estavam quase da mesma cor de seus cabelos ruivos. - Aonde o senhor se meteu? -  brinquei para quebrar a tensão. 
Ele sentou  na mesa de frente para mim com um copo de suco e um pacote de bolacha, deu um gole no suco que parecia ser de morango. 
- Estive com o Garibs e outros colegas. 
Um aperto se fez no meu coração, Garibs fazia parte de uma gangue do bairro onde morava, todos sabem que ele é um adolescente drogado, que rouba os pertences das pessoas para comprar droga e se alto destruir. 
- vou ir da boa noite pra mãe você vem? -  estava com a esperança de que a grande quantidade de droga  consumida por ele hoje, afetasse sua cabeça e fazesse ele vir comigo, já fazia quase quatro meses que ele  não visita nossa mãe. 
- Hoje não -  respondeu passando as mãos no topete do seu cabelo e abaixando a cabeça. 
Levantei bruscamente e sai da cozinha. 
Todos os dias eu imploro pra ele ir vê -  lá, mais não,  ele Nunca vai, nossa mãe está cada vez mais se afundando na escuridão e ninguém se preocupa, nem o próprio marido e o seu filho. 
Passei pela sala para poder ir pro andar de cima e vi meu pai dormindo com a boca aberta roncando e com a garrafa no colo, não consegui me controlar e a palavra vagabundo cruzou minha mente. 
Subi as escadas e ao chegar no quarto desejado entrei sem bater, e senti vontade de chorar, toda vez que entrava nesse quarto meu coração murxava, na cama estava minha mãe olhando para o teto, sem mexer nem um membro de seu corpo, a não ser o subir e descer do seu peito. Não que ela fosse deficiente, mais desde o ano passado quando minha avó materna deu uma segunda parada cardíaca e faleceu, minha mãe entrou em uma depressão profunda, pois ela era muito próxima a minha avó. 
- Mãe? -  sentei no pé da sua cama e ela olhou para mim - Tudo bem? 
Sabia que não estava bem e talvez nunca estaria, mais já me acostumara a sempre lhe fazer essa pergunta. 
- Estou - suspirou.
Passei minha mão na sua cabeça e me levantei pra sair antes que aquela dor voltasse e que me fazia fazer besteiras.Tudo oque eu queria era minha familia de volta, nunca fomos daquelas famílias perfeitas, mais eramos uma familia normal e feliz, daquelas que a brigas de vez enquanto, em que fazemos as refeições juntos mais agora não somos nada.
- Boa noit...
- Lucy - Fiquei surpresa por minha mãe ter mim interrompido. 
Olhei pra ela.
- semana passada eu escutei a briga sua  - suspirou, ela nao estava acostumada a falar - com o seu pai, eu resolvi ligar para sua tia Maggie.
Tia maggie é a irmã da minha mãe, que ta no seus quarenta anos e pensa que é a Britney Spears, ela ja casou uma vez e se divorciou, nunca teve nenhum filho pois tem problemas em engravidar. 
- Pra que a senhora ligou para ela?
- Filha seu irmão é um drogado por minha culpa - ia dizer que não era verdade mais ela levantou a mao dizendo pra mim permanecer calada -Depois que fiquei com depressões seu pai virou alcoólatra, tambem por minha culpa.
Ela estava chorando. 
Se eu nao tivesse me afastado de vocês nada disso teria acontecido , seu irmão e teu pai  pelo que parece já estão perdidos, a única que ainda não se envolveu com nada é  você, mais de vez em quanto eu escuto você chorando no banheiro, um choro de dor, e um desses choros que me preocupou foi o do dia da briga com seu pai, parecia que você  estava com uma dor física, pois eu escutava você falando aí aí, até que caiu a ficha de que talvez você  estivesse se mutilando. 
Estava em choque, ela a via me descoberto. 
- E quando você passou a mão na minha cabeça só confirmou minha afirmação, Lucy eu só quero o seu bem. 
- O que tudo isso tem a  ver com a tia Maggie?  -  perguntei de cabeça baixa. 
Ela olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas. 
- Eu conversei com ela, e eu e sua tia decidimos que você  ira morar com ela em New York.

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