Quem diria que era possível sim ter uma vida normal. E aqui estava ele vivendo algo simples e tranquilo, como uma pessoa normal que a única preocupação é quem vai lavar a louça ou vai acabar se atrasando para algum lugar, compromisso, ou o que seja.
Já se passaram seis meses de moradia no Japão. Conhecendo tudo e mais um pouco do passado do homem que tanto ama, é simplesmente surpreendente. Ash nunca pensou que a família de Eiji seria tão calorosa e acolhedora, não depois do que aconteceu em Nova York e que seu filho mais velho acabou no hospital.
Contudo, tudo indicava que eles conseguiam entender perfeitamente e que nos dois primeiros meses eles estavam de alguma forma receosos e extremamente cautelosos ao seu redor. Só que em algum momento esse receio e cautela foi se transformando em acolhimento e carinho, algo que ele só teve pela mãe e pelo irmão quando era muito mais novo, e o mundo não havia se mostrado o quanto fétido, ele pode ser.
Começou com gestos pequenos e tímidos da irmã mais nova de Eiji — Mayu; perguntando sobre como era lá no exterior, seus costumes.
"Qual é a comida que vocês mais gostam?" Perguntou Mayu timidamente, remexendo em algumas anotações escolares.
"Hm... Talvez seja Mac and Cheese?" Sinceramente Ash não sabia se aquilo foi realmente uma resposta, já que soou muito mais como uma pergunta. Talvez fosse pelo nervosismo por ser questionado e ter uma certa oportunidade de pôr em prática o seu japonês.
Pela resposta não resposta, ficou meio óbvio que Mayu não conseguiu entender muito bem e só soube o observar meio confusa.
"Você não parece ter muita certeza, nii-san"
"É que cada um tem sua comida favorita." Tentou explicar meio desconsertado com um breve sorriso. "A minha comida favorita é o Steak com purê de batata e alguns vegetais."
"Oh!" Exclamou a pré-adolescente com um brilho nos olhos escuros, não era preciso muito saber que aquilo era pura curiosidade. "E o que seria esse Steaki com purê de batatas?"
Ash não conseguiu evitar se bufar e disfarçar com uma tosse a pronúncia errada, porém quem era ele para dizer alguma coisa? "Steak com purê de batata'' é um bife bovino que pode ser frito ou grelhado e ele é acompanhado com a batata amassada como um mingau e alguns vegetais de sua preferência. É delicioso!"
"Eu gostaria de experimentar um dia."
"Posso falar com o Eiji sobre e talvez ele faça para nós todos. Já que ele aprendeu a cozinhar esse prato por ser meu favorito." Foi impossível evitar um rubor nas pontas das orelhas, nuca e pescoço com a informação espontânea. Isso roubou uma baixa e discreta risada de sua cunhada, e isso para o Alpha foi uma verdadeira vitória.
Em seguida, foi Aiko — mãe de Eiji, sua sogra — que sempre se preocupava se estava agasalhado para sair, se já havia se alimentado ou simplesmente dando-lhe uma atenção extra com seu espírito doce e materno.
"Aslan-kun, meu menino, você não devia está lá fora com esse vento frio. Pode pegar um resfriado!" Aiko tinha uma presença materna enorme e não demorou muito para se aquecer pelo o loiro tanto que aqui estava ela o repreendendo por está apenas com uma camiseta no quintal.
"Er... Oh?!..." Sinceramente Ash estava chocado e surpreso com a repreensão da Omega mais velha, mas ainda mais por causa do calor e carinho em sua voz.
A Omega achou a reação desse filhote engraçada, que por mais feroz e destemido que o descrevesse. Ela conseguia ver que era uma criança carente de amor e um pouco perdida nesse mundo cruel, a forma tímida ao receber e aceitar o carinho de seu amado filho era e é tão pura que Aiko consegue entender o porquê seu filho é tão apaixonado.
"Vamos! Entre já menino." Ordenou com o braço esticado segurando a porta aberta, em questão de segundos lá estava Ash em pé ao lado dela e dentro de casa um pouco inquieto. "Olha como está gelado... Oh! Coitadinho." Disse tocando os braços alvos gelados e esfregando levemente, enquanto deixava fluir calmamente um feromônio para acalmá-lo.
"Desculpe Aiko-san, eu...-"
"Não tem que se desculpar, doce filhote." Sorriu docemente guiando o jovem rapaz para uma das cadeiras da mesa na cozinha e entregando-lhe um pouco de chocolate quente. "Você não fez nada de errado. Apenas preocupada com sua saúde."
E não muito tempo depois com Nobu — pai de Eiji, seu sogro —, este que era um pouco mais reservado e silencioso, mas não menos gentil e atencioso a sua família. O homem de cabelos castanhos escuros nunca imaginou que seu filho iria se apaixonar por alguém perigoso, muito menos que teria vivido algo que poderia ter os tirado deles.
Claro que no início não achava aquele rapaz loiro, americano, apropriado para seu doce filhote. Com o passar dos dias, semanas e meses Nobu conseguiu ver o quanto quebrado e solitário aquele rapaz inapropriado era. Pensou muito sobre as lutas diárias tanto físicas e mentais que deve ter travado até encontrar o seu menino.
Aquele que traz luz aos olhos verde grama.
Aquele que conseguiu fazer com que submergisse daquela água profunda e gélida.
O respeito foi semeado em seu coração, um sentimento de proteção foi desabrochando e não foi difícil que a flor se tornou gratidão e carinho de uma pai. Senhor Okumura já via o loiro da família, ele só tinha que dizer isso ao outro.
"Aslan-kun, você poderia me fazer companhia?" Perguntou baixo e um tom de voz calma.
"Ahm... S-Sim!"
"Bom..."
Os dois Alphas foram para o fundo da casa observar a paisagem e um pouco de ar fresco. Nobu que de certa forma não era de enrolação e um pouco direto, revelou o motivo de pedir a presença do outro.
"Eu pedi sua presença, porque gostaria de dizer algumas coisas a você, filhote. Teve um tempo em que não gostei da ideia de meu filho se apaixonar por alguém que matou e vivia em um mundo sombrio." Nobu falava devagar e olhava nos olhos verde grama do jovem rapaz que se encolheu de vergonha, mas não tirou os olhos do Alpha mais velho. "Porém... eu consigo ver o que ele vê em você. Um rapaz que lutou e luta ainda com seus demônios, mas que quer ser melhor e dar o exemplo. Um rapaz que quer fazer meu filho feliz e ter um novo começo."
"Mister Okumura...-" Antes que Ash pudesse falar algo o mais velho ergueu a mão fazendo com que parasse e escutasse o que tinha a dizer, porque ainda não tinha acabado.
"Eu vejo um jovem alpha que está tentando de todas as forças se adaptar a uma nova cultura e um novo país. Vejo um pequeno menino que merecia e merece amor, proteção e respeito, que infelizmente no passado não teve daqueles que tinham esse dever. Aslan-kun, saiba que dou a mão a meu filho e deixo a porta de minha casa aberta para um novo integrante da família Okumura. Você conseguiu conquistar todos nós à sua maneira. Mostrando quanto puro e quebrado é e nós te aceitamos de braços aberto." Quanto mais o Sr. Okumura falava, algo deixava Callenreense inquieto e emotivo. Por um momento ele achou que seria expulso e proibido de ter contato com Eiji, mas com o passar das palavras escapadas do japonês um peso era tirado de seu peito.
"Seja bem vindo ao lar, filho" Disse Nobu puxando o mais jovem para um abraço singelo. Ash não conseguia controlar as emoções que surtavam e borbulhavam dentro de si, e acabou se entregando as lágrimas nos braços do Alpha mais velho.
Este só acariciou os fios loiros com carinho e calma, acalentando e confortando aquele que finalmente teria um bom começo e uma nova chance de viver.
E foi nesse momento que Aslan teve certeza que tinha uma família novamente.
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Kekkon Shita
Fanfiction༿ ƈ ơ ŋ ƈ Ɩ ų íɖ ą ༾ Ainda é surreal que aquela guerra acabou. Já faz quatro anos que Ash abandonou Nova York e todo o passado tenebroso e abusivo, para começar em Izumo, Japão. Ao lado daquele simples e amável Omega, Eiji Okumura. Este que atualmen...