XXXV - Mal-Entendido

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   O dia estava bastante bonito em Seul na manhã daquela segunda-feira, Jungwoo e JungAh andavam lado a lado pelas ruas da cidade em busca do endereço informado pela ex-vizinha de seus pais. A jovem estava muito ansiosa, por isso o celular que ela carregava em sua mão para auxiliá-la pelo caminho não parava de balançar conforme ela tremia. Jungwoo até mesmo havia desconfiado que sua irmã estivesse com frio e por isso deu seu casaco para ela, porém a mais velha continuava tremendo.

   Para JungAh, qualquer informação nova sobre seus pais era muito importante, por isso era impossível para ela conter seu nervosismo em momentos como aquele. Porém, diferentemente dela, Jungwoo continuava tranquilo por não achar que aquilo não era tão importante para ele. O rapaz já havia se conformado com o fato de que eles não tinham pais e que nunca iriam saber de fato quem era o pai deles, porém a Kim ainda sentia uma necessidade enorme de saber de onde ela veio, quem era seu pai e o porquê ele nunca os procurou durante todos esses anos.

   Ao chegarem no local indicado, JungAh até tentou tomar a iniciativa de tocar a campainha, mas ela não teve coragem de apertar o botão, restando para Jungwoo tocar a campainha da casa. Menos de um minuto depois uma jovem senhora abriu o portão e os convidou para que entrassem na residência. Era uma casa simples, mas que parecia ser cuidada com enorme carinho por sua dona.

   Após se apresentarem e terem uma conversa básica com a senhora, que eles descobriram se chamar Lee Sohee, JungAh resolveu ir diretamente ao ponto, questionando a mulher sobre o motivo dela ter ligado para ela e pedido para que ela fosse até ali.

   — Eu te vi na televisão faz algum tempo, até fiquei um pouco confusa... — A senhora disse fazendo uma pausa e tomando um pouco de seu chá — Achei você muito parecida com uma ex-vizinha minha, mas não tinha certeza se você tinha algum tipo de parentesco com ela.

   "Eu pedi ajuda ao meu filho e ele pesquisou na internet sobre você e descobriu que você tinha uma irmão gêmeo e que sua mãe havia morrido quando você era apenas um bebê", disse a senhora e novamente fez uma breve pausa. "Muitos anos atrás eu tive uma vizinha, uma jovem que havia dado à luz há pouco tempo. Ela teve uma menina e um menino. Ela dizia que era casada, mas nós víamos o marido dela poucas vezes... segundo ela, ele viajava bastante por causa do trabalho dele, às vezes até mesmo passava meses longe de casa".

   "Perto da data na qual ela faleceu, ela me disse que o marido dela estava viajando devido ao trabalho. Alguns dias depois ela me pediu para que eu cuidasse dos gêmeos dela para que ela pudesse ir fazer compras e como os bebês eram uma gracinha eu aceitei, óbvio". Um sorriso iluminou o rosto dela, fazendo com que Jungwoo e JungAh também sorrissem momentaneamente. "Isso foi pela manhã, mas eu fiquei com as crianças durante todo o resto do dia, pois ela não voltou. No dia seguinte ela ainda não havia voltado e alguns policiais apareceram procurando alguém na sala dela, mas não havia ninguém".

   "O marido dela estava viajando e os gêmeos comigo, por isso fui até os policiais e perguntei do que se tratava, então eles me informaram que ela havia sofrido um acidente quando voltava do mercado e havia falecido". A senhora suspirou e olhou para JungAh e Jungwoo como se estivesse checando se os dois estavam bem mesmo escutando toda a história. "Os policiais me aconselharam a entregar as crianças para as autoridades competentes, pois eles poderiam cuidar melhor dos bebês até que o pai ou algum outro responsável aparecesse. Eu entreguei as crianças e se eu não me engano eles ficaram 3 meses no abrigo até que fossem para o orfanato, já que ninguém apareceu".

   "Mas eu lembro de quase 4 meses depois... o marido da jovem apareceu, ele veio até aqui e perguntou se ela havia saído, então eu tive que o informar sobre a morte dela. Ele perguntou sobre os bebês e eu disse que os tinha entregado para as autoridades. O coitado parecia completamente abalado. Ele me agradeceu por ter dito tudo a ele e então saiu correndo carregando um monte de malas...".

   — Você acha que ele foi procurar os bebês? — JungAh questionou.

   — Sim, sem dúvidas. Ele parecia muito preocupado com as crianças — Respondeu a Lee.

   A resposta da mulher fez com que uma alegria imensa surgisse dentro de JungAh, pois assim como ela sempre achou, ela e seu irmão não haviam sido abandonados pelo pai deles. Saber que seu pai havia os procurado fez com que ela sentisse como se um peso fosse tirado de seus ombros. Sua busca pela verdade não havia sido em vão.

   — Mas sabe, quando eu vi você eu até me confundi — A mulher riu — Você e ela são iguais, na verdade vocês dois são idênticos a mãe de vocês.

   — E sobre o nosso pai... você sabe algo sobre ele? O nome ou algo do tipo? — Jooah perguntou, tentando obter qualquer informação que fosse.

   — Eu nunca cheguei a perguntar sobre ele, então não sei nada — Sohee falou com certa tristeza — Mas eu acho que também o vi na televisão, mas não tenho certeza.

   — Na televisão? — Jungwoo, que até então se mantivera em silêncio, questionou.

   — Sim, ele parecia um pouco mais velho, porém o rosto era o mesmo — Ela fez uma pausa e tentou se lembrar se algo a mais sobre o rapaz — Eu acho que o sobrenome dele era... era Ahn, eu tenho certeza disso. Na época tinha uma placa em frente a casa com o sobrenome da família e era Ahn.

   — Muito obrigada, senhora — JungAh agradeceu com um enorme sorriso no rosto.

   Após ouvir tudo o que Lee Sohee havia contado, Jungwoo não sabia ao certo mais como se sentia em relação ao seu pai. Durante toda a sua vida ele havia pensado que ele havia os abandonado e havia se convencido que não valia a pena o procurar, mas agora, depois de saber toda a verdade tudo parecia ter mudado. Será que ele deveria se empenhar para encontrar seu pai assim como JungAh havia feito durante todos esses anos? Será que se eles encontrassem o pai deles, ele ficaria feliz? Era impossível ter certeza, mas Jungwoo percebeu que talvez valesse a pena ir atrás da verdade mesmo que fosse apenas para agradar sua irmã.

   A única certeza do rapaz é que tudo não havia passado de um mal-entendido, e que, diferentemente de como ele havia crescido acreditando, seu pai havia os procurado ao menos uma vez. 

In Love With Him - LuwooOnde histórias criam vida. Descubra agora