AMOR PRA RECOMEÇAR - LIZIERO

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Se uns meses atrás alguém chegasse me dizendo que eu estaria no Morumbi vendo o tricolor jogar um clássico, eu desacreditaria e ainda chamaria essa pessoa de doida de todas as formas possíveis. Mas é exatamente o que tá acontecendo, depois do aniversário do Reinier combinamos com o pessoal de vir até São Paulo passar o restante das nossas férias. Lizi conseguiu vagas no camarote pra gente, mas que torcedoras seriamos nós se viessemos aos Morumbi pela primeira vez e subir direto pra camarote - então fizemos questão de ficar no meio da galera, e por mais que tivemos que passar o jogo inteiro ouvindo o Diego reclamar, foi uma sensação indescritível. Mesmo o jogo ter terminado com um empate meia boca, não afetava em nada a magia do momento.

Saímos do estádio cantando junto com a torcida, por mais que quiséssemos ver os meninos após o jogo eles iriam embora todos juntos no ônibus, então seguimos até o apartamento que tínhamos alugado, o que é bem melhor do que ficar em hotel, além de ser mais barato - meu cartão poupança da Caixa agradece.

- COMO EU TE AMO TRICOLOR, COMO EU TE AMO DEMAIS - Jordana entrou no carro cantando, ou melhor berrando

- Não Jord poupa meus ouvidos, já tô quase sem tímpanos depois de tanta gente gritando. Me lembra de nunca mais ir em jogo nenhum, só piso em estádio agora se for pra ver um show da Britney - meu melhor amigo continuava na mesma pauta de reclamação

- Ah Di, tu estaria empolgado do mesmo jeito se tivesse saindo do show da Britney - respondi

- Ah mas tu quer comparar mesmo, um show da Brit, com um monte de macho correndo atrás de uma bola. Nos poupe né!

- No show da Brit tem gente se pisando do mesmo jeito, gritando... qualquer semelhança não é mera coincidência - respondi novamente e o mesmo não teve mais argumentos sólidos pra rebater.

Chegando na nossa residência provisória, o pessoal foi cada um pro seu quarto descansar, mas esteva enérgica demais pra conseguir ao menos ficar parada, então decidi descer pra comer alguma coisa, visto que nada das coisas que havíamos comprado no mercado me enchiam os olhos - Fui de açaí, afinal o calor estava pesado - pedi uma tigela que daria pra alimentar 4 pessoas normais tranquilamente.

Voltei pro apartamento e pelo silencio e quietude daquele lugar arriscaria dizer que estavam todos dormindo, peguei meu celular que havia deixado no balcão antes de sair - afinal não costumo sair com celular, ainda mais quando estou a pé e sozinha - ao desbloquear vejo várias notificações de mensagens e ligações, mais especificamente mensagens e ligações de um certo meio campista são paulino, antes que eu pudesse abrir as mensagens ou até mesmo retornar a ligação, outra ligação vinda dele aparece na tela, atendo no primeiro toque.

- Ai meu Deus, fala logo quem morreu garoto? Por favor diz que não foi o Volpi, vai ser muito difícil achar um goleiro a tempo, depois do Ceni óbvio. O Gomes também não pode morrer, ele e a Jord nem casaram ainda. Ai meu Deus não diz que foi o Brenner? Ai meu pai, triste fim morrer no auge da sua carreira - apesar de parecer bem humorada eu tava realmente preocupada, não imagino outro motivo pra tanta urgência se não uma tragédia - Fala logo garoto, você tá me deixando nervosa

- Não passou pela sua cabeça que eu poderia ser a pessoa que tivesse morrido? - ele pergunta, e sinto humor na sua voz, o que me acalma um pouco

- Creio que se você tivesse morrido, a ultima pessoa a quem iriam ligar seria eu. Mas para de enrolação, se ninguém morreu porque esse desespero em falar comigo? - ele pareceu lembrar do real motivo do seu contato

- Gomes estava tentando falar com a tua prima, e aparentemente o celular dela tá desligado o que proporcionou a ele um surto de preocupação quase igual ao teu, poderia por gentileza me informar se a donzela dele está ou não em perigo? - dou uma risada, achando engraçado o exagero mas ao mesmo tempo achando incrivelmente fofo, vou até o quarto da minha prima apenas pra conferir que a mesma está dormindo.