Viver numa quarentena, isolados da sociedade, é completamente sufocante para muitos. Os motivos variam, mas normalmente se resumem em saudade dos amigos e parentes; vontade de sair para passear, fazer compras, etc; e o pior de todos: a carência.
Este último, porém, não abala quem mora com o companheiro, já que assim tem espaço para ficar de chamego sem que correr riscos de contaminação. Além do mais, não tem muita coisa para se fazer em um apartamento minúsculo, a não ser aproveitar a companhia de quem está com você.
Outro sintoma do isolamento social apareceu e dominou boa parte da população jovem foi a vontade incontrolável de mudança, nem que seja apenas em si mesmo. Não, não estamos falando de rotinas do Pinterest, nem de glow up, nem de meditação, nem de quaisquer hábitos que possam favorecer seu 'ser' e seu 'corpo'. Sim, estamos falando dos cabelos cortados e pintados que correram soltos durante esse ano complicado. Cabeças raspadas, mechas descoloridas, redução pela metade do comprimento das madeixas, todos enlouqueceram ao mesmo tempo.
Curioso, não?Muitos já tinham esses hábitos antes da quarentena, assim como Mark Lee.
O jovem havia pintado seus fios de azul pouco antes da quarentena ser anunciada, pode-se dizer que um dia antes.
Com isso, se encontrava com a cabeça esverdeada e nem um pouco hidratada, poderia facilmente ser confundido com uma vassoura de palha. Se pudesse voltar no tempo, com certeza pensaria duas vezes antes de ir no salão pagar uma quantidade absurda para ficar na situação atual. Claro que os primeiros dias foram muito agradáveis, seu namorado passou horas e horas acariciando e bagunçando de forma carinhosa seus cabelos, enquanto maratonavam 'Death Note', alegando estar macio. Agora o outro passava longe daquele ninho que Mark carregava na cabeça, dizia estar tão seco que poderia cortar a pele de suas mãos.Falando no diabo, este mantinha o cabelo natural castanho claro, depois de ficar com metade da cabeça ruiva e cortado essa parte fora. Seu cabelo crescia rápido.
Donghyuck gostava de mudanças radicais, principalmente as que causavam uma reação de boa surpresa no namorado, como quando apareceu com a cabeça completamente laranja. Jurou que nunca ouviu um grito tão fino na vida.
Mas gostava dos surtos dele, então se divertia bastante.No dia atual, 451 dias depois da declaração de quarentena, o casal se encontrava estendido no sofá da sala com a TV desligada, refletindo o resto de sol que pairava naquele fim de tarde nas pernas descobertas pelos shorts, que se esstendiam preguiçosamente no estofado.
Era o típico momento para ter preguiça até de pensar no que fazer. O dia se resumiu em estudos basicamente, por ser quarta-feira. Mas se encontravam igualmente entediados.- Mark...- O moreno chama preguiçosamente, sem tirar os olhos de um furo na parede onde anteriormente habitava um quadro de um quebra-cabeça, que, adivinhe: os dois bobões tiraram só para montarem de novo. Nenhuma novidade se dissesse que o bendito jogo estava apenas com um quarto montado e o resto das peças espalhadas na mesinha de centro que dividia o cômodo.
- Hm...- Responde no mesmo tom, observando as poeirinhas flutuando nos fracos raios de sol.
- Tem alguma coisa... pra fazer?- A cena chegava a ser engraçada, os olhos fixados nos pontos anteriormente ditos, as mentes nubladas pelo tédio. Donghyuck nem lembrava que aquela era a quinta vez que fazia a mesma pergunta.
- Não... sei.- Novamente, a quinta vez que respondia da mesma forma.
Mais alguns minutos se passaram na mesma cena, seguindo com o pescoço do mais novo virando na direção do companheiro, quem nem percebeu.
Se perguntassem à Donghyuck, diria que jamais enjoaria de observar o rosto do namorado. Gostava muito de analisar as curvas de sua face, os olhos escuros, a boca fina bem desenhada, o maxilar destacado... Uma obra de arte.
Porém, uma coisa o incomodava num nível que era impossível explicar: aquele cabelo.
Amava Mark de todas as formas, de todos os jeitos, em qualquer circunstânica, o achava atraente de qualquer modo. Mas, convenhamos, ele ficava muito mais atraente de cabelos escuros. Preto, azul escuro, marrom... Essas cores se destacavam e o deixavam mais...
Não queria usar aquela palavra pois o horário não permitia, mas ele ficava muito mais gostoso de cabelos escuros.
Se pudesse o pintaria agora mesmo. Não aguentava mais aquele fardo de feno na cabeça do garoto, morria de vontade de fazer carinho mas poxa, era tão seco. E ele ficava tão mais gostoso de preto.
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black ink & boredom - markhyuck
FanfictionMark fica muito mais gostoso de cabelo preto.