Capítulo 23: Revelação parte final

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Clara: on

  Fui pega completamente de surpresa pelo abraço da Sófia e mais ainda pela frase que soltara, eu não fazia ideia de como deveria reagir, afinal raramente recebia esse tipo de gestos e muito menos os fazia, mas quando escutei ela chorar deu um clique na minha cabeça me fazendo abraça-la de volta e começar a fazer um carinho em suas costas tentando consola-la ainda sem entender o motivo para isso. Demorou alguns minutos para que Sófia se acalmasse para que pudéssemos nos afastar, eu estava extremante confusa com tudo aquilo e nem sabia como começar a perguntar o motivo do choro.

  — Acho que você quer uma explicação — disse ela limpando o rosto.

  Ainda sem conseguir responder simplesmente aceno com a cabeça me sentando no pequeno sofá da sala a vendo puxar uma cadeira se sentando na minha frente.

  — Eu não sei como explicar isso em palavras — começou Sófia respirando fundo juntando as mãos — ainda é muito surreal pra mim. 

  — Se você falar talvez fique mais... real — digo tentando ajuda-la — sério Sófia não sei o que dizer, eu não to entendendo.

  — Tudo bem, eu vou tentar — disse ela respirando fundo — a muito tempo atrás quando eu não tinha nem 10 anos acabei quebrando a janela da casa dos meus vizinhos com uma bola de futebol, com uma bola de futebol, com medo do que aconteceria entrei na casa para pega-la e acabei encontrando uma garota um pouco mais alta do que eu encolhida num lugar onde mal conseguia vê-la ela parecia não querer se aproximar, porém eu havia me cortado num dos cacos de vidro que estavam no chão a fazendo sumir totalmente da minha vista antes de voltar segurando uma caixa...

  Quanto mais ela contava mais clara ficava a imagem na minha cabeça quase como se eu estivesse vivendo aquele dia de novo, era engraçado que só agora eu conseguia ver a semelhança, era os mesmos olhos, os mesmos cabelos, os mesmos traços que tanto vi de longe e agora estavam ao alcance das minhas mãos quase a estendendo para gravar com o toque em minha memória, mas felizmente consegui suprimir a vontade. 

  — Sófia!? — questiono como se ainda precisasse ouvi-la confirmar que se tratava daquela mesma garotinha que conheci em minha infância.

  Agora parecia ser ela a ficar sem palavras se limitando a confirmar com a cabeça voltando a conter o choro, a vida realmente não cansa de dar voltas, eu estava novamente frente a frente com a garota que mudara a minha vida anos atrás a vendo fazer o mesmo, pelo vista a vida não é tão linear quanto eu pensava, estar mais para um circulo onde as coisas tem tendência a se repetirem. Voltando a minha mente para o que estava acontecendo no agora decido ir para a cozinha pegar um copo de água com açúcar a entregando para Sófia esperando que se acalmasse novamente para que pudéssemos voltar para a conversa, afinal estava óbvio que ela possuía várias perguntas queimando em sua mente, porém precisava estar calma para faze-las.

  Enquanto eu esperava o Alvin havia voltado para a sala de deitando ao meu lado roronando baixinho enquanto eu lhe fazia carinho se passou alguns minutos naquele clima até que Sócia finalmente voltou a falar.

  — Eu não sei se devia perguntar e já me desculpo por isso, mas... Como você sobrevível ao acidente? — pergunta ela.

  — Nem mesmo eu sei explicar — respondi respirando fundo — eu estava desmaiada quando aconteceu o acidente? — pergunta ela.

  — Por que você estava desmaiada?

  — Talvez pela perda de sangue, talvez pela dor seja qual foi o motivo eu não estava acordada — digo — a única coisa certa é que a batida do carro abriu o porta-malas onde eu estava o que me permitia sair do carro antes da explosão e me arrastar para perto da casa daqueles que no futuro chamei de avós, só posso dizer que foi um milagre.

  — Por que você estava naquele porta-malas? — pergunta Sócia com os olhos brilhando de culpa e eu sabia de onde vinha aquele brilho.

  — Sófia não foi sua culpa — digo tocando hesitante em sua mão lhe fazendo um leve carinho a colocando entre as minhas — ... e nem minha.

  — Mas fui eu que falei com eles — disse ela se soltando antes de começar a andar em círculos na sala.

  — Primeiro; pare com isso estou ficando tonta — digo segurando em seus ombros a deixando parada — segundo; o que aconteceu comigo naquele dia iria acontecer cedo ou tarde, afinal eles me batiam por literalmente qualquer motivo até mesmo se eu respirasse um pouco mais alto, aquele dia foi apenas uma fatalidade não é culpa de ninguém.

  — Como você consegue dizer isso?

  — Anos de terapia e olha que eu ainda não conseguir lidar nem com a metade — confesso.

  — Isso explica algumas coisas — disse Sófia concordando com a cabeça.

  — Bom, bom — digo dando uns tapinhas no seu ombro antes de me afastar um pouco cruzando as mãos nas costas sem saber como prosseguir sentindo o Alvin se esfregar na minha perna me fazendo pega-lo e começar a lhe fazer carinho — sendo sincera não faço ideia do que fazer agora. 

  — Eh, essa é uma situação muito incomum — concorda ela passando a mão pelo pescoço — é melhor a gente continuar esse assunto depois.

  — Estou totalmente de acordo — digo a guiando para a porta com o Alvin ainda em meus braços a abrindo — eu não sei você, mas eu estou me sentindo muito vilã de filme agora com o Alvin no braço.

  — E eu seria o que nessa história? — pergunta Sófia também dando um carinho nele.

  — A heroína? — pergunto incerta.

  — Você tá perguntando? — questiona ela antes de abrir um sorriso — mas falando sério, Clara você viu os seus pais ou irmão depois do acidente?

  — Não — respondo também negando com a cabeça.

  — E gostaria de ver?

Continua...

A garota que mora ao lado - HiatoOnde histórias criam vida. Descubra agora