A garota estava cansada. Exausta de sua própria exaustão e presa em sua vida desvairada. Cansada de lutar contra o que era, de tentar mudar, cansada de se calar. De onde viera, afinal? Aquela sensação que a invadia como uma tempestade levando a calma presente no jardim e com eles todas as flores saudáveis que brotavam. Todos os frutos doces e esperançosos que nasceriam na próxima alvorada, com suas trajetórias interrompidas pela água profunda e sombria que os soltavam de seus galhos e os afogavam em suas ondas amargas, salgadas, sufocando-os até que não restasse mais nada.
A garota então lutava ingenuamente contra sua própria vastidão, contra as ondas que jorravam de seu coração. Enganada após não conseguir nada, guardava para si todos os estragos causados pelas ações dos seres que ali habitavam. Engolia cada gota do sal e os destroços sobrados da devastação. Frustrada, não sabia ela que envenenava a seus próprios pulmões, e então, morria, desiludida e murcha como as flores que um dia teria plantado para evitar as consequências de suas ações. Seu erro foi amar intensamente a rosa mais solitária na esperança de que como era a única a amá-la também seria a única valorizada, acabou sendo espetada e jogada em meio as pétalas das outras rosas que também se arriscaram. Pisada, a intensidade jorrante em ti foi quem a levou até ali.
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Borderline
De TodoNarrativa Poética que mostra uma perspectiva profunda e pessoal sobre pessoas que possuem Transtorno de Personalidade Borderline. "Seu erro foi amar intensamente a rosa mais solitária na esperança de que como era a única a amá-la também seria a únic...