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O quarto de Raven era incrível, em uma das paredes havia uma estante gigante de livros, no centro havia um grande tapeta cinza, já em outra parede havia rabiscos, desenhos não terminados e outros perfeitamente pintados.
Uma coisa que eu achei extravagante foi a claraboia que ocupava uma parte de seu teto, ótima para observar estrelas.
— Desculpa, está uma bagunça — ele diz tirando alguns desenhos da parede.
— Se isso for bagunça, meu quarto é uma zona de guerra — falo admirando os rabiscos, a maioria deles eram retratos de pessoas. — Você conhece todas elas? As pessoas nas fotos.
— An? — ele se posiciona ao meu lado — Não, vejo elas rapidamente, passando por mim ou em sonhos.
— Como consegue memorizar os rostos?
— Bom de memória, me ajuda bastante. — ele recosta-se na mesa e cruza os braços me observando. Continuo olhando cada desenho, até um me chamar a atenção.
— E essa sou eu? — seguro o desenho procurando analisá-lo melhor, cada detalhe era impressionante, mas achei estranho uma coisa, o desenho sem cor nenhuma, tirando meus olhos, estavam laranjas.
— Sim, pode ficar se quiser. — ele sorri.
— Olhos laranjas? — me viro ficando em sua frente, talvez estávamos próximos demais.
— Eles estavam dessa cor quando te vi pela primeira vez, a alguns anos. Você estava no jardim, com um garoto, vocês corriam feito malucos, até eu me aproximar demais e você meu ouviu. Você virou rapidamente e seus olhos brilhavam laranja — ele posiciona sua mão em minhas bochechas — Nunca entendi como, mas tenho minhas teorias.
Eu lembrava desse dia, entretanto nunca pensei que Raven era aquele garoto com as roupas sujas de... Tinta preta, agora faz sentido.
— E quais seriam? — pergunto
— Número 1; reflexo do sol — ele suspira — Pode ser meio ridículo porém, número dois; você pode ser uma bruxa do fogo, olhos laranjas são uma característica delas. — seu braço passa pela minha cintura.
— Bruxa? Isso é impossível, eu nunca... fiz nada com magia.
— Eu também não, mas descobri que tenho um dom, eu consigo prever o futuro pelos desenhos — o olho incrédula — Posso te provar — ele tira do bolso um pedaço de papel dobrado. O desenho, descrevia Raven e eu no jardim, exatamente como ocorreu mais cedo, era impossível ele fazer um desenho tão rápido. Isso era verdade?
— Como? Magia? As bruxas foram extintas a anos. — me afasto, sento em sua cama e apoio minha face em minhas mãos.
— Eu também achava isso, até conhecer uma bruxa, não do tipo fogo, tipo Terra, olhos verdes. Ela estava no baile ontem.
— Quem é? Prometo não contar a ninguém.
— Ca... Nao me lembro o nome...
— Cacilie?
— Isso!
Cacilie é uma bruxa? Conheço ela a pouco tempo não posso dizer nada sobre ela, ainda. Mas saber que ela era uma bruxa realmente me surpreendeu.
[...]
Fiquei alguma horas no quarto de Raven admirando suas obras e pegando alguns livros emprestados. Ele também me explicou um pouco mais sobre as bruxas e magia. Não estou dizendo que realmente acho que sou uma bruxa ou algo do tipo, não pode ser verdade.
— Boa tarde Marcelline — Cacie passa por mim pelo corredor me cumprimentando.
— Boa tar... CACILIE! — me lembro do que Raven comentou sobre ela. — Vem, quero conversar com você, assunto pessoal.
— An... Claro. — puxo-a até meu quarto e confiro se não há ninguém por perto.
— Você é uma bruxa? Talvez eu tenha sido direta demais. — ela me encara confusa.
— Quem te contou isso? Eu... Raven. Tá, calma, como? Por que ele fez isso? Eu confiei nele.
— Eu sou confiável também, não irei contar para ninguém, ele só me contou pois ele acha que sou uma bruxa do fogo. Loucura não é? — comento tentando acalmar a situação. Quando termino de explicar toda a situação, ela veio com toda a sua rapidez em minha direção. — Não me mata por favor!
— Não vou fazer isso! — diz rindo, ela pega minha mão esquerda e segura com a sua mão, da mesma surgem vinhas que grudam em meus dedos, chegando até a palma da mão. Pressionam meus músculos fazendo eu sentir um calor entre eles. Quando a olhei nos olhos, eles brilhavam na cor verde. — Não se espante, os seus estão laranjas. — Sinto minhas mãos aquecendo cada vez mais até chamas surgirem e dançaram em minhas palmas, sem fazer dano algum.
— Uau, isso é... HORRÍVEL, IMPOSSÍVEL! — quando concentro minhas forças mas chamas, elas aumentam, cada vez mais — Como eu paro isso? Cacilie!? — o terror ficava maior e meu coração acelerava.
— Respira fundo e tenta se concentrar nas chamas!! — ela fala calma tentando fazer o mesmo comigo.
Não conseguia, elas aumentavam cada vez mais, eu estava com medo assustada, quantas pessoas eu iria matar? Eu iria me tornar uma assassina! Porém de repente, surgiu água de todos os lados fazendo o fogo desaparecer. A única coisa que eu me lembro de ver antes de apagar, foi uma garota de cabelos pretos e da pelos escura, deus olhos brilhavam azul.
Seria ela a minha salvadora? Seria eu uma bruxa do fogo?
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