II

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Talvez o mundo realmente seja rosa, perolado, brilhante como um diamante e inocente como o olhar de uma criança.
Eu gostaria de voltar no tempo
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Minha casa parecia tranquila, calma e serena como sempre fora, deixei minha mochila no sofazinho de madeira que tínhamos, minha casa não era luxuosa, era simples, simples ate de mais, porém la era o meu lar, o lar que eu e minha mãe conseguimos ter e por mais que passassemos por diversas dificuldades la ainda era o meu lar.

-Mãe? -Chamei tentando a encontrar a casa não era grande e ela não havia saído -Mãe! -Minha voz foi se desesperando, minha mãe andava doente, muito doente ela poderia mentir para mim mais eu sabia que ela não estava bem -MÃE! MÃE CADE VOCÊ?! -Minha voz ja desesperada a procura da minha mãe pela casa se fez mais alta ate eu dar de cara com ela

-Eu havia te respondido desde a primeira vez -Sua voz fraca, rouca, calma mais ainda doce saiu com um pouco de dificuldade, seu peito xiando por conta da "gripe" e "infecção na guarganta" que os médicos do postinho da região haviam falado de ser

-Me perdoe mãe não tinha escutado -Pego as roupas que ela com certeza tinha acabado de recolher do varal e as levo para seu quarto a escutando tossir fortemente e ficar cansada logo atrás de mim -A senhora precisa ir há um hospital de verdade, com médicos de verdade -A ajudo a se sentar na cama, vendo seu peito subir e descerem busca do ar

-Os médicos daqui são de verdade -Um tempo depois com a mesma voz ela me responde -Poderia pegar aquele xarope para mim? -Vou ate a pilha de antibióticos, remédios para febre e outros que os médicos indicaram como receita

-Eu arrumo isso mãe, descansa por favor -Com as costas da minha mão medi por alto sua temperatura e mesmo por alto me assustei -Quente de mais...mãe, vamos ao médico por favor

-Jimin não temos dinheiro! -Ela disse no tom mais alto que podia -Gastei todas as economias com os remédios que receitaram!  Não temos com o que pagar!

-Talvez se eu pedisse pro papai...-Eu sabia que tinha dito merda antes mesmo de eu terminar a minha frase

-NÃO! -Tossiu com as forças que lhe restaram e rapidamente fui parar em seus pés segurando seus joelhos -Seu pai! Não quero ele entrometido na NOSSA vida! Ele nunca esteve presente! Já é de mais ele pagar a sua escola

-É o mínimo que ele pode fazer depois de tudo -Ergo minha cabeça com milhões de coisas mais ainda consigo sorrir, engoli as minhas lágrimas e limpei as da minha mãe que caiam sobre nossas mãos dadas -Vai ficar tudo bem mãe, os remédios vão fazer efeito e amanhã de manhã a senhora vai estar melhor -Sorri tentando demonstrar que estava bem, suas mãos quentes passaram pelo meu rosto como ela sempre fazia quando queria me admirar, há vi sorrir singelamente para mim, minha mãe parecia um verdadeiro anjo de cabelos negreiros.

Seguro sua mão em minha bochecha deixando uma lágrima solitária e teimosa escorrer pelo meu rosto indo de encontro com sua mão, mais que rápido ela a limpa

-Odeio quando você chora -Sua mão agora ligeira para em meu queixo levantando mais minha cabeça fazendo meu olhar pousar sobre o seu -Eu sempre disse para você...

-Não chore esta noite, eu ainda amo você -Dissemos juntos e gargalhamos no final, sua risada sem voz não era a mesma risada, não era o mesmo som, seu peito xiando eu me preocupava mais a ver feliz me deixava tão feliz -Essa frase -Ela disse ainda entre risos

-A senhora a me dizia quando eu estava chorando por algum pesadelo a noite -Sorri ao me lembrar das noites em que ainda pequeno chorava por achar que de baixo da minha cama havia algum monstro, das noites em que ela contou uma história com final feliz ou então cantou uma música apenas para me acalmar, nada dava certo, mais em uma certa noite ela deitou comigo na cama e disse essa frase enquanto acariciava meu rosto, apartir dai ela não precisava mais cantar, não previsava mais inventar histórias felizes de uma árvore falante que se apaixonou por um garoto do campo, bastava ela dizer essa frase e nada mais, por que quando ela dizia eu sabia que a teria ali, pra mim e por mim

-Como foi a aula meu filho? -Eu sai do meu momento nostálgico voltando para o presente e me lembrando de hoje, das coisas estranhas que aconteceram, Min Yoongi ele sempre me zoa, mais hoje foi legal, ele sempre é um babaca mais hoje me seguiu para devolver um lápis?! -Filho está ai?

-Sim mãe desculpa...a aula foi normal, não teve nada de importante -Forjei outro sorriso mesmo quebrado por dentro, eu sabia que minha mãe preferia me ver sorrindo do que chorando, então assim eu faria -Vem vou colocar uma toalha molhada na sua testa, tenta descansar por favor -A conduzi ate a poltrona que ela amava se sentar pelo menos isso o meu pai não tirou dela, levantei os seus pés e coloquei uma toalha fria na sua testa -Descansa ta? Eu arrumo as coisas

-Obrigada por cuidar tão bem de mim filho -Lhe dei um beijo na bochecha e segui com meus afazeres, enquanto arrumava as coisas via a minha mãe mudando de canal na TV tubão que tinhamos com poucos canais parando na novela, minha mãe sempre foi noveleira, eu também, mais últimamente ando sem tempo até para mim mesmo, não que antes eu tirasse um tempo para mim, minha vida sempre foi rodear as pessoas e ser o legal, mais o legal também se cansa.

O tempo passou rápido, terminei o jantar e quando fui chamar minha mãe ela dormia como um anjo, sua áurea calma mais seu peito xiando, sorri sem mostrar os dentes pegando um cobertor a cobrindo, passei a mão pelo seu rosto tirando os fios de cabelo de la vendo se sua febre havia abaixado, não estava la essas coisas, mais havia melhorado, lhe dei um beijo e tampei as panelas, não iria jantar não estava com fone, fui para o meu quarto e joguei meus materias sobre uma mesinha caindo os pedaços que tinha ali, tinha tarefas para fazer, trabalhos de outras pessoas para entregar e trabalho de meio período para procurar.

Acordei assustado derrumando vários matériais da minha mesa aonde havia adormecido, fui correndo para o quarto de minha mãe o relógio marcando 23:00 ela não estava lá, olhei para a sala e minha mãe no chão se retorvendo procurando algum ar

-MÃE! -Me joguei no chão a pegando em meus braços completamente apavorado -ALÔ?! ALÔ?! -Liguei para a ambulância mais o sinal era horrível  -Por favor! POR FAVOR!

-Por favor senhor se acalme e me diga o que está havendo -A voz da enfermeira suou calma através do alto falante do celular

-A minha mãe está com falta de ar moça pelo amor de deus! Seu pulmão está xiando ela não consegue respirar por favor! -Minha voz desesperada se desesperava mais ao ver a minha começando a babar

-Me diga seu endereço  -A voz calma da enfermeira agora com um tom rápido de preocupação, passei o endereço minhas lágrimas pingando sobre o pescoço de minha mãe, o ar vinha e saia de novo

-Fica calma mãe! Fica calma eu to aqui vai ficar tudo bem! -Eu dizia uma coisa mais demonstrava outra,  dizia que ia ficar tudo bem mesmo sabendo que eu estava mentindo, mesmo sabendo que eu estava chorando com medo de perder a minha mãe. As luzes vermelhas e azuis da ambulância iluminaram minha casa escura e sai carrendo minha mãe ate o carro de socorros entrando logo em seguida, as pessoas estavam na rua obviamente se perguntando o por que de todo aquele escândalo.

Dentro da claridade da ambulância os paramédicos entubaram minha mãe,
estetoscópio foi diramente para a região de seus pulmões ao invés do coração, eles entre se olharam,  apertei a mão da minha mãe  com medo do que aquele olhar poderia me dizer em resposta

-O que foi?! O que esta acontecendo com a minha mãe?! -Soltei chorando, chorando por medo, minha mãe estava desavordada, estava entubada e começando a ficar gelada, os paramédicos me olharam com um olhar diferente, não triste, mais não feliz

-A sua mãe pode estar com fibrose cistica -Um deles me diz e meu mundo cai, problemas me passa pela cabeça,  a vida da minha mãe agora com uma doença terminal, a fibrose cística afeta as células que produzem muco, suor e sucos digestivos. Isso faz com que esses fluidos se tornem espessos e pegajosos. Eles aderem a tubos, dutos e passagens.

-Ou talvez pode estar se transformando em uma B Cepacia - Burkholderia cepacia, ou então mais facilmente falando B Cepacia. B cepacia é uma espécie de bactérias patogênicas oportunistas gram-negativas de sistema respiratório em pacientes hospitalizados, especialmente em pacientes com fibrose cística. Tem baixa virulência, raramente causa problemas a indivíduos saudáveis. E agora minha mãe pode ser uma portadora dela... se ela estiver com Fibrose Cistica ela ainda pode estar no topo da lista de um transplante mais se for B Cepacia, adeus novos pulmões, olho para a minha mãe e aperto sua mão

-Só mais uma luta guerreira -Digo entre os meus soluços pensando que talvez o amanhã não chegue

Love In The DarkOnde histórias criam vida. Descubra agora