Capítulo 11.2

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_ Precisamos dormir tão cedo? Ainda nem são dez horas - Justin falou em um tom de curiosidade e reclamação
_ Ela dorme entre dez e doze horas, ela provavelmente acordará entre às sete e oito da manhã, então eu preciso estar acordada às sete para esperar. - comunicou - Você faz o que você quiser.
_ E você também precisa de dez ou onze horas de sono? - arqueou as sobrancelhas - por que eu não. E eu tenho uma coisa interessante que a gente pode fazer - sorriu malicioso fazendo Sophie entender o que ele queria. E ela também queria. Mas, naquele momento, ela não podia.
_ Um passo de cada vez, Justin...
_ Nos já demos todos os passos que precisavam ser dados - sorriu passando a mão na cintura dela que negou mais uma vez
_ Hoje eu estou aqui por causa de Elizabeth - o cortou falando sério - se ela não tivesse pedido eu não teria vindo.
_ Eu achei que já estávamos resolvidos - Justin murmurou com uma voz anormalmente rouca
_ Estamos resolvidos em relação à Elizabeth. Eu entendi suas razões, mas eu infelizmente ainda não perdoei suas ações - fechou os olhos aproveitando que estava de costas para Justin - estou fazendo isso pela minha filha que, por acaso, é sua filha e eu não acho justo deixar vocês separados pelo resto da vida.
_ Eu devo ser muito babaca para ter acreditado em você o dia inteiro - Justin riu - eu deveria ter aceitado a proposta de Ryan, mas deixei vocês me atrapalharem.

A raiva que subiu pelo corpo de Sophie não podia ser descrita com excelência. Ela sentiu sua garganta travar, o corpo esquentar e as mãos tremerem.

Elizabeth era um objeto de troca. Justin não abriu mão dela para a fazer feliz, mas sim por que levaria Sophie de volta até ele.

Justin não conhecia o que era o amor que ele falava sentir, ele sentia um desejo e nada mais. Queria alguém fixo que pudesse o satisfazer, ser sua companhia e ele pudesse apresentar como namorada.

Ele não queria uma amiga que fosse namorada. Ele só queria alguém.

E Sophie nunca se permitiria ser só alguém na vida de ninguém.

Levantou da cama voltando para o banheiro e vestindo sua roupa com certa pressa. Ela não iria permitir sua filha ser usada daquela forma.

_ Para onde você está indo? - Justin perguntou quando ouviu a porta do quarto abrir
_ Te dando o seu espaço de volta. Ligue para Ryan, talvez a proposta ainda esteja de pé.

Justin não entendeu nos primeiros segundos, mas assim que isso aconteceu ele olhou assustado para a mulher completamente vestida entrando no quarto de Elizabeth.

Levantou-se rápido indo até o quarto da menina e vendo Sophie começando a tirar a blusa do pijama que Liza vestia.

_ O que você está fazendo? - Justin perguntou sentindo seu corpo começar a entrar em desespero.
_ Vim aqui foi um erro.
_ Você não pode simplesmente sair assim! Não pode decidir tirar ela da minha vida assim, Sophie. Ela é minha filha!

A última frase e a entonação usada na palavra de posse irritaram ainda mais a mulher que deixou de fazer o que fazia elevantou-se encarando Justin com raiva.

_ Ela é minha filha. Minha! - apontou para si com raiva - você abriu mão dela!
_ Por que eu não queria perder você!
_ E é por isso que ela é minha, Justin! Por que, para você, ela foi um objeto de troca! Você não a ama como filha, você gosta de ter ela por perto por que ela te aproxima de mim. E não é por que você quer estar perto de mim, me ama ou seja lá qual seja a droga que você queira descrever, mas é por que você viu em mim a oportunidade de ser o homem que protege, que provide, o macho alfa da relação onde a mulher vai sempre estar disponível para você!
_ Eu nunca disse isso...
_ Não precisa dizer. Eu notei. Naquele momento eu era a pessoa mais próxima de você e você viu em mim a oportunidade de descobrir mais sobre minha relação com Elizabeth. Você me apresentou como namorada quando mal havíamos tido dois ou três encontros, você não me conhecia e eu não te conhecia. Mas era cômodo.
_ Não foi...
_ Exatamente tudo o que você disser vai entrar por um ouvido e sair pelo outro. Sua palavra não tem mais valor para mim desde quando você assinou um papel pedindo a guarda de Liza, me viu chorar e desabafar por isso e nunca me falou.
_ O contrato...
_ Que se dane o contrato, Bieber! - falou um tom mais alto, mas logo o controlou para não acordar Elizabeth - o contrato é um papel, eu sou um ser humano! E você brincou comigo como está fazendo com minha filha.
_ Ela é minha filha - Justin falou irritado. Não tinha argumentos por que sabia que ela estava certa.
_ Você perdeu o direito há mais de um mês!
_ Ela é minha filha! - Justin insistiu sentindo seu estômago revirar - você nunca poderá tirar ela de mim! Ela tem o meu sangue, não o seu!

Aquilo acertou Sophie em cheio, por mais que ela não considerasse aquilo importante. Mas a atingiu.

_ Isso não significa nada - falou sentindo seu nariz começar a arder. Ela encarava Justin com tanta raiva que se pudesse o partiria no meio com o olhar.
_ Você já viu algo que o dinheiro não pode comprar? - Justin murmurou - Se você a tirar de mim, eu vou reabrir o processo e a única coisa que vai importar é o que eu e ela temos em comum. O sangue. E isso é algo que você nunca vai ter!
_ Você não pode fazer isso - o murmuro foi tão baixo que foi quase inaudível.
_ Tente a tirar de mim, Sophie. Tente. E então eu me certifico que a única criança que vai te chamar de mãe é a que vai sair de dentro de você. Eu até faço uma doação se isso for ajudar a tratar sua doença.

Sophie havia sido esmurrada, chutada, pisada e destruída. E, por incrível que pareça, Justin se sentia da mesma forma. Ele sequer entendia por que falou aquilo, não era o que ele queria dizer. Ele não falava aquele tipo de coisa. Ele não havia sido criado para diminuir as pessoas, ele se sentia mal.
Extremamente mal.

Mas antes que pudesse expressar algo mais, um estalo alto foi ouvido e sentido. Sentido tanto por Sophie quanto por Justin, em sensações que seriam longas e intensas demais para explicar.

Sophie virou-se terminando de tirar o pijama e colocar o vestido da menina que ainda dormia e a pegando no colo. Não sem antes lembrar de pegar a pelúcia e a mochila dela que estavam por perto.

Justin falava algo enquanto estava ao lado dela, mas ela não queria ouvir. Ela não conseguia ouvir. Seus olhos estavam embaçados pelas lágrimas e seus ouvidos eram só um infinito chiado.

Justin só desistiu de falar e pedir desculpas quando ela acelerou o carro e não tinha mais o que ele fazer.

Ela havia voltado, assim como ele quis durante todas aquelas longas semanas, e quando ela voltou ele disse que não a queria ali. Por que ele havia feito aquilo? Por que ele a magoou mais uma vez?

Ele queria tanto a ter por perto e praticamente a expulsou como se fosse uma ratazana qualquer que havia aparecido em sua casa e ele não queria lá.

Continua...

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