Parte 2
Anastasia sentia as pesadas cobertas sobre seu corpo, o calor aconchegante envolvendo-a e o crepitar calmante de uma lareira próxima a si. Ela abriu os olhos lentamente, encarando a cena à sua frente. Uma mesa de cabeceira ao lado da cama, uma poltrona de tecido aveludado e uma lareira de pedra polida, o fogo refletido no chão de madeira impecavelmente limpo e um tapete de aparência cara sob a cama de madeira escura bem esculpida.
— Como se sente? — a voz grave fez com que ela apertasse as cobertas em suas mãos, voltando seus olhos para seu interlocutor. O homem de pele moreno-avermelhada e compridas mechas castanhas a encarava com uma expressão preocupada. Os olhos castanhos percorriam seu rosto à procura de algo, talvez algum sinal de que ela fosse recair a inconsciência.
— Bem melhor. Obrigado. — Ela se permitiu sorrir, ajeitando-se sob as cobertas e tentando sentar-se. Ele prestativamente se aproximou, arrumando travesseiros a suas costas e mantendo os olhos atentos sobre si.
— Precisa tirar as roupas, estão molhadas. — Ele apontou para um biombo de madeira com os painéis pintados à mão com temas florais. As saias e o colete de um vestido estavam pendurados, assim como uma toalha. — Tem um banho quente para ajudar e roupas secas. Eu creio que elas sirvam em você, mas caso contrário-
— Obrigada, está ótimo. — Anastasia sorriu gentil, encarando-o e permitindo uma leve risada ao ver a expressão surpresa em seu rosto. Ela girou o corpo, se surpreendendo quando ele lhe ofereceu a mão, ajudando-a a se levantar.
— Espero que a senhorita não se importe de tomar café... é a única bebida quente que tenho no momento. — Ele manteve sua mão envolta a dela, acompanhando-a até o biombo.
— Nem um pouco. — Anastasia sorriu quando ele acenou com a cabeça antes de se afastar. Ela podia ouvir os sons metálicos dos utensílios, fazendo-a espiar por um momento, vendo-o de costas para si, sentado sobre uma almofada no chão ao lado da mesa redonda.
Ela sorriu, voltando para trás do biombo, deixando o casaco cair a seus pés antes de soltar o par de botões que mantinha sua veste no lugar, deixando-a cair no chão e os chutando para longe enquanto enrolava os cabelos em um coque. A água quente tocou sua pele, fazendo-a murmurar de satisfação.
Anastasia olhou suas mãos, vendo as unhas perderem a coloração azulada antes de voltar seus olhos para a cesta de palha trançada sobre uma cadeira próxima. Ela apoiou seu corpo a borda, esticando sua mão e cuidadosamente olhando seu conteúdo. Óleos perfumados, loções para o cabelo e pele, e sabonetes de aromas delicados. Os pequenos vidros com essências de cores translúcidas tilintaram quando ela passou seus dedos sobre eles, fazendo-a recuar.
— As coisas na cesta... — a voz grave de seu anfitrião se fez ouvir, fazendo-a girar na água em direção ao biombo. — Estão à sua disposição.
— Obrigada. — Ela afundou parte de seu rosto na água, permitindo um sorriso tomar seus lábios antes de voltar a esticar-se e pegar o sabonete embrulhado em um saco de tecido fino. O aroma leve de lavanda a envolvia, fazendo-a sorrir.
Levou alguns poucos minutos até que ela terminasse de se banhar, secando-se com a toalha de tecido macio e vestindo-se.
— Posso ajudá-lo com isso depois. — Anastasia saiu de trás do biombo, arrumando as saias uma última vez antes de passar as mãos pelo cabelo recém penteado, as mechas castanhas caindo em cascata por seus ombros e costas, espalhando-se e lhe emoldurando o rosto.
— Não se preocupe com isso. — Seu anfitrião pareceu levar um momento a mais para respondê-la antes de piscar os olhos algumas vezes e apontar para a poltrona que estava agora mais próxima da lareira e da cama. — Sente-se por favor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Flor de Inverno
Historical Fiction"América Colonial, 1779. Em meio a um rigoroso inverno, Ethan Klein, um jovem nobre de temperamento forte e orgulhoso tenta manter sua propriedade e as pessoas sob sua proteção longe da guerra que se desenrola. Por um capricho do destino, ele encont...