Parte 1
Ethan encarou as brasas no fogão a lenha, apoiando o braço à mesa da cozinha e balançando nervosamente a perna. Anastasia não deixou seus pensamentos em nenhum momento durante a noite, nem mesmo em seu sono pesado, mostrando-se presente em um sonho no qual passeavam pelas trilhas que cercavam a região durante a primavera.
Ele suspirou, levantando-se e voltando a preparar o café da manhã.
— Não vou me torturar quanto a essas sensações. Irão deixar-me de qualquer forma quando eu contar a ela que estaremos sozinhos por mais dois dias e que somente então poderei acompanhá-la até o porto. — Ele suspirou, mexendo os ovos antes de voltar-se para as salsichas.
— O cheiro está muito bom... — Ethan virou-se surpreso, encarando Anastasia que arrumava as longas mechas castanhas, prendo-as em uma trança simples. — Precisa de ajuda com algo?
— Hm... — ele olhou ao redor, a bandeja sobre a bancada do armário, já devidamente arrumada o fez balançar a cabeça. — Creio que não. Não esperava que a senhorita descesse. Ainda precisa descansar, deveria estar repousando.
Anastasia sorriu, aproximando-se e pegando a bandeja, arrumando seu conteúdo sobre a espaçosa mesa.
— Estou me sentindo bem disposta. — Ela voltou-se para Ethan, segurando uma xícara de café quente e colocando-a em suas mãos. — Apesar do susto de ontem, não vejo por que não me levantar. E eu me sentiria muito melhor se pudesse ajudá-lo. Não deve ser fácil cuidar desse lugar sozinho e ainda ter uma hóspede descuidada e inesperada.
— A senhorita não é descuidada. E não ficarei sozinho por muito tempo aqui. A propósito... — Ethan pegou um par de pratos de metal esmaltado, servindo os ovos mexidos e as salsichas antes de levá-los para a mesa, sentando-se de frente para Anastasia. — Sinto em informá-la que passaremos os próximos dois dias aqui, sozinhos. Só poderei levá-la até o porto após esse tempo.
— Tudo bem. — Ela manteve o sorriso gentil, comendo um pouco dos ovos e bebericando o café. — Mas não acho que seja necessário me levar ao porto. Não possuo dinheiro para pagar uma passagem. Talvez possa apenas me indicar o caminho para a cidade mais próxima, já será uma ajuda mais que bem-vinda.
— Dinheiro não será problema. Posso entrar em um acordo com o capitão. Temos mesmo algumas pendências que jamais serão cobradas. Posso pedir-lhe esse favor. — Ethan a encarou quando Anastasia sorriu, se limitando a balançar negativamente a cabeça. — Por que tão relutante?
— Não tenho para onde voltar, senhor Ethan. — Ela riu da expressão dele. — Algum problema?
— Sim... é estranhamente desconfortável ouvi-la dizer senhor Ethan. Sinto-me como um velho que bate na cabeça de jovens com sua bengala. — Ele sorriu quando Anastasia deixou uma risada escapar antes de cobrir os lábios, os olhos brilhantes o encarando e deixando-o mais leve. — Bem, caso a senhorita não se importe, pode ficar aqui pelo tempo que julgar necessário.
— Eu lhe agradeceria muito por isso, Ethan. — Ela sorriu antes de levar a xícara a seus lábios.
— Será um prazer. — Ele se manteve encarando-a por um momento a mais antes de voltar seus olhos para o prato com seu desjejum.
❄️
— Não há muita coisa para ser feita no interior da casa durante esses dias. — Anastasia seguia Ethan pelos corredores à medida que o moreno lhe mostrava cada cômodo da mansão. A casa era grande e confortável, com cômodos espaçosos e bem distribuídos. Em alguns momentos ela flagrou-se pensando que poderia tranquilamente morar em apenas um deles. — Eu tenho algumas tarefas para serem feitas do lado de fora da casa.
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Flor de Inverno
Historical Fiction"América Colonial, 1779. Em meio a um rigoroso inverno, Ethan Klein, um jovem nobre de temperamento forte e orgulhoso tenta manter sua propriedade e as pessoas sob sua proteção longe da guerra que se desenrola. Por um capricho do destino, ele encont...