James

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James Sirius Potter nasceu no dia quatro de dezembro. Estava frio e as estradas estavam cheias de neve. Ninguém o esperava por pelo menos mais duas semanas, mas quando Ginny passou a mão pela barriga pontiaguda dizendo que sentia algo diferente, Harry ficou em alerta, quase implorando para que fossem para o hospital. Ginny, é claro, recusou até a bolsa estourar no meio da sala enquanto ela ia buscar um pote de pipoca, que logo foi parar no chão. Ginny gostava de agir como se soubesse de tudo, mas estava tão nervosa quanto o marido. Ele sabia disso. Foi por isso que assim que viu a incerteza nos olhos castanhos da mulher que amava, Harry Potter decidiu que poderia se preocupar depois. Não era ele que entraria em trabalho de parto. Agarrou a mala que ela havia preparado e foram para a Rede de Flu, chegando no St. Mungus em pouco tempo.

Ninguém esperava por James Sirius, mas ele chegou com os dois pezinhos na porta, gritando por quem estivesse em casa. O parto mal durou duas horas e logo ele já estava aos berros nos braços de um Harry choroso e emocionado. Ele chorou nos braços da mãe também e até enquanto estava no berçário. Sua amiga, Luna Lovegood, apareceu na mesma tarde e com um sorriso, olhando para o pequeno bebê através do vidro do hospital, disse:

Ele é mesmo de Sagitário.

Harry não entendeu o que aquilo queria dizer. Mas havia muitas coisas que Harry nunca entendeu muito bem.

James Sirius era uma delas.

Mas por incrível que pareça, isso sempre foi uma das coisas que o mais velho mais gostava no filho.

Harry Potter estava acostumado a não entender muito das pessoas que mais gostava na vida. Não conheceu Lily Evans e James Potter por tempo suficiente para dizer que os entendia. Nunca soube o que fez sua mãe se apaixonar pelo pai mesmo depois de anos o desprezando. Nunca saberia. Não conseguiu passar tempo o suficiente com Sirius Black para dizer que o entendia também, embora sentisse que aquele curto período de tempo com o padrinho havia mudado a sua vida de alguma forma.

Harry não podia dizer que não pensou nos pais ao segurar James a primeira vez. Estava sendo pai antes dos trinta anos, como eles. Sempre que James ficava doente, Harry se perguntava como seria ter sua mãe para ajudá-lo como Molly Weasley fazia por eles. Mas não era sempre, porque Harry se deu conta depois de um tempo que a maioria das coisas era sempre sobre James Sirius para ele. Às vezes pensava tanto no próprio filho que não era possível ter espaço para mais nada além disto. E isso não mudou nem quando os anos começaram a passar.

O Potter mais velho adorou quando o filho começou a andar, quando voou pela primeira vez em sua vassoura de brinquedo dada por George Weasley e quando ele começou a falar, seu mundo inteiro parou. Aconteceu o mesmo quando James entregou o primeiro cartão de dia dos pais escrito por ele. Não havia nada como James Sirius no mundo. Para Harry, James era o seu mundo. O seu pequeno, barulhento, risonho e confuso mundo. Continuou sendo mesmo na adolescência quando, subitamente, se afastou dos pais, dizendo que estava cansado de ser confundido com Harry ou com seu avô, James Potter.

Harry não entendeu a fase em que James queria apenas ser chamado de "Jaysix", mas o apoiou e assim o chamou até o dia em que ele cansou – o que não demorou muito.

James era agitado, falante, curioso, meio grosseiro e de pavio curto, como a mãe. Harry nunca se viu como uma pessoa falante ou agitada. Talvez grosseira, embora Hermione, se perguntada, preferisse usar o termo "arrogante". Mas gostava de todas essas coisas em James. Gostou como ele iluminou a casa da família Potter – a sua família – com seus sorrisos, suas brincadeiras e suas travessuras.

James Sirius era perfeito e brilhante dos pés a cabeça e Harry soube disso desde o minuto em que ele nasceu. Podia não o entender sempre, mas não se importava, pois não havia uma coisa sequer que James pudesse fazer que seu pai não fosse gostar.

Love Without End I HARRY POTTEROnde histórias criam vida. Descubra agora