Enfim a guerra acabou de uma vez por todas, eles ganharam, o bem venceu o mal, mas o mal levou pessoas que não mereciam esse destino...Todos estavam na toca Weasley, mas ninguém estava em clima de festa, totalmente o contrário, senhor Weasley abraçava fortemente a esposa, Molly, perto da cozinha que soluçava de tanto chorar.
— Ele não merecia isso Arthur, nenhum deles. - Ela disse como se pedisse misericórdia, arrego.
— Eu sei, eu sei. - Completou o abalado Sr Weasley, com amargura na garganta, tentando acalmar a esposa.
— Mas ele... Eles... - Ela não conseguia dizer os nomes, só de lembrar era como se a única coisa que poderia sentir para o resto da vida, seria dor e arrependimento.
— Eles estão em um lugar melhor, Harry conseguiu, e nosso pequeno Fred lutou bravamente, eles apenas estão descansando em um lugar melhor. - Arthur dizia com a voz trêmula, era a primeira vez que o viu vulnerável.
Se sentiu culpado, a culpa era dele de certa forma, não queria ver ninguém lamentando sua morte, ele quem lamentava, se ele não tivesse sido covarde e deixar pessoas lutarem no seu lugar, ao invés de encarar seu destino, tudo estaria bem... Pelo menos ele pensava assim...
Caminhou pela casa, e chegou na sala, onde avistou Ginny adormecida no sofá em posição fetal, com os olhos inchados que de tanto chorar, adormeceu, sentiu uma dor em seu semblante, não estava vivo para acalmar-la... Mas o que o machucou por completo foi olhar para o lado, e ver, ela, Hermione Granger, sentanda em frente a lareira em uma poltrona velha mas conservada, ela não parecia chorar, olhava fixamente para a madeira sendo consumida pelo fogo, sem nem mesmo piscar, seus dedos brincavam involuntariamente uns com os outros, em cima de seu colo. Ela parecia distante, como se estivesse vazia, ele procurou em volta, mas nem teve sinal de Rony alí, talvez já estivesse dormindo, para o tempo passar mais rápido, fingir que nada aconteceu, e no dia seguinte, acordar e ver todos em Hogwarts felizes pelas férias da páscoa se aproximando.
— Eu... E-eu vou me deitar agora.. - Finalmente a garota pareceu sair do transe. Disse quase sem voz, como se ela gritasse tanto que perdeu-a juntamente com a força de viver.
— Claro, p-pode ir querida, Bo-boa noite. — Molly tentou responder ainda nos braços do senhor Weasley, ela já não chorava, talvez pelo fato de não existir mais lagrimas em seu corpo, mas soluçava, ela estava tão destruída por dentro, quando parecia por fora.
— Boa noite... - Hermione respondeu caminhando pelos corredores da toca sem rumo algum, parecia vazia novamente.
Harry a seguiu por onde ela ia, passou em frente ao quarto que antes era "deles" hoje era apenas "dele" e observou descretamente pela pequena abertura da porta, que George estava dormindo abraçado ao máximo de coisas que ele conseguiu segurar de seu irmão. Estava acabado também, dava para ver uma grande mancha na fronha de seu travesseiro, ele estava chorando, tanto, que como Ginny, chegou a um momento que seu cérebro simplesmente desligou, e ele adormeceu em meio a angústia.
Hermione continuou andando, e Potter a foi seguindo, sentindo uma dor incessante em seu semblante, mas seguiu. Até que chegou no quarto mais afastado da toca, longe o suficiente para ela se derramar em lagrimas, sem ninguém a pertubar.
Ele entrou, não precisava pedir permissão, ninguém o via mais...
Ela estava sentada na cama incrivelmente arrumada de frente para a janela, com seu rosto apoiado nas mãos. Potter não conseguia ver, mas ela estava sofrendo em silêncio, chorando. Ela venceu a batalha, mas fora derrotada por ela mesma, por se culpar pelo destino do melhor amigo, estava quebrada em milhares de pedacinhos, e mesmo não podendo, Harry queria estar ali, para recolher um a um, e no final reconstruir uma nova mulher, a mulher dos seus sonhos, é... Ele também percebeu tarde de mais que a amava, com isso lembrou de um livro que sua Tia Petúnia tinha guardado no pequeno armário embaixo da escada que Harry literalmente morou por muitos anos.
"Te amarei até depois do fim" parecia o título perfeito para o que Harry queria dizer a garota Granger.
Ele se sentou ao lado dela na cama, escutava a sua respiração irregular, fraca, gritando em silêncio. Ele poderia fazer qualquer coisa só para fazê-la parar de chorar, e sorrir novamente.
— Por quê!? - Ela pareceu implorar consigo mesma. - Por que Harry? - Chamou seu nome, quase em um clamado. Ele queria estar lá para corresponder o chamado, mas não podia. - Por que me deixou? Merlin Porquê!? - Ela indagava, incrédula, ainda com os olhos soterrados nas palmas das mãos.
— Eu estou aqui Mione... - Harry sussurou em seu ouvido, que a fez arrepiar pela energia dele alí, mesmo que não sabendo. - Nunca vou te abandonar. - Continou apoiando sua mão no ombro da garota, mesmo que ela não o visse, ou ouvisse, ela o sentiu.
Não exatamente o toque macio e protetor dele, mas sim, o calor, a energia maravilhosa que ele transmitia, fez com que o coração de Hermione voltasse a bater repentinamente; era como se ela ainda sentisse o abraço confortante dele... Sua boca estava seca, mas seu coração e alma parecia ter encontrado o lugar ideal, e como mágica, ela simplesmente parou de chorar, mesmo se forçasse nada saia. Retirou as mãos dos olhos inchados, e encarou o nada, mas naquele nada, estava seu melhor amigo, sua alma gêmea, que lhe amaria até depois do "the end."
— Eu te amo Harry! - Ela disse em meio a um longo suspiro, olhando para o nada imaginando se ele estivesse ali, e ele estava, mas ela não podia vê-lo.
Harry apenas sorriu, queria abraçá-la, tocá-la, beijar seus lábios e descobrir a maciez deles, queria poder ainda sentir o cheiro doce enjoativo que ela tinha, mas infelizmente, mesmo falecido, não poderia ter tudo. Afinal, "o protagonista nunca fica com a mocinha no começo." Era um dilema que Hermione carregava consigo desde que leu seu primeiro romance clichê.
Ela fechou a cortina meio desajeitada, deixando um pequena frestinha de luz da lua vindo da janela. Se espreguiçou, estava com muito sono, nem se lembra a última noite bem dormida que ela teve, talvez fosse a noite na tenda, somente ela e ele, depois dele animá-la após Ronald Weasley fazer sua escolha, que por sinal para Harry foi uma das melhores escolhas que ele já fizera.
Hermione retirou o casaco grosso que ela usava, pois fazia frio naquela noite, e se aconchegou em baixo das grandes cobertas. Afofou o travesseiro, deu um último bocejo, e fechou as pálpebras, que cobriram os olhos amendoados que costumavam brilhar mais que a própria estrela que habitava aquela galáxia; e adormeceu.
Potter se deitou junto a ela, não sentia frio, muito menos poderia saber se estava confortável aquele colchão, mas sendo com ela, já bastava. A encarou dormir como um anjo, seu anjo. Apenas escutava seus respiração calma, e tranquila, após tanto choro e desespero ela merecia um descanso, e Harry também...
— Eu também te amo Mione. - Ele respondeu, tantando colocar um cacho rebelde para trás da sua orelha, mas lembrou que ele atravessava as coisas e pessoas. Era-se apenas uma alma vagante esperando seu julgamento final. Então se contentou em apenas tentou dar um beijo de despedida em sua testa. Sorrindo como bobo ele pensou:
"Nos vemos na próxima vida Mione" e sem que ele pudesse fazer algo mais, simplesmente desapareceu.
Ele a amava tanto que uma única vida não seria o suficiente. E Harry confiava nos Weasleys. Com o tempo o vazio em seu coração iria se preencher, os traumas seriam passado, seus milhares de pedacinhos seriam colados novamente, e ela voltaria a ser feliz, algum dia. E tudo aquilo seria passado, apenas mais uma história para contar ao filhos e netos antes de dormir...
Mas ela continuaria amando-o até seu último suspiro.
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I Will Always Be With You
Fanfic"As vezes parece que carregamos o mundo nas costas." Hermione se sentia assim. Ganharam a batalha, mas perderam muitas pessoas, incluindo seu melhor amigo. E nisso ela descobriu que prescisava dele para viver mais que oxigênio, mas ja era tarde... "...