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Vitória on:

Ter alguém, sentirmos-mos completos é algo tão incrível, eu encontrei os meus, a minha família é tudo o que eu nunca pensei, e até isto da minha mãe e do meu pai e toda esta história que a minha vida foi uma mentira, e que nem eu sei que valores afinal me foram transmitidos, sinto-me um pouco perdida enquanto a isso, não saber em quem confiar, e aqueles que eu mais amava foram quem mais me feriram e não se algum dia vou saber superar tudo isto, toda esta traição. 

Talvez e tenho até mesmo a certeza, que sempre esperei um futuro certo, perfeito e até uma vida relativamente secante, sempre pensei que fosse ser assim, alias ser como a minha mãe, ou até mesmo o mais parecida possível, apaixonei-me, fugi, ganhei uma família, que não é de todo minha mas faz parte de mim e isso é incrível. 

A meio do jantar o Hugo recebe um telefonema e levanta-se apressadamente, e sai para o lado de fora do restaurante, tem a testa franzida, como algo o preocupasse, as vezes penso que há coisas, coisas que não me conte por receio, por medo ou que ache que são demasiado para mim.

- O que se passa?- pergunto quando ele regressa a mesa com a mesma cara, trancada, testa franzida, sei que alguma coisa se passa, e tenho a certeza que é sobre os meus pais.

Todos na mesa ficam apreensivos e olhamos atentamente o Hugo, que se mantém calado e com a expressão que me deixa agoniada e cheia de ansiedade.

- a tua mãe...- ele começa, mas para fechando os olhos e suspirando com força, parecendo procurar ou pensar na maneira certa de me o dizer. - Ela está atrás de nós!

-Eu não percebo, juro que não!- sinto os meus olhos encherem-se de lágrimas.- Ela quer o que? Que tenha uma vida igual a dela? Ela não me deixa em paz!

- Vi!- a Bianca vem até mim abraçando-me.- Está tudo bem!

Todos nós sorrimos com o pequeno grande gesto dela, o Hugo agarra-me a mão por baixo da mesa.

- Vamos para casa descansar e amanhã pensamos nisto!- ele diz, deixando algum dinheiro sobre a mesa deste restaurante acolhedor, e recolhendo a filha do meu colo apenas com um braço após se levantar e alcançando a minha mão em seguida para sairmos juntos do restaurante.

(...)

- Já deitei a Bianca!- diz-me assim que passo a porta da casa de banho para o quarto em busca de um pijama e roupa interior.

- Ela deve estar tão cansada...- penso na minha bonequinha, temos andando de um lado para o outro e não me parece que vamos parar agora.

- A minha mãe já me ligou 200 vezes... -suspiro voltando a pousar o telemóvel. 

Ele levanta-se da cama e caminha até mim, beijando-me a testa e acariciando a minha bochecha.

- Ela tem nos a nós, a minha irmã ao Leonardo, ela não esta sozinha e sei que não é muito saudável, mas é o que temos! - ele diz baixo, e perto de mim, respiro fundo e encosto-me ao seu peito.

- Podes contar-me o que realmente se passa? O que é que se passou com o meu pai e tudo isto? -peço-lhe mais uma vez, eu estou preparada, e estou tão cansada de andar aqui sem entender nada e seguir apenas os meus instintos, porque sinto mesmo que estou na selva e sou um alvo a abater.


O meu Padrasto IIOnde histórias criam vida. Descubra agora