02

219 19 10
                                    

A tour pela escola tinha sido um desastre e eu meio que já esperava por isso. Cerol e PH passaram a visita às casas quase que inteiramente brigando e falando coisas que se resumiam ao bolsista de língua afiada. Tinha prometido à minha mãe que não ia falar mais nada e nem brigar, porque agora um cara — que acho que seja um coordenador — também estava nos acompanhando e isso meio que me assustou. Ele fazia anotações à medida que Cerol e Bruno me apresentavam tudo e por muitas vezes ele corrigiu os dois, mas era apenas isso.

Eu estava caminhando agora sozinho com meus pais rumo a secretaria que ficava no prédio principal do campus. Era uma construção bonita, na parte da frente parecia uma igreja e atrás dela dois prédios mais modernos formavam um contraste bonito. Podia ver acesso entre os três prédios e isso me deixou curioso para saber todos os detalhes da obra. Caminhamos rápido e de forma alegre, ou pelo menos meus pais estavam. Eu estava respirando fundo tentando acalmar meu coração e falhando na tentativa de não roer as unhas de nervosismo.

Ainda não sabia qual seria a minha casa e isso estava me deixando um pouco nervoso.

Eu não quero acabar em uma casa muito ruim, mas agora depois de praticamente cuspir na cara de dois membros importantes e das maiores casas, duvido que vá fazer parte delas.

Minha mãe e meu pai acabam um corredor antes de mim, só então eu passo por essa volta e chego onde eles pararam. Uma porta grande está fechada e em um balcão duas moças conversam sobre as férias que acabaram de pôr irem embora.

— Em que posso ser útil? — Diz uma das mulheres no balcão quando nos percebe, seu cabelo com mechas brancas se movimentando próximo aos fios ruivos da outra.

Minha mãe estende a mão e a moça aperta sorrindo, assim como meu pai que também sofri muito aberrante para ela.

— Meu filho é o novo aluno, o bolsista. — Diz minha mãe.

— Nossa mãe, você literalmente me rotulou. — Digo piscando e ela revira os olhos.

— Bruno Goes? — Pergunta ela me olhando.

— Esse é o nome que minha mãe me deu. — Coloco as mãos embaixo do queixo e dou um sorriso meigo.

Minha mãe revira os olhos.

— Graças a Deus! — A mulher grita do outro lado do balcão nos assustando. — Você é o último bolsista a chegar, estávamos achando que você tinha desistido.

— Não me matei para desistir. — Estufo o peito e a outra mulher crispa os lábios.

— Isso é fofo, mas você está atrasado e deve correr para sua casa. — Ela vem empurrando minha mãe, meu pai e eu.

— Ei! Não sei a minha casa ainda. — Abro meus braços impedindo que ela nos bote para fora da porta.

— Não sabe? — Ela pergunta assustada.

É nesse momento que a porta se abre e uma mulher de cabelos grandes saí da sala da diretora, andando em passos lentos até metade do cômodo que estamos, sorrindo e segurando uma pasta que ela encara por um momento.

— Não, não sabe. Glória. — Diz a mulher.

— Senhora diretora eu sinto muito, achei que todos já estavam cientes de suas casas.

— Bruno é uma exceção, como adiantei. — A diretora diz, as mulheres abaixam a cabeça e ela continua: — Meu nome é Artina, sou a diretora.

Meu pai é o primeiro a se pôr diante da mulher e apertar sua mão retribuindo o sorriso que ela dava. Em seguida a mulher deu dois beijos nas bochechas de minha mãe que parecia muito entusiasmada e falava sem parar o quanto sentia orgulho de estar ali e ter um filho menor dessa escola.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Jun 02, 2021 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Regulars  | Nobru & Cerol Where stories live. Discover now