PRÓLOGO

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O Sol havia se posto há muito tempo. Todas as freiras já estavam dormindo e a Lua estava alta no céu quando o sino da entrada do convento tocou. A madre superiora era a única mulher acordada, rezava o rosário com a intenção de acalmar os ânimos entre os reinos. Ao ouvir duas badaladas curtas ecoarem pelo seu quarto, pegou uma vela e foi atender quem quer que estivesse à porta.

A noite estava agradável. O clima ameno. Tudo muito tranquilo, destoando do cenário de guerra que a França vivia no momento. A madre, uma senhora já de idade, desceu as longas escadas em direção à porta e quando a abriu, não viu nada.

— Tem alguém aí?

Silêncio. A madre já dava as costas, achando que tinha imaginado as badaladas, quando escuta algo incomum. Um resmungo, parecido com um choro, fraco. Um ruído que só foi ouvido por ter sido emitido num horário tão silencioso quanto aquele. A madre se vira novamente e o resmungo se repete.

— Nossa Senhora! Um bebê!

Aos pés da senhora encontrava-se um balaio em pedaços, com um pequeno ser humano enrolado em trapos. A madre se agachou e pegou o bebê desajeitadamente, depois de apagar e largar a vela em algum lugar do chão. No pulso da criança, havia um cordão de barbante, que amarrava um pedaço de papel que continha o nome dela.

Sophia.

...

Não muito longe dali, o príncipe William, herdeiro da casa Lambert, estava acordado em seu quarto. Repassava mais uma vez os novos movimentos de luta que seu instrutor o havia ensinado mais cedo.

Antes de dormir, seu pai, o rei, havia o repreendido por ter perdido a luta contra ele. Uma luta totalmente injusta de um menino de doze anos contra um homem de quarenta e cinco anos. Mas ele já estava acostumado. Na verdade, aquilo era a sua realidade. Uma eterna busca pela perfeição.

William se esgueira pela porta do quarto e corre silencioso em direção à ala dos empregados. Consegue se esquivar de todos os guardas e entra nos aposentos de Daniel, filho do comandante do exército e conselheiro real, o seu futuro braço direito. Nas pontas do pé, aproxima-se da cama.

— Daniel, acorde, Daniel...

— Hum, Alteza...

O menino se senta em meio às cobertas, tinha a mesma idade do príncipe, só era alguns centímetros mais baixo.

— Rápido, pegue as espadas de madeira, quero treinar até o amanhecer. Vou vencer meu pai amanhã e provarei que posso ser o melhor governante que nosso povo já viu.

Daniel, ainda bêbado de sono, não exita ao obedecer às ordens de seu príncipe e cambaleia em direção ao seu armário, onde guardava as espadas de madeira.

— Vossa Alteza não precisa provar nada à Sua Majestade. És o melhor guerreiro que já pus os olhos. Meu pai também acha, eu o escutei segredando essa informação ao rei depois de seu treinamento.

Cada um já tinha uma espada em mãos e estavam em posição de combate.

— Não importa, Daniel, enquanto meu pai não disser que estou preparado, eu não estou preparado. Agora pare de conversa e avance!

Ma Petite FleurOnde histórias criam vida. Descubra agora